Elias Jabbour
Elias Jabbour é professor Associado dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas (PPGCE) e em Relações Internacionais (PPGRI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Autor, com Alberto Gabriele, de "China: o socialismo do século XXI" (Boitempo, 2021). Vencedor do Special Book Award of China 2022.
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Covid-zero na China e a “pós-verdade”, por Elias Jabbour

Nenhum país no mundo é vítima de tantas mentiras criadas por seitas de extrema-direita sediados no coração do imperialismo como a China.

Agência Xinhua

Covid-zero na China e a “pós-verdade”

por Elias Jabbour

Artigo produzido em colaboração com a Rádio Internacional da China.

O ressurgimento com força do fascismo no ocidente, principalmente nos EUA, fez emergir uma série de fenômenos do chamado campo da subjetividade com finalidades políticas específicas. A difusão de fake news é uma delas. Uma mentira não é somente contada mil vezes, mas milhares de vezes e espalhadas por redes sociais controladas pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos com a clara intenção de desestabilizar governos e sociedades. As fake news são parte de um fenômeno que os filósofos chamam de “pós-verdade”. A pós-verdade é Informação que distorce deliberadamente a verdade, ou algo real, caracterizada pelo forte apelo à emoção, e que, sob forte base opiniões historicamente distorcidas, em detrimento de fatos apurados, tende a ser aceita como verdadeira, influenciando a opinião pública e comportamentos sociais. A China no ocidente é o alvo preferido dos dois fenômenos, as fake news e a “pós-verdade”.

Nenhum país no mundo é vítima de tantas mentiras criadas por seitas de extrema-direita sediados no coração do imperialismo como a China. A política de Covid zero implementada pelo governo chinês como forma de redução máxima de danos da pandemia é um exemplo claro de pós-verdade. Vamos imaginar uma hipótese: um país não soube lidar com a pandemia e perdeu mais de um milhão de vidas. Outro país colocou a vida humana na frente dos lucros empresariais e até agora não chegou a 5.500 mortes por conta desta pandemia. Continuando, abrimos os jornais ocidentais e vemos uma notícia muito comum: “o fracasso da política de Covid zero na China”. Agora respondemos: Partindo deste tipo de matéria jornalística qual seria o país que não soube lidar com a pandemia e teve um milhão de mortos e o que fez o que deveria ter sido feito e calculou poucas mortes? Evidente que no ocidente, e seu império de mentiras, as pessoas imaginam que na China milhões de pessoas “vítimas de uma ditadura” morreram por Covid-19 enquanto que nos Estados Unidos preservou-se a “liberdade individual” e assim tudo foi feito de forma correta.

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Isso é um exemplo de pós-verdade. A verdade é que enquanto o ocidente naturaliza a morte e fomenta a guerra, o socialismo salvou vidas e mesmo após certo controle da pandemia continua com uma política implacável de tolerância zero não com o vírus em si, mas contra a morte de pessoas. A maior diferença entre socialismo e capitalismo em nossa época é que enquanto o capitalismo não demonstra o menor respeito pela vida humana e expõe pobres e minorias à morte por um vírus controlável, o socialismo em nenhum momento vacilou em quem vinha primeiro, a vida ou os lucros. Trata-se e uma decisão soberana chinesa de manter essa política em detrimento de seus efeitos para a economia internacional. A culpa dos EUA terem se transformado em uma economia baseada na especulação financeira não é da China. Cada país que busque soluções alternativas para seus problemas enquanto devem tentar aprender com outros países sobre as políticas certas. A “pós-verdade” impede que a humanidade tenha acesso ao que a China fez de forma exemplar durante a pandemia. O momento deveria ser de aprendizado com a China que se tivesse a mesma postura dos EUA estaria com cerca de sete milhões de mortes!

O que o mundo deveria saber é que a China, ao contrário dos Estados Unidos que negou o direito humano básico de assistência médica decente capaz de salvar vidas de pobres, negros e latinos e onde o tratamento para Covid-19 custava até US$ 25 mil, a China construiu um sistema único capaz de identificar fontes de infecções e 13,1 mil instituições médicas com capacidade de teste com 51,65 milhões diários. Algo inigualável no mundo.

O ocidente, tendo à frente os Estados Unidos, não somente se transformou em um ninho de seitas de extrema-direita, negacionistas da ciência, onde fanáticos religiosos minam esforços de profissionais médicos e que está a entregar bilhões de dólares em armas para uma “guerra infinita” da Ucrânia contra a Rússia e lança milhares de mentira diárias contra a China. O momento é de cooperação mútua entre todos os povos e nações na busca por soluções a problemas comuns a toda humanidade. O socialismo mostra sua superioridade. O ocidente reinventa a lógica nazista de transformar uma mentira contada mil vezes em verdade.

Elias Jabbour, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCE-UERJ).

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Elias Jabbour é professor Associado dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas (PPGCE) e em Relações Internacionais (PPGRI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Autor, com Alberto Gabriele, de "China: o socialismo do século XXI" (Boitempo, 2021). Vencedor do Special Book Award of China 2022.

1 Comentário

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  1. Muito bom o texto, pois diariamente o que se vê são análises e críticas que focalizam os efeitos econômicos do lockdown na China e sempre mencionam que pode ser uma tentativa de desestabilizar a economia mundial. Algumas almas tresloucadas já criaram a teoria de que o surto de Covid foi criado para amplificar os efeitos da Invasão da Ucrânia, numa dobradinha Moscou Pequim. Em todas estas análises os casos e as vidas não entram na discussão. No máximo números da economia. Nenhuma palavra sobre o recrudescimento dos casos nos Estados Unidos . Em resumo é como o preço do petróleo, tudo tem que se referir ao mercado internacional independente do impacto na vida das pessoas.

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