Perda de valor da Kraft-Heinz reflete problemas de gestão com entrada dos brasileiros da 3G Capital

Segundo artigo de Maria Cristina Fernandes, funcionários e ex-funcionários da Kraft-Heinz relatam problemas internos que mostram que a perda de 40% do valor de mercado da empresa não é apenas crise com consumidor

Jornal GGN – A jornalista Maria Cristina Fernandes publicou no Valor desta sexta (15) um artigo mostrando que a perda de 40% do valor de mercado da Kraft-Heinz, após aquisição pelos brasileiros da 3G Capital, não é limitada à crise com o consumidor. Há indícios de que a nova gestão é responsável, ao menos na visão de funcionários e ex-funcionários, pelo desastre que já gerou prejuízo e quase 3 bilhões de dólares.

A Kraft-Heinz é o nome da sociedade resultante da fusão da Kraft Foods com a Heinz. A fusão foi suportada pela 3G Capital e a Berkshire Hathaway.

Há evidências de que, há anos, funcionários da Kraft-Heinz sabem de problemas de gestão que ajudaram na derrocada da empresa.

“Um extrato restrito às avaliações escritas ao longo dos últimos 12 meses mostra que os funcionários há muito já sabiam aquilo que Warren Buffett, dono da Berkshire Hathaway, divulgou na carta a investidores no fim de fevereiro.”

No texto, Buffett reclama que “pago muito caro” pela associação com a 3G Capital para a aquisição da Kraft-Heinz, em 2015.

Em dois anos, Buffett perdeu quase 2,7 bilhões de dólares apenas com a desvalorização do investimento feito a 3G de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

Os analistas de mercado atribuíram a crise à “concorrência”, que teria avançado com seus produtos orgânicos e deixado os itens da Kraft-Heinz – os carro-chefe Philadelphia Cream Cheese, Sonho de Valsa e Macaroni&Cheese – para trás.

Mas as evidências deixadas por ex-funcionários no Glassdoor (site que registra avaliações sobre empresas) dão conta de que a crise “vai além do descompasso com o mercado consumidor”.

“As queixas vão da ausência de laptops adequados a uma cultura empresarial mais focada no “orçamento base-zero” do que na colaboração entre os funcionários para o desenvolvimento do negócio. A 3G fez fama pela tesoura. O orçamento de cada ano não leva em consideração os gastos do exercício anterior. Cada centavo deve ser justificado, preferencialmente, em patamares mais baixo do que aqueles previamente feitos – de despesas com papel às viagens.”

Mais: o agravamento dos problemas são atribuídos muitas vezes à chegada dos investidores brasileiros, classificados por analistas internos como “um time unicamente focado numa gestão barata”.

Há ainda a informação de que Bernardo Hess, gestor da Kraft-Heinz e ao mesmo tempo investidor da 3G, dá “prioridade à remuneração do capital em detrimento da empresa”.

A 3G é acusada também de replicar na Kraft-Heinz um modelo de gestão financeira inspirada na GE, mas que faliu.

Trocando em miúdos: ao atribuir a crise apenas ao mercado consumidor, a Kraft-Heinz não enxerga as mudanças que fez no ambiente de trabalho, tolhendo a atmosfera “propícia a inovações”.

Por essas e outras, a Kraft-Heinz teria perdido 40% do valor de mercado em 2 anos.

“Numa cultura empresarial como a do negócio do 3G que, na avaliação de seus funcionários, foca mais a meta individual do que a colaboração, uma guinada para absorver as novas tendências do mercado de consumo custará a motivar o esforço – e a imaginação – coletiva.”

Leia o artigo completo aqui.

Redação

9 Comentários

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  1. Nao consigo entender como um plano de gestao onde simplesmente se foca em minimizar as despezas de um ano a uma certa porcentagem pre-estabelicida todo ano eh possivel ao longo prazo.
    Sem uma mudanca de paradigma, como eh possivel cortar custos todo ano? Mesmo na base de um chicote maior todo ano, uma hora se bate num limite.

  2. “Trata-se de um gênio” “É a pessoa que mais entende dos negócios que eu conheci”. Essas seriam palavras ditas por Warren Buffet em relação ao tal de Lehmann, e muito divulgada pela grande imprensa!!! Progrediram no Brasil, aonde esse método de gestão é amplamente aplicado e dada as condições sociais e competitivas do tal ” nosso” mercado, é possível conviver com ele.

  3. se forem pesquisar o histórico enquanto empresários “administradores” dos banqueiros, basta recorrer a cenas de seus primórdios. Quando compraram à época, aquele que era pré-falimentar, Lojas Americanas, a estratégia em tempos “sarneyriais” de inflações estrondosas de 80% ao mês eles usaram muito mais do conhecimento bancário que empresarial, ligados a pouco compromisso social.
    Neste caso, funcionou assim: estabeleceram o grupo São Carlos de empreendimentos em shoppings mais populares e colocavam como âncora uma unidade das lojas Americanas. Esta teria uma estratégia comercial arrebatadora que puxaria movimento para o shopping, valorizando este e lucrando com o empreendimento.
    As americanas compravam os itens em grande escala, fazendo com que muitos vendessem com baixíssimas margens de lucro, já que as lojas seriam freguesas “eternas”. Como chamariz de vendas, em épocas onde nem se sonhavam com lojas de 1,99 os preços nas americanas eram muito mais baixo que os de concorrentes e muito comércio pequeno não aguentou pois elas vendiam por menos do que alguns compravam para poderem revender. Com esta estratégia arrasa quarteirão, tinham alta rotatividade (falavam que alguns itens tinham giro altíssimo e quando iam pagar uma fatura, já haviam reposto ao menos 20X aquele item). O grande ganho era entre compra, giro de estoques e o pagamento da fatura, pois com inflação boníssima para banqueiro, era lucratividade certa. Quando isto se esgotou, muita pequena indústria que ficou dependente das LAs derrocaram. Fato parecido com a da queda das lojas Tamakavi do Silvio Santos, anos antes. A partir dai o patrimônio dos sócios banqueiros não parou de crescer até agora quando de forma macro, o ganho com a especulação em cima do economia produtiva parece ter esgotado.

  4. Esses nojentos deveriam ser punidos pelos consumidores. Eu não compro nenhum produto dessa gente asquerosa, cervejas aguadas da Ambev, chocolates da Kraft,, Lojas Americanas nem de graça. O consumidor deveria punir os argentarios, são inimigos da humanidade.

    1. Sr.André, eu bebo a Skol porque é uma água com leve gosto de cerveja. Moro junto à praia e aconselho esta bebida. Mas que é aguada é.

  5. a nada empirista e m p i r i c u s, cresceu através de fazer terrorismo usando de suas suposições. Nos governos do PT principalmente, cansaram de fazer campanhas como “o que você vai perder se Lula for eleito”. Com base nisto ficaram ainda mais ricos, um dos donos foi morar em Cascais-Portugal e criou a filial de lá, compraram o site que foi o maior aliado da lava jato, o Antagonista. A estratégia deles é a de investir muito em redes sociais (youtube em maior escala) para chatear até a pessoa ir visitar o site e lá eles vendem cartilhas, apostilas e cursos para iludir principalmente os jovens iludidos a serem investidores (não é sem motivo que são jovens que fazem suas propagandas). Pois a propaganda atual que mais incomoda é a da jovem milionária aos 22 anos. Pois a turma já descobriu que a moça tem dinheiro vindo do berço e viraram chacota do momento

    https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/menina-propaganda-da-consultoria-empiricus-dona-do-site-extremista-antagonista-bomba-no-twitter-com-criticas/

  6. Trabalhei na AmBev antes e depois da compra. Sinto por Lemann, Marcel e Sucupira. Jamais no Brasil existiram pessoas tão aguçadas ao tino comercial e empresarial. Tudo que colocavam a mão rendia milhões. Gente finíssima, simples, nem pareciam que eram os donos. Talvez, foi a primeira rasteira que tomaram na vida, Creio, porquê americano não suporta Brasileiro de mandante. Força a esses respeitáveis e valorosissimos profissionais que muito lucro deram ao mercado.

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