Da Rede Contra a Violência
No dia 05/12/2008 Matheus Rodrigues Carvalho, 8 anos, estava saindo de casa, na Baixa do Sapateiro, Maré, para comprar pão quando foi atingido por um tiro na cabeça, morrendo na hora. Sua mãe, Gracilene, ainda conseguiu ver um policial afastando-se da rua. A polícia logo apresentou a versão de que no momento havia uma troca de tiros entre traficantes, mas moradores relataram que não havia tiroteio na hora. Moradores protestaram fechando avenidas e exigindo a presença da perícia, que só constatou a existência do projétil que matara Matheus, jogando por terra a versão da polícia. A foto da pequena mão ensangüentada de Matheus ainda segurando a moeda com que ia comprar pão foi publicada em vários jornais e tornou-se símbolo da matança realizada pelo Estado nas favelas do Rio e do Brasil. No mesmo dia e quase na mesma hora, o presidente Lula lançava no Complexo do Alemão o programa Territórios da Paz. A primeira UPP havia sido instalada há poucos dias na favela Santa Marta.
Cinco anos depois, mesmo com UPP (ou por causa delas, como se vê pelo caso de Amarildo) mortes e desaparecimentos de moradores de favelas continuam acontecendo devido à ação da polícia. A Maré, em particular, vive já há alguns meses uma situação de grande violência, na expectativa de instalação de UPPs na área no primeiro semestre do ano que vem. Embora a polícia e a imprensa destaquem principalmente os tiroteios devido às disputas entre facções do tráfico, grande parte dos problemas acontece devido às “operações” policiais sem critério realizadas em horários em que crianças e moradores estão circulando pelas ruas. Inúmeros abusos têm sido cometidos, inclusive bebês em creches tendo suas fraldas revistadas por policiais. E, no dia 24/06, houve a terrível chacina de vingança cometida por policiais, principalmente do Bope, na qual ao menos 10 pessoas foram executadas, durante o auge das manifestações populares daquele mês, outro fato que gerou protestos na comunidade e em toda a cidade.
A conduta da polícia nas favelas do Rio de Janeiro e do Brasil, desgraçadamente, criam uma situação em que muitos Matheus ainda podem cair. Muitas já foram as crianças mortas em favelas desde então em circunstâncias parecidas, e muitas mais estão traumatizadas e com seu futuro comprometido por toda esta violência onde o Estado, que deveria garantir os direitos da população, tem um papel central e terrível.
Um dos fatores que permite que essa calamidade perdure é a quase total impunidade dos policiais e outros agentes do Estado que cometem crimes graves como foi o assassinato de Matheus. O inquérito criminal sobre a morte arrasta-se há anos sem conclusão, e o próprio policial que desferiu o tiro acabou morrendo em serviço antes que pudesse responder pelos seus crimes judicialmente. Os demais policiais envolvidos na operação de cinco anos atrás seguem em atividade. Também a justa reparação da família do menino, em primeiro lugar de sua mãe, Gracilene, até hoje não aconteceu, e o Estado precisa ser levado a juízo, em processos que demoram anos, para que reconheça sua responsabilidade.
É por isso tudo que estaremos no próximo sábado, 07/12, lembrando os 5 anos da morte de Matheus, da luta e do protesto dos moradores da Maré por justiça e contra a violência do Estado, e da luta popular para a transformação dessa realidade trágica.
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