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A deterioração do emprego, especialmente para mulheres, pretos e pardos, por Luis Nassif

A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Trimestral (PNADT) é a consolidação das pesquisas mensais do IBGE sobre emprego, com detalhamento maior.

A pesquisa pegou apenas a parte inicial da pandemia e do isolamento. Mas exibiu números graúdos.

A população total (acima de 14 anos) aumentou em 741 mil pessoas. Para permanecer empatado, o emprego deveria aumentar na mesma proporção – talvez um pouco menos, já que parte da população apenas estuda,

A População Economicamente Ativa fechou em 105 milhões milhões, 1,1 milhão abaixo do trimestre anterior. A População Ocupada ficou em 92,2 milhões, 2,3 milhões abaixo do período anterior. Fora da Força de Trabalho, foram 67,3 milhões, 1,9 milhão abaixo do período anterior.

Essa queda ocorre em cima de um mercado de trabalho que não havia se recuperado do tombo dos anos anteriores.

Apenas no último mês, 2,3 milhões de pessoas passaram a procurar emprego, engrossando o batalhão dos 12,8 milhões de desempregados.

Um recorte social mostrará um quadro mais complexo.

No recorte racial, por exemplo, existem apenas 10% de pretos na força de trabalho e 45% de pardos.

Mas quando se olha os desempregados,  a proporção de pretos salta para 13% e a de pardos para 51%. Já a proporção de brancos é de 44% na FT e cai para 35% entre desempregados e 42% fora da FT.

Por sexo, observa-se a mesma desproporção. Na Força de Trabalho total há uma proporção de 55% de homens e 45% de mulheres.

Mas, entre os desempregos, a proporção de inverte: passa a ser 53% de mulheres e 47% de homens. Fora da FT, as mulheres representam 65% e os homens 35%.

Nas demissões, a maior quantidade foi de mulheres: 1 milhão demitidas no período, contra 420 mil homens. Na Mão de Obra Ocupada também o decréscimo maior foi de mulheres: – 1,3 milhão contra – 690 mil dos homens.

Se se tomar um período maior de comparação, percebe-se um quadro mais dramático da deterioração do emprego.

Ou, na comparação com os valores brutos. Em 2015 havia 12,7 milhões de pessoas desocupadas ou em subocupações. Agora, este número subiu para 18,4 milhões. A subutilização do trabalho saltou de 16,5 milhões para 24,4 milhões. E os Desalentados, fora da Força de Trabalho, passaram de 2,6 milhões para 7,1 milhões.

Luis Nassif

Luis Nassif

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