CPI da Covid

Yamagushi contradiz Anvisa e Mandetta sobre bula da cloroquina, e CPI pedirá acareação

O GGN PRECISA DO SEU APOIO PARA CONTINUAR PRODUZINDO
INFORMAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA E INDEPENDENTE.
CLIQUE AQUI E SAIBA COMO NOS APOIAR

Jornal GGN – A médica defensora do tratamento precoce contra Covid-19, Nise Yamagushi, disse à CPI da Covid, no começo da tarde desta terça (1/6), que não existiu nenhuma minuta de decreto presidencial no governo Bolsonaro para alterar a bula da cloroquina, no intuito de fazer constar que o medicamento é indicado para pacientes com coronavírus, mesmo sem que estudos científicos comprovem sua segurança e eficácia.

“Não houve nenhuma mudança de bula por decreto. Não houve, não foi estudado, não participei. Eu sou especialista em regulação. Isso não existe”, respondeu a médica, frisando que a mudança na bula só poderia ser feito por iniciativa da empresa detentora dos direitos sobre o medicamento, e não pelo governo federal.

A declaração de Nise contradiz o depoimento do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e do presidente da Anvisa, o almirante Antonio Barra Torres. Eles relataram à comissão que participaram de uma reunião no Palácio do Planalto, em 6 de abril de 2020, com a presença de Nise e outros convidados. Na oportunidade, segundo Mandetta, o governo apresentou um esboço de decreto para mudar a bula da cloroquina. Ele não concordou e o impasse acelerou seu desembarque do Ministério. Barras Torres acrescentou que a iniciativa do decreto supostamente teria sido de Nise, e que ele também teria rejeitado a ideia – rispidamente, inclusive.

Os senadores ficaram alvoroçados com as declarações de Nise, contrariando a narrativa de Mandetta e Torres. Segundo ela, “houve um equívoco” e o documento referido na reunião não propôs, em nenhum momento, mudança na bula da cloroquina.

“Não houve minuta de bula, senhor senador [Renan Calheiros], é isso que estou querendo dizer. O papel em cima da mesa só falava sobre dispensação de medicamentos”. “Simplesmente era um rascunho de como poderia ser disponibilizada uma medicação que estava em falta, e sendo uma dispensação de medicamentos e adesão ao tratamento de acordo com consentimento e livre esclarecimento, e com notificações no site da Anvisa”, acrescentou. “Não tem nada a ver com bula, tem a ver simplesmente com disponibilização da medicação no momento da pandemia”, reiterou.

Quando questionada pelo relator Renan Calheiros se o presidente da Anvisa faltou então com a verdade à CPI, Nise respondeu: “Acho que, pelo menos, ele tem que apresentar a minuta. Porque nesse momento não houve [discussão sobre] mudança de bula.”

Nise obteve uma cópia do suposto documento em pauta na reunião de 6 de abril com o médico militar Luciano Azevedo, que também atua no governo Bolsonaro. “Ele estava trabalhando nessa minuta para disponibilizar o medicamento de disfofato de cloroquina. Não era uma mudança de bula. Acho que houve um equívoco, porque não existia um decreto de mudança de bula na mesa. Ele [Azevedo] não teve nenhuma iniciativa de mudança de bula, em nenhum momento.”

O presidente da CPI, Omaz Aziz, disse que a comissão precisará fazer uma acareação entre a médica e o presidente da Anvisa. “Perfeito, acho excelente”, rebateu Nise.

Nas redes sociais, internautas compartilharam um vídeo que critica Nise por não ter declinado o nome de todos os participantes de reunião no Palácio do Planalto. Confira aqui.

Ela sustentou na CPI que é médica “consultora eventual” do Ministério da Saúde desde o governo Lula e Dilma Rousseff, e negou a existência ou que tenha feito parte de um “gabinete paralelo”. Ela também disse que jamais foi convidada por Bolsonaro para integrar o governo.

Acompanhe a CPI da Covid pela TVGGN:

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Recent Posts

Roberto Jefferson deve voltar à prisão após informe de hospital

Internado desde 2023, o ex-deputado apresenta quadro estável para receber alta; Alexandre de Moraes manteve…

9 horas ago

Lula lembra trabalho da Embrapa na luta contra a fome

Presidente esteve em evento que marcou aniversário de 51 anos de fundação da empresa de…

10 horas ago

Embrapa celebra aniversário fechando acordos estratégicos

Termos de cooperação englobam participação de ministérios e instituições para desenvolver projetos em torno do…

10 horas ago

O legado de 50 anos da Revolução dos Cravos que o partido Chega quer enterrar em Portugal

Arcary explica a "embriaguez social e política que deixa o mundo completamente fascinado" trazida pela…

11 horas ago

Análise: Pagamento de dividendos da Petrobras é vitória do mercado

Valor distribuído pela estatal só não é maior do que o montante pago durante o…

11 horas ago

Reforma tributária: governo define alíquotas e propõe cashback para mais pobres

Fazenda prevê IVA de 26,5% sobre produtos e serviços, exceto os alimentos da cesta básica;…

12 horas ago