Youssef é o cara e crime de responsabilidade não vale para o MP, por Janio de Freitas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Youssef é o cara. É o grande especialista em lidar com dinheiro alto, inclusive do alheio, por canais secretos. Daí que não se estranha seu silêncio sobre sua riqueza. Quem discorre sobre este fenômeno é Janio de Freitas, em sua coluna de hoje na Folha.

Para Janio, Youssef teria muito o que contar, inclusive para uma força-tarefa do Brasil com outros países mais sérios sobre esta especialidade de Ali Baba das finanças. Mas não. Ele foi liberado, volta à vida e ao gozo dela, como homem rico que é e fica.

Sua contribuição para devastar a Petrobras do pré-sal, o PT e Lula foi substanciosa, sem dúvida. À altura de um pacto. Todos os contribuintes para essa missão vão recebendo o seu prêmio de liberdade e reencontro da vida afortunada. Nenhum é de classe social/econômica desprivilegiada. O que torna ridícula a ideia propagada de que a operação que os incomodou traz ao Brasil a inovação de uma Justiça sem olhares diferenciados para as classes.

Ao contrário, são processos em que um artifício privilegia com a liberdade fácil os implicados da classe social/econômica imune ao que chama, para os de outras classes, de “rigores da lei”. O crime não compensa para uns, mas continua compensando para outros.

Ele sai faceiro, já que contribuiu, e muito, para devastar a Petrobras do pré-sal, PT e Lula. Ganha o prêmio do pacto que fez, assim como ganham aqueles que contribuíram para esta missão, e nenhum deles é da classe social que mais perde com tudo isso. A operação Lava Jato inovou, criando um muro que mostra a Justiça mais afeita aos bem-nascidos, que se livram dos “rigores da lei”, fechando os olhos para as outras classes menos favorecidas.

O mesmo não aconteceu com Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro, pois que resistiram mais à coerção aplicada, nada moralmente defensável, para entregarem o grande alvo, aquele que dá chances do grande prêmio. Janio aponta que o conceito de privilégio está arraigado também na concepção de moralidade judicial que conduz a “nova fase” do Brasil.

Um Judiciário que corre para a Câmara, travestidos de salvadores via Lava Jato, para pressionar Onyx Lorenzoni a retirar a possibilidade de crime de responsabilidade de seu relatório. Eles chamam o abuso de “excesso de boa-fé” e não aceitam nem as restrições que também seriam aplicadas para ministros do Supremo Tribunal Federal e o procurador-geral da República.

Leia o artigo a seguir.

na Folha

Contribuição de Youssef para devastar PT foi substanciosa, à altura de pacto

por Janio de Freitas

É um homem rico. Especialista em lidar com dinheiro alto, próprio e alheio, na obscuridade de canais secretos, é natural o seu silêncio sobre a dimensão da sua riqueza.

Os indícios são suficientes. E a verdade é que ninguém cuidou de identificá-la, em um pacto de interesses entre quem deveria fazê-lo e aquela espécie de Ali Babá que tem atuado, ao longo da vida, com muitas vezes mais do que os 40 da lenda de seus antepassados.

Esse homem rico teria muito o que contar, até para que o Brasil colaborasse com esforços de países mais sérios sobre a especialidade do nosso herói. Mais não disse nem lhe foi perguntado, no entanto, além da missão de um só alvo que seus inquiridores se deram. Ou receberam, de dentro ou de fora.

Por isso, dada por satisfeita a lenta curiosidade que se espichou por dois anos e oito meses, o homem rico volta hoje ao gozo da vida, que para isso lhe tem servido a riqueza.

Alberto Youssef, a rigor, não poderia voltar agora aos seus ambientes. Na grande bandalheira feita por meio do Banestado, do Paraná, cuja apuração e punição nunca chegou ao verdadeiro fim, Youssef recebeu o prêmio de uma delação privilegiada que, porém, significava o compromisso de não voltar ao crime. Ou perderia aquele e qualquer outro benefício futuro.

Delinquente desde a adolescência, Alberto Youssef logo voltaria ao tráfico, pelo menos de dinheiro. Preso outra vez, não poderia ver repetido o privilégio que já traíra. Mas recebeu-o do mesmo Sergio Moro.

Sua contribuição para devastar a Petrobras do pré-sal, o PT e Lula foi substanciosa, sem dúvida. À altura de um pacto. Todos os contribuintes para essa missão vão recebendo o seu prêmio de liberdade e reencontro da vida afortunada. Nenhum é de classe social/econômica desprivilegiada. O que torna ridícula a ideia propagada de que a operação que os incomodou traz ao Brasil a inovação de uma Justiça sem olhares diferenciados para as classes.

Ao contrário, são processos em que um artifício privilegia com a liberdade fácil os implicados da classe social/econômica imune ao que chama, para os de outras classes, de “rigores da lei”. O crime não compensa para uns, mas continua compensando para outros.

Com Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro (OAS) o que se passa é a resposta à maior resistência de ambos às formas de coerção –nenhuma moralmente legítima– para entregarem o que faz jus ao prêmio. O mesmo que se passa com outros alheios a delações. O conceito de privilégio está arraigado também na concepção de moralidade judicial que conduz a “nova fase” do Brasil.

Procuradores dessa “operação” correram agora à Câmara, para pressionar o deputado gaúcho Onyx Lorenzoni a retirar, em um relatório seu, a extensão a juízes e procuradores da possibilidade de processo por crime de responsabilidade.

Contra a sua impunidade por abusos (“excessos de boa-fé”, dizem) não aceitam nem as restrições que valem para os ministros do Supremo Tribunal Federal e o procurador-geral da República.

Seria muito esperar que Lorenzoni se fizesse notado, não mais pela deseducação de chupar chimarrão em plenário, mas por não ceder à pressão para mais privilégios. E manter no projeto um equilíbrio de justiça. Como deputado do DEM, ele sabe quem faz as coisas compensarem ou não.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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  1. Zé Simão :
     
    Como o tempo

    Zé Simão :

     

    Como o tempo passa rápido! Nem tinha notado que já se passaram 121 anos!

    Rarará!

    A única pessoa que 2016 passou rápido é delator! A República de Curitiba tá parecendo a Igreja Católica: peca, confessa e é perdoada. E aí peca de novo!

    Rarará!

  2. Os

    Youssef é apenas um doleiro. Existem milhares de doleiros, mais ricos ou menos ricos. Sabem porque existem milhares de doleiros? Por que todo mundo compra e vende dólares no Brasil. Os valores de automóveis, imóveis e muito mais, eram anunciados nos jornais em dólares a pouco tempo atrás. A cotação do dólar no paralelo sempre foi divulgado todos os dias em todos os grandes veículos. As transações em moedas estrangeira continuam, não param… a única curiosidade é para quem youssef transferiu sua grande clientela, se bem que acredito que continuou operando de dentro da pf de curitiba, o que é normalíssimo no Brasil.

  3. Reformas

    A primeira reforma a ser feita, no rumo da reconstrução do País, é a extinção do poder judiciário.  Muitas nações democráticas já fizeram isso, transformando a Justiça em um serviço público, como a saúde, educação e segurança, porque sabem que todo poder emana do povo. Nosso judiciário emana de concursos que podem ser fraudados, e geram poderosos vitalícios, enquanto os outros poderes dependem da aprovação popular periodicamente.

  4. Escárnio e mais escárnio

    Enquanto os  criminosos do BANESTADO, continuam livres. um juiz de segunda instãncia, mantém preso um réu afirmando que ele vai continuar delinquindo, sem que tenha antes provado que delinquiu. Há um problema de lógica e causalidade, mas com certeza pode-se compreender a intencionalidade.  Youssef e todos que se submeteram a Moro, e ao MP ganharam prêmios porque geraram poder. Embora não seja presidente, o juiz tem o poder de anistiar; Um poder inimaginável, acima da lei e da constituição. E agora para finalizar Lorenzon, quer tornar o inconstitucional, constitucional. Falando secretamente para o publico, Lorenzon, jogou a mídia e  parte do publico contra seus pares. Num momento como este Lorenzon  pensou apenas em uma manobra  propagandistica,  querendo garantir votos em futuras eleições. Ele  sequer esta ciente dos poderes que pretende dar a casta juridica, da qual se tornará refem.  Acima do STF, acima de tudo,promotores e juiz ou juizes pretendem dar as cartas. As toneladas e tonelads de informação, angariadas em operações e mais operações, em grampos e mais grampos, são de fato instrumento de poder e não de justiça, e querem continuar grampeando, querem até prender a policia legislativa. Eles querem o controle total. Como um juiz justifica direitos acima da lei?  Este é o ato institucional número 5., quando legalmente nos tiram todos os  direitos.  Um juiz poderá nos prender ad eternum mesmo sendo réu primário, com trabalho e casa. Poderá mesmo antes de transitado em julgado, expropriar suas propriedades, tirar sua mãe da propria casa, perseguir seu irmão e tirar toda e qualquer possibilidade de trabalho e de sobrevivência, principalmente se voce não se submeter. Pau de arara nunca mais, apenas prisão perpetua.  E no momento cuidado pois estão indignados com a possibilidade de serem investigados responsabilizados e verem expostos em mídia seus salários. Como no Paraná, quem ousar fazer isto vai ser processado em cada comarca em cada fórum em cada instância, até que não sobre nem tempo,nem dinheiro, nem vida.

  5. Jânio de Freitas fez em

    Jânio de Freitas fez em poucas linhas uma grande coluna! Descreveu precisamente o que é a Lava Jato e o sistema que a cerca. Nada, absolutamente nada mudou no sistema judiciario. Ficou apenas pior, perdemos garantias e ganhamos juizes, delegados e promotores espalhanfatosos. Sequiosos de reconhecimento e poder e por isso não querem para eles o que vale para todo cidadão que comete crime: responsabilidade. Preferem as “sanções internas, quando muito, uma gorda aposentadoria.

    Eh muito facil na atual jurisdição para Sergio Moro humilhar a mulher e a cunhada de Vaccari e calar-se frente à Claudia Cruz. Eh muito facil perseguir um ridiculo “triplex” que não pertence a Lula e fechar os olhos sobre as denuncias de crimes ambiental e evasão de divisas de uma casa da familia Marinho em Paraty; é muito facil condenar José Dirceu por deduções para la de tendenciosas e deixar correr o resto do PMDB e PSDB bem tranquilo.

    Sinceramente, para quem tem olhos, Sérgio Moro e sua Lava Jato estão nus ha muito tempo e sem nenhuma vergonha do tamanho da barbaridade que vêm comentendo.

  6. Youssef tá livre, leve e solto, curtindo seu dinheiro branqueado

    Youssef tá livre, leve e solto, curtindo seu dinheiro sujo, lavado a jato. Apesar disso, ainda dizem que o crime não compensa.

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