A burocracia da pesquisa

Por Gesil Amarante

Uma coisa danosa que o sistema de financiamento de pesquisa no Brasil não conseguiu resolver é a excessiva burocracia.

Consegue-se verba para montar um supercomputador, por exemplo, mas a burocracia é tão grande que quando consegue-se gastar o dinheiro já se passou mais de um ano, o que é um tempo inexplicável, e aquele equipamento às vezes nem existe mais. Tem que rodar o processo de configuração de novo. Quando isso requer uma mudança de procedimento e pede-se um aval para a agência para fazer esta mudança, a resposta pode demorar meses.

E difícil conseguir verba para espaço físico. Quando se consegue esta verba, há regras estapafúrdias para a execução destas obras… É um atoleiro só!

Se se faz um projeto FINEP multiinstitucional, o documento tem que ficar viajando via SEDEX entre as instituições para assinatura de todos os Reitores e Coordenadores. Na era da internet isso me parece tão desnecessário!

Quando se tem que fazer uma importação, então, é uma novela!

Quando não é a burocracia da própria FINEP é a da Universidade… É extenuante! Deveria haver uma guerra contra todo o procedimento burocrátido desnecessário, já! Toda verba aprovada deveria estar disponível para uso dos coordenadores em menos de um mês, com regras e procedimentos para importação facilitados e assinatura digital para todos os procedimentos e pedidos de projetos.

Luis Nassif

11 Comentários

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  1. Observe-se que o CNPq já
    Observe-se que o CNPq já desburocratizou, no que tange ao seu fomento, muitos desses procedimentos. Possui o Programa Importa Fácil, que cuida dos trâmites operacionais e adotou sistema de assinatura digital para que os termos de concessão sejam todos eletrônicos, evitando idas e vindas com correios. Finalmente, observe-se que há a Plataforma Lattes e a Plataforma Carlos Chagas, que informatizaram os currículos e os pedidos de auxílio.

  2. Nassif, esse software de
    Nassif, esse software de comentários está com algum bug… Não é a primeira vez que coloca um comentário meu no horário errado e antes de comentários aos quais faço referência, o que é uma impossibilidade causal… =)

    É algum problema de fuso horário do servidor.

  3. Penso que antes deveria se
    Penso que antes deveria se rever todo o sistema de pesquisa no Brasil, a começar pelas definições de inclusão da maioria, que contribui e mantém, as universidades públicas.

    Segundo, valorização da carreira de professor e pesquisador.

    Terceiro, definições claras de atuações do setor privado nas instituições de pesquisas públicas.

    Quarto, redirecionamento do conhecimento à publicidade, i.é, tornar público a geração de conhecimento e não permitir a apropriação indevida do conhecimento gerado em universidades públicos por empresas privadas.

    Quinto, fazer uma revolução pela educação e não apenas reformas.

  4. Esta cena que o Gesil
    Esta cena que o Gesil descreve tem um contrapartida no cotidiano dos pesquisadores, que são na sua esmagadora maioria contratados como professores nas instituições públicas (estaduais e federais) de ensino superior.

    Temos uma carga burocrática imensa, e, devido aos baixos salários para o corpo técnico e administrativo, muitos de nós acaba desempenhando o papel de próprio secretário. Quando encontramos por ventura um departamento ou instituto bem-servido, não passa muito tempo para ouvirmos as formas de bonificações e redução de carga horária que os chefes de departamento têm de estabelecer — muitas vezes usando métodos não exatamente canônicos — para segurar os secretários no lugar.

    Tudo isso tem seu custo: ao desviar a função do docente do tripé ensino-pesquisa-extensão, não temos nem um servidor que esteja treinado a lidar com a burocracia, nem um servidor que consiga desempenhar seu papel de forma plena: para ensino e pesquisa, por exemplo, todo o tempo disponível costuma ser pouco. E, o que é pior, institui-se em várias universidades a chamada “carreira em Y”, onde o docente pode progredir na carreira pulando de cargos administrativos a cargos administrativos. Na melhor tradição brasileira, premia-se mais o bom burocrata que o bom profissional.

  5. A burocracia brasileira foi
    A burocracia brasileira foi uma “herança maldita” dada pelos portugueses e que carregamos desde o descobrimento. E à grosso modo, não serve para mais nada que não seja “colocar dificuldades para vender facilidades”, quem duvida basta ler com atenção a zorra que chamamos de constituição e procure por exemplo as leis que entram em conflito umas com as outras e as simplesmente inúteis

  6. A impressão que tenho é que a
    A impressão que tenho é que a fonte desse excessivo burocratismo encontra motivação em uma cultura de submissão e subserviência. O caos justifica-se pela necessidade que possuem os funcionários de nível inferior na escala hierárquica de sempre atribuírem aos seus superiores tanto a decisão quando o encaminhamento das questões. Não existem divisões de atribuições e responsabilidades. Existem tarefeiros e, deste modo, a estes compete apenas preparar processos para a assinatura de outrém – e o nefasto “carimbo” (risos). São meses e meses de papéis saindo de uma mesa para outra à espera de alguém erigido em autoridade para bancar o risco da decisão, ainda que seja sobre coisas mínimas,
    O medo dos instrumentos de controle e a ausência da subsidariedade do poder torna a burocracia menos um mecanismo de transparência e universalidade – que seria sua legítima função – e mais um facilitador para que poucos sejam detentores de máximo poder e assim possam, quando corretos, agir com retidão ou, quando, “indignos” (essa expressão tornou-se propriedade do Civita!) agirem com improbidade – corrupção.

  7. é um paradoxo isso, existe
    é um paradoxo isso, existe uma corrupção imensurável no país por conta da extrema burocracia, mas não fosse a extrema burocracia, a amazonia já não existiria mais,assim como a mata atlantica, a constituição seria reescrita todos os dias, o problema não é o excesso de leis, mas a falta de comprimento das mais básicas

  8. O que está pegando realmente
    O que está pegando realmente é a burocracia…ainda é do tempo do BID, do tempo da defesa do similar nacional, tanto equipamento como conhecimento, apenas para dificultar a utilização das verbas…bah! só de pensar no plano collor, dá nojo! gente em desespero pelos corredores dos grandes centros de pesquisas e as verbas pegas aplicadas em contas particulares.
    Foi daí que passei a me ligar nesta podridão !

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