‘O poderoso chefão’ brasileiro


Daniel de Oliveira e Hermila Guedes estão no elenco do filme
Foto: Divulgação


‘O poderoso chefão’ brasileiro é febre no mercado de DVDs piratas’


Thriller noir paulistano ‘Boca’ é vendido em camelôs, mas só entra em cartaz em setembro

RIO – Anunciado pelos camelôs da Zona Norte e da Baixada Fluminense como “‘O poderoso chefão’ brasileiro”, o thriller noir paulistano “Boca”, de Flavio Frederico, virou a febre nacional do momento no mercado de DVDs piratas. Estrelado por Daniel de Oliveira, o filme é pedida certa entre os ambulantes do Rio, que anteciparam sua circulação, uma vez que ele ainda não teve espaço em circuito comercial. Exibido no domingo na mostra competitiva de longas-metragens do 16º Cine PE, iniciado na quinta-feira passada, em Olinda, a produção só entra em cartaz em setembro.

Em fevereiro, ele foi lançado na Europa, no mercado de DVDs. A cópia ilegal, com legendas em inglês, partiu de uma versão britânica. Ela é vendida entre os camelôs cariocas por R$ 8, numa capa que reproduz a imagem de um cartaz disponível na web.

— Eu vendo uns dez DVDs desse “Boca” por dia. Qualquer filme brasileiro que dê tiro vende bem. Todo mundo compra filme nacional aqui se tiver ator de novela de revólver na capa. Ainda mais se for o Cazuza — diz Carlos Haroldo, camelô que faz ponto em Madureira, referindo-se ao primeiro papel de destaque de Daniel na telona.

Realizador do documentário “Caparaó” (2007), Flavio Frederico ainda não sabe como a popularidade de “Boca” entre os piratas pode afetar o filme, que não tem a estrutura de um “Tropa de elite” (2007), o maior fenômeno de pirataria no Brasil.

— Nunca poderei dizer que a pirataria é boa: vivo de meus filmes. Mas, como o “Boca” não foi pensado para o grande público, talvez meu prejuízo não seja tão grande, visto que esse público dificilmente iria ao cinema para vê-lo — especula o cineasta, que originalmente batizou o longa de “Boca do Lixo”.

Pronto há dois anos, o longa disputou o troféu Redentor no Festival do Rio 2010, onde ganhou os prêmios de fotografia e montagem. Seu título refere-se à região paulistana onde, ao longo dos anos 1970, funcionou um dos maiores núcleos de produção cinematográfica do país. Duas décadas antes, porém, a Boca foi palco de conflitos entre criminosos que desafiaram a hegemonia do líder do submundo local, Hiroito de Moraes Joanides, sobre a prostituição e o tráfico de drogas. No filme, Daniel de Oliveira vive Hiroito.

— “Boca” já foi vendido para 15 países. O filme de gângster e as biografias, chamadas lá fora de biopic, têm um expressivo mercado. Mas aqui o filme brasileiro que segue um gênero determinado ainda não tem seu espaço. Disputamos com filmes totalmente diversos — diz Frederico. — Nosso diferencial em “Boca” é que se trata de um gângster brasileiro, que não veio da favela.

Luis Nassif

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