A insatisfação da comunidade científica com a troca no MCT

Sugerido por whoever

Do O Vale

Demissão de Raupp provoca mal-estar entre pesquisadores
 
Ex-diretor do Inpe foi substituído pelo reitor da Universidade de Minas Gerais, Clelio Diniz, em reforma feita por Dilma
 
A saída de Marco Antonio Raupp do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação na última segunda-feira, por determinação da presidente Dilma Rousseff (PT), recebeu críticas da comunidade científica em todo o país. Raupp era ministro desde janeiro de 2012 e vinha fazendo um trabalho elogiado por cientistas, empresários e entidades de classe do setor.
 
Ele foi demitido junto com outros cinco ministros, num pacotão anunciado por Dilma na última sexta-feira. Assumiu o lugar dele o reitor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Clelio Campolina Diniz. Antes de comandar o Ministério da Ciência e Tecnologia, Raupp havia sido diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do Parque Tecnológico de São José dos Campos.

 
Críticas. Uma das reações mais contundentes contra a saída de Raupp veio da presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Helena Nader. Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo ontem e postado no site da entidade, Helena faz duras críticas à mudança.
 
“O que nos assusta é a mínima falta de consideração com a continuidade de um trabalho tão complexo como são os programas governamentais de ciência, tecnologia e inovação”, assinalou a cientista.
 
“Até se acomodarem a uma nova gestão, já terão consumido boa parte dos apenas nove meses que restam da atual administração federal.”
 
Para Helena, não havia motivo para tirar Raupp do comando do Ministério, o que pode atrapalhar projetos em andamento no setor.
 
“Raupp assumiu a pasta com apoio integral da comunidade científica brasileira que nele reconheceu um legítimo representante, capaz de elevar e certamente lutar pelo tratamento da ciência e tecnologia como uma das políticas de Estado prioritárias na esfera pública nacional”.
 
E concluiu: “Foi o que fez ao longo de sua gestão no ministério, sempre ouvindo e interagindo com as mais diversas sociedades, organizações, instituições e empresas que integram o cenário da ciência, tecnologia e inovação no Brasil”.
 
Raupp não foi localizado ontem para comentar o assunto.
 
Para o Sindicato dos Servidores Públicos de Ciência e Tecnologia, a troca obedece a critérios políticos, e não técnicos, o que é questionável.
 
(Xandu Alves / O Vale)
Redação

11 Comentários

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  1. “Para o Sindicato dos

    “Para o Sindicato dos Servidores Públicos de Ciência e Tecnologia, a troca obedece a critérios políticos, e não técnicos, o que é questionável”:

    Trocar um cientista por um reitor de universidade ta mal na fita mesmo.  Qual eh o background cientifico do reitor?

    1. Para gerenciar o País tivemos

      Para gerenciar o País tivemos um PHd por um período e um outro não certificado. Quer dizer, hoje está mais certificado do que o primeiro. Quem se saiu melhor? E os dois continuam contribuindo. Um para construir, outro destilando sua inveja junto com indignada massa cheirosa, fazendo cobranças sobre o que ele próprio não fez.

      Quanto a comunidade científica estar  insatisfeita, normal. Se estivesse satisfeita é que seria preocupante. Preocupante também se a insatisfação derivar do que não se fez ou mal feita. A comunidade realmente científica, acha sempre um jeito de fazer bem feito. Além de bons cientistas, são bons garupas também. Para o País não é bom que os garupas fiquem nos laboratórios. Muito menos os papagaios.

       

      1. Nao tenho ideia do que voce

        Nao tenho ideia do que voce pensou que acabou de dizer no ultimo paragrafo.  Qual dos dois eh “carona” e qual eh “papagaio”?

    2. Um pouco de muita coisa aqui para você

       

      Ivan de Union (sexta-feira, 21/03/2014 às 07:31),

      Não sou da área de tecnologia e não tenho nenhuma predileção especial pelo Clelio Campolina Diniz.

      Lá no post “O Brasil policêntrico” de sexta-feira, 04/11/2011 às 10:31, aqui no blog de Luis Nassif, trazendo, com o título de “País não tem plano para superar desequilíbrios”, a resenha de Lilian Milena, no Brasilianas.org e da Agência Dinheiro Vivo para a exposição de Clelio Campolina Diniz no 16º Fórum de Debates Brasilanas.org há uma boa oportunidade de se saber um pouco sobre ele. A se tomar pelo que ele preconizou no 16º Forum, a reação contra ele é mais de pessoas de regiões menos carentes de ciência e de tecnologia. O endereço do post “O Brasil policêntrico” é:

      https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-brasil-policentrico

      De todo modo como eu disse não tenho nenhuma predileção especial pelo Clelio Campolina Diniz. Há mesmo um crítica indireta a ele em comentário meu enviado quarta-feira, 09/11/2011 às 17:52, para Chico Pedro junto ao comentário dele de sexta-feira, 04/11/2011 às 12:02, lá no post “O Brasil policêntrico”.

      E aproveito para lembrar que achei interessante seu comentário enviado quarta-feira, 19/03/2014 às 11:21, lá no post “Dilma fala sobre a compra da refinaria em Pasadena, em 2006” de quarta-feira, 19/03/2014 às 11:14, aqui no blog de Luis Nassif, trazendo a transcrição da matéria no Estadão intitulada “Dilma apoiou compra de refinaria em 2006; agora culpa ‘documentos falhos’” em que se comenta a resposta da Dilma à reportagem do próprio Estadão que teria revelado que a presidenta Dilma Rousseff votou em 2006 favoravelmente à compra de 50% da polêmica refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).

      Bem, achei interessante, mas não concordei muito. Primeiro há que se lembrar que o título do post “Dilma fala sobre a compra da refinaria em Pasadena, em 2006” ficou torto. O certo seria, [“O Estadão comenta a fala da Dilma] sobre a compra da refinaria em Pasadena, em 2006”. O título do post nos direcionou mal sobre a notícia.

      Agora não concordei com você porque me parece que a clausula “Put option”, presente no contrato objeto da polêmica, não pode ser meramente jogatina como você a considerou no seu comentário. Há situações em que os dois lados têm interesse nesta cláusula. Se não houvesse esta possibilidade ela acabaria desaparecendo da prática contratual. É claro que a justiça americana é um tanto diferente, mas no Brasil não imagino que ela tivesse possiblidade de permanecer se fosse assim tão nociva a um dos lados do contrato.

      O que me pareceu estranho foi a resposta da Dilma Rousseff. Aliás, há uma entrevista hoje, sexta-feira, 21/03/2014, do Sérgio Gabrielli que esclareceu bem a questão embora esteja sendo apresentada pela CBN como contrária a Dilma Rousseff. Aliás, a referência a notícia é dada de modo diferente dependendo do site. Não tenho o link para a notícia na CBN, mas no Diário Comércio Indústria & Serviços – DCI, o título da notícia saída hoje, 21/03/2014 às 11:18, falando sobre a entrevista de Sérgio Gabrielli à rádio CBN, está assim: “Sérgio Gabrielli defende Dilma no caso sobre a refinaria de Pasadena” e pode ser vista no seguinte endereço:

      http://www.dci.com.br/politica-economica/sergio-gabrielli-defende-dilma-no-caso-sobre-a-refinaria-de-pasadena-id388890.html

      Já na revista Exame a notícia, embora seja para a entrevista dada no dia anterior para o jornal Nacional e tenha sido publicada ontem, quinta-feira, 20/03/2014 às 21:19, teve o seguinte título: “Gabrielli diz que Dilma tinha conhecimento de cláusulas” e pode ser vista no seguinte endereço:

      http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/gabrielli-diz-que-dilma-tinha-conhecimento-de-clausulas

      Já no Estadão a notícia também surgida ontem, quinta-feira, 20/03/2014 às 21h 49, traz um título que fica um tanto de acordo com o que eu imaginei sobre a cláusula “Put Option” logo que li o seu comentário lá no post “Dilma fala sobre a compra da refinaria em Pasadena, em 2006”. No Estadão o título da notícia é: “Gabrielli e Foster põem em xeque versão de Dilma sobre cláusulas” e ela pode ser vista no seguinte endereço:

      http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,gabrielli-e-foster-poem-em-xeque-versao-de-dilma-sobre-clausulas,1143228,0.htm

      O que me pareceu desde o início foi que a presidenta Dilma Rousseff foi mal orientada ao dar a resposta. Por que a mal orientaram é uma questão a ser resolvida. Ela não precisava dizer que o parecer fora falho. Na entrevista de Sergio Gabrielli fica claro que como um órgão estratégico, o Conselho de Administração da Petrobras não poderia ficar em detalhe técnico. O detalhe técnico é para o setor executivo da empresa . O Conselho de Administração da Petrobras é órgão estratégico. Ele só diz se a estratégia está correta ou não. Aliás, a decisão de compra foi tomada em 1999, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso. Não havia necessidade de Dilma Rousseff fazer referência a clausula “Put option”.

      Pode haver um pouco de correção na afirmação da Dilma Rousseff no sentido que a compra de toda a empresa e não uma parte seria outra decisão estratégica e, neste sentido, o Conselho de Administração da Petrobras deveria ser informado da cláusula “Put option”. Se o Conselho de Administração da Petrobras não tivesse autorizado que a Petrobras comprasse toda a empresa e não foi informado que a cláusula “Put option” fazia parte do contrato, parece-me que Dilma Rousseff tem uma boa dose de razão em dizer que o parecer era falho.

      Não quero com isto dizer que não houve corrupção, nem que não houve incompetência. A corrupção é objetiva. A incompetência é subjetiva. Eu interesso mais pela análise da incompetência que é subjetiva, pois ela serve para nós conseguirmos avaliar a nossa capacidade de prever o futuro. Ela só faz sentido, entretanto, se fôssemos capazes de nos desprender de todo novo conhecimento e avaliarmos como procederíamos no caso concreto na mesma época. Se fôssemos capazes da fazer isto, o que não somos, nós poderíamos avaliar, mas ainda subjetivamente, se houve ou não competência na decisão tomada. É um processo que previamente já sabemos que não nos levará a lugar nenhum, salvo naqueles casos excepcionais em que a decisão contrarie uma lei física qualquer, ou mesmo a lógica, ou uma equação matemática. Nesses casos excepcionais a incompetência fica revelada. E embora não nos leve a lugar nenhum esta busca do entendimento vale a pena ser feita porque nos desenvolve como indivíduos e desenvolve a capacidade da sociedade em se conhecer.

      Quanto à questão da corrupção, eu não dou muita importância porque imagino que sempre que há indícios, deve-se fazer um trabalho exaustivo para a constatar. Trabalho, entretanto, que deve ficar por conta de peritos e não de amadores. E acredito que o Brasil dispõe de órgãos competentes para verificar o que há por trás dos indícios.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 21/03/2014

      1. Obrigadasso, Clever,

        Obrigadasso, Clever, especialmente pelo penultimo paragrafo!  So agora me ocorreu que qualquer vazamento da intencao da Petrobras de comprar a compania toda seria, diretae legalmente, considerado…

        Manipulacao de stocks! Ilegalissimo.

        Eh logico que ninguem foi informado!  Nem era pra ser.

  2. Se com Dilma está ruim, com as cascavéis seria pior.

    Dilma pisou nos tomates com essa troca no MCT. A gente pode criticar, mas olho pros lados e vejo Aécio, Eduardo, Marina, Barbosa, Serra. Pra não ficar pior, volto a votar na Dilma.

    1. Estou na mesma situação, já

      Estou na mesma situação, já me vejo votando em Dilma com nojo, pois a considero despreparada, incompetente e autoritária. A volta de Lula seria a melhor alternativa para o Brasil, mas parece que isso ameaça o projeto de continuidade ad eternum do PT e sua banda podre no poder(Palocci, Mercadante, Vaccarezza e afins).

      De certa maneira, a AP 470 serviu para eliminar alguns dos melhores quadros do PT, como José Dirceu, e substituí-los pela escória petista, que não deixa nada a dever ao PSDB.

  3. SBPC
    Engraçado não vejo a SBPC preocupada com o desmonte dos Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo e a queda de qualidade das Univerdidades do Estado.

    1. Perfeito, Luiz Carlos. Qual a

      Perfeito, Luiz Carlos. Qual a posição da SBPC frente ao desmonte dos Institutos de Pesquisas do estado de São Paulo ?

  4. O que o brasileiro parece não

    O que o brasileiro parece não aprender é que no sistema atual a pessoa é eleita para praticar suas políticas administrativas, não a dos outros, muito menos a dos perdedores. Assim, se ela entendeu que devia trocar de ministro, troca. Poderão cobrar dela – no futuro – se o novo ministro não atender às necessidades da pasta. Não antes. A tal carta da dita presidenta do SBPC, em si, não significa absolutamente nada. Poderá se manifestar – no futuro – se o novo ministro abandonar os programas que a sua sociedade tanto preza. Apenas.

  5. A insatisfação da comunidade científica com a troca no MCT

    O que tem feito a SBPC? Onde estão a inatisfação e os protestos necessários para a falta total de investimento no setor de Ciência e Tecnologia no Estado de São Paulo? Onde estão os debates sobre a falta de investimentos e a decadência das Instituições de Pesquisa do Estado de São Paulo? Onde estão os debates sobre as Universidades Estaduais de São Paulo? Onde está a reação sobre o  absurdo da montagem e do ambiente da USP-Leste? Isto tem me preocupado mais – há anos – do que quem é o ministro no momento. Ministros têm que se pressionados com reivindicações de uma Sociedade (SBPC) preocupada e atuante.

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