Em SP, Passe Livre organiza dois atos simultâneos hoje

Da Agência Brasil

O Movimento Passe Livre (MPL) fará hoje (14), no fim da tarde, na capital paulista, duas manifestações simultâneas contra o aumento das tarifas do transporte coletivo público. Os atos terão início às 17h, concomitantemente, em frente ao Theatro Municipal, no centro da cidade, e no Largo da Batata, ao lado do metrô Faria Lima, na região oeste.

Em apoio ao MPL, às 15h, os estudantes secundaristas, que fizeram a ocupação das escolas estaduais no fim do ano passado, farão uma passeata em defesa da liberdade de manifestação e contra a repressão policial. A caminhada sairá da Praça da Sé, passará pela Secretaria de Segurança Pública e terminará no Theatro Municipal, local da concentração de um dos dois atos do MPL.

No fim da manhã, o Ministério Público do Estado de São Paulo, a pedido da prefeitura, fará uma reunião com representantes dos movimentos sociais, autoridades do município e do estado para discutir o exercício do direito de livre manifestação e do direito à livre circulação nas vias públicas.

Ontem, o secretário de Segurança Pública do estado, Alexandre de Moraes, voltou a dizer que caso os manifestantes não informem antecipadamente o percurso que as passeatas vão seguir, a própria polícia determinará as ruas em que elas deverão passar. A posição da secretaria, no entanto, é vista como ilegal pela Coordenação da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP).

“A Constituição Federal permite a livre manifestação, permite a reunião e exige apenas uma prévia notificação, um aviso. Não existe nenhuma lei abaixo da Constituição, como afirma o secretário de Segurança, a determinar que você tenha de informar à polícia o local [em que a passeata irá passar], e a polícia autorizar. Isso é contra a lei”, disse o coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Paulo, Martim de Almeida Sampaio.

“Se houver uma regulamentação desse artigo da Constituição, muito bem. Mas, até agora, não há, e os manifestantes têm o direito assegurado de se manifestar livremente”, acrescentou.

No protesto de terça-feira (12) do Movimento Passe Livre, após parte dos manifestantes tentar driblar o forte policiamento para seguir em direção ao Largo da Batata, em direção contrária à definida pela PM, policiais começaram a disparar bombas de estilhaços e de gás lacrimogêneo e a bater com cassetetes nos manifestantes. Passaram a disparar também contra a multidão que permanecia na Praça do Ciclista, confinada por cordões policiais. Os ativistas ficaram encurralados, tendo de um lado policiais da tropa de choque disparando bombas e, de outro, um cordão que impedia a saída dos manifestantes da praça.

“O que houve foi uma operação militar, de cerco e aniquilamento dos manifestantes. Cercaram e jogaram, durante seis minutos, 47 bombas. Uma bomba a cada 7 segundos. Qualquer polícia em um estado democrático tem é de assegurar àqueles manifestantes o direito de ir e vir, liberdade de reunião. Eles têm o direito de se manifestar”, disse Sampaio.

De acordo com o MPL, pelo menos 20 manifestantes foram feridos por estilhaços de bombas e balas de borracha atirados pela polícia e precisaram ser encaminhados a hospitais da região. Um deles é o estudante de arquitetura Gustavo Camargo, que teve fratura exposta no polegar direito. Segundo a mãe do jovem, Ana Amélia Camargo, o rapaz, de 19 anos, foi atingido por uma bomba lançada pela polícia e passou ontem por uma operação. “A cirurgia foi para limpar. A preocupação inicial era de não infeccionar. Amanhã é que eles vão ver como reconstituir o dedo”, contou Ana Amélia.

O secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, negou que tenha havido abuso na ação da polícia. Em entrevista coletiva na noite de terça-feira, diante do relato dos repórteres de que jornalistas foram agredidos por policiais, mesmo estando identificados, e de que manifestantes já dominados foram espancados pelo policiamento, Moraes disse que todos os abusos serão apurados. “Podem ficar tranquilos, temos toda a ação filmada”.

Segundo o coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Ariel de Castro Alves, uma tragédia poderá ocorrer nos protestos de rua de São Paulo em decorrência da escalada de violência e da falta de diálogo da gestão estadual e municipal com os manifestantes, que reivindicam a revogação do aumento da tarifa do transporte coletivo público.

“O temor é de que a situação de violência acabe tendo uma escalada, e logo podemos ter óbitos nessas manifestações, que inclusive envolvem muitos adolescentes. Nós podemos ter uma tragédia, diante desse clima de animosidade entre a polícia, os manifestantes e a falta de diálogo por parte do governo do estado e por parte do governo municipal”, afirmou.

Redação

Redação

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  • Tá bom, na maior cidade da
    Tá bom, na maior cidade da América do Sul, eu posso fazer uma manifestação onde, quando e do jeito que quiser, só basta comunicar às autoridades. A população que se dane! Uma sugestão à PM: ignore o evento, não compareça, não lhe dê cartaz! Deixe essa malta agir como quiser!

  • No Facebook, parece que o MPL

    No Facebook, parece que o MPL está responsabilizando o Haddad, chamando até de fascista (veja só).

     

    Burros eles não são. Sabem muito bem quem comanda a PM. Então só posso concluir que minha desconfiança sobre a orientação política e os objetivos do MPL se confirmou.

    • boa, jorge....
      acho que essa

      boa, jorge....

      acho que essa sua informação é muito importante porque comprova

      que o mpl foi cooptado pela direita, pelos tucanos, etc e tal...

      mas são intreresses até agora, pelo menos para mim, muito obscuros...

  • Bando de aloprados. Se não

    Bando de aloprados. Se não tiver aumento de passagem, quem vai financiar o custo do sistema de transporte? do céu não cai um centavo. 

    Agora, sobre o problema da falta dágua em sp, sem uma manifestação. Por que?

    Já prestaram atenção que esse mpl só se manifesta contra a prefeitura e não contra o estado? e se intensificou quando o prefeito é do pt. quando era o kassab não tinha esse alvoroço.

  • o  alquimista conseguiu o que

    o  alquimista conseguiu o que queria.

    , com a repressão, desfocou a questão do preço da

    passagem para o do drieito de manifefação.

    qual é o idiota que é contra isto?

    gente qiue nap  tem nada a ver com o mpl irá se manifestar.

    a manifestação pode aumentsar, como em 2013...

    o governo federal terá de entrar e aí começará novamente

    a nova desconstrição do governo dilkma...

    um jenio o alquimista....

    • É bem isso...

      estão usando o mesmo script de 2013.

      Me lembra aquela frase que diz: a história só se repete como farsa ou como tragédia (ou algo parecido com isso)

    • Bingo
      A questão nunca foi a tarifa. Os caras querem mídia e alguma coisa a mais que ainda não está muito clara para mim.
      Prometeram 2 manifestações simultâneas às 17h em SP e já descumpriram. Segundo o Twitter do próprio MPL eles fecharam hoje cedo, às 7h da manhã, a av. Cruzeiro do Sul, na Zona Norte. "Fechando ruas para abrir caminhos" é o lema que eles anunciam.

  • O que não falta em muitos

    O que não falta em muitos "movimentos sociais " de São Paulo, é sela para direita montar. Cadê o fechamento das escolas e superlotação das outras?

     

  • Vocês vão ver onde caminharão

    Vocês vão ver onde caminharão alguns desses "radicals" de "esquerda". Esperem um pouco.

    Já vi esse perfil de radical, tantas vzs no Brasil, que já é repetitivo.

  • Falta de diáolgo?

    É serio MPL? Parece que pra algumas pessoas diálog é ter tudo do jeito que eu quero (e sonho como ideal) e não ceder um milímitro dos meus desejos/interesses...

    Quais cidades têm passe livre pra estudantes, desempregado, idoso e gestante? Essa conquista 'brotou' do nada? Não teve diálogo?

    Bilhete único mensal, semanal e diário SEM reajuste

    Falta de diálogo é o que faz o MPL: ou tudo do meu jeito ou nada! Ou o melhor trasporte do mundo e 100% gratuito (nao importa quem e como bancará os custos) ou vou chamar os bléqui-blóquis

    Todo mundo tem o direito de se manifestar. A truculência da PM precisa ser debatida urgentemente, isso ninguém nega

    O transporte público é ruim e caro, isso ninguém nega.

    Mas querer que da noite pro dia o transporte público seja gratuito e excelente não pode ser só ingenuidade

  • Já que o MPL fez protesto na

    Já que o MPL fez protesto na frente da casa do Haddad no ano passado, eu queria entender por qual motivo eles não fazem o mesmo na frente da casa do Führer do Tucanistão (Alckmin). Não interessa ou não vem ao caso? Convehnamos que botar a culpa no Haddad pela violenta repressão dessa PM fascista só pode ser uma mistura de ignorância e má-fé, mas não de ingenuidade....

  • Acho válida a luta do MPL contra o aumento das passagens...

    Acho válida a luta do MPL contra o aumento das passagens do transporte coletivo em São Paulo. Realmente as passagens estão muito caras e a lógica de mercantilizar o direito de ir e vir é algo que afeta a todos. O sistema de transporte público de São Paulo está falido. A luta por um transporte público de qualidade e acessível é legítima.

    No entanto, não concordo quando o movimento concentra suas críticas exclusivamente no prefeito de São Paulo. Toda a repressão violenta parte do governador do Estado, o Alckmin.

    O que me preocupa é a crítica da própria esquerda contra o direito de se manifestar e legitimando a repressão do estado. Assim como os estudante secundarista causaram transtorno na cidade lutando contra o fechamento de escolas, a luta contra o aumento das passagens é igualmente justa. 

    • "O que me preocupa é a crítica da própria esquerda"

      Perfeito, mas acho que você deveria acrescentar aspas, bastante aspas, em certa palavra e escrever assim:

      "O que me preocupa é a crítica da própria """esquerda""" contra o direito de se manifestar e legitimando a repressão do estado".

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