O fim antecipado do breve Reich bananeiro

Nos últimos dias ficou a crise política e econômica se aprofundou bastante em razão de Jair Bolsonaro ser incapaz de construir uma maioria parlamentar consistente. O conflito entre ele e o presidente da Câmara dos Deputados vai travar reformas impopulares das quais o próprio Bolsonaro gostaria de se distanciar. Os deputados do PSL já cogitam abandonar o barco do governo. E para piorar as exportações do Brasil continuam despencando por causa da diplomacia errática e ideológica que o novo governo adotou.

Encurralado, Bolsonaro fez a única coisa que sabe fazer: jogar uma cortina de fumaça para desviar a atenção. Ao contrário de ir debater com os parlamentares, o capitão fanfarrão incentivou os militares a comemorar o golpe de 1964. O mito age como se pudesse conquistar os corações e mentes dos soldados. O problema é todos sabem que ele mesmo foi considerado “um caso completamente fora do normal; inclusive, um mau militar” pelo general Ernesto Geisel.

Quando era jovem, o mito não conseguiu se ajustar ao papel de militar. Em apenas três meses ficou claro que ele não é e nunca será capaz de desempenhar satisfatoriamente o papel de presidente do Brasil. Inapto para exercer o cargo que conquistou através das eleições, Bolsonaro joga o Brasil contra a Venezuela, a direita contra a esquerda, os filhos contra os ministros suspeitos traição e os militares contra a sociedade. Ele espalha o ódio de todos contra todos para ver se consegue emergir como um salvador da pátria que afundou no exato momento em que decidiu submeter o Brasil aos EUA.

As condições de possibilidade para o presidente Jair Bolsonaro se autoproclamar ditador em 2019 são infinitamente menores do que aquelas que existiam antes do Marechal Castelo Branco derrubar João Goulart em 1964. Além disso, uma rocha imensa está se levantando entre o ambicioso capitão e o poder absoluto que ele deseja exercer. Se continuar trocando a política pelo Twitter, prejudicando o Brasil a apostando no tudo ou nada, Bolsonaro pode acabar sendo deposto pela articulação político-industrial-jornalístico-militar que já começou a se formar em torno do General Mourão.

Os partidos de esquerda, intensamente odiados por Bolsonaro, ainda não se posicionaram. Mas se eles tiverem que escolher o mais provável é que eles digam “Tchau, tchau, querido!”. Com o mito removido da presidência, uma reorganização das forças políticas poderá abrir caminho para um novo pacto nacional que contemple tanto o desenvolvimento econômico quanto o respeito aos direitos humanos.

Quando Dilma Rousseff ganhou a segunda eleição presidencial o destino dela era incerto. Consumado o golpe de estado jurídico-parlamentar, até mesmo os líderes tucanos que defenderam o Impeachment começaram a se arrepender https://jornalggn.com.br/eleicoes/tasso-psdb-errou-ao-questionar-eleicao-apoiar-impeachment-e-ficar-com-temer/. Com ou sem comemoração do golpe de 1964 pelos militares, o fardo de Jair Bolsonaro já está definido. Só resta a ele tentar permanecer no cargo o máximo de tempo contra todas as expectativas que já estão sendo formadas de que o general Hamilton Mourão chegará inevitavelmente a presidência.

Se não renunciar, o novo presidente brasileiro será deposto. A única questão em aberto é quando isso ocorrerá e de que maneira Jair Bolsonaro sairá do nosso Palácio do Planalto para voltar a cuidar do bananal dele.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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