Manuel Castells critica prisão de Lula e chama Congresso e Temer de corruptos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Em entrevista à revista IstoÉ, o sociólogo espanhol fez duras críticas ao impeachment de Dilma, à judicialização da política pela Lava Jato, à prisão política de Lula e ao governo atual de Temer
 

Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – “A representação é ilegítima porque a designação dos representantes está condicionadas por leis eleitorais condicionadas pelos principais partidos, pelo financiamento ilegal que esses partidos obtêm e pela manipulação de opinião no processo de comunicação”, assim definiu o sociólogo e um dos principais teórios da comunicação, o espanhol Manuel Castells.
 
Ele não falava do Brasil, especificamente, mas do que ocorreu na construção da União Europeia e foi se propagando por todo o mundo. Lançando o livro “Ruptura — A Crise da Democracia Liberal”, pela editora Zahar, que traz uma análise da política associada aos meios de comunicação, Castells afirma que a crise na democracia do sistema liberal “está se autodestruindo pela sua própria prática corrupta”.
 
As declarações foram dadas em entrevista por escrito à reportagem da IstoÉ, que divulgou a íntegra nesta sexta-feira (13). Apesar de não ter como destaque na introdução da matéria, Castells também criticou a Operação Lava Jato, na medida em que “a judicialização da política elimina a separação de poderes, que era a base da democracia liberal”.
 
“Ela é a causa principal da crise institucional. Ela acontece em muitos países, mas, no Brasil, é muito mais brutal e mais direta, com objetivos diretamente políticos da parte do poder judicial”, denunciou o sociólogo espanhol.
 
Acompanhando o que vem ocorrendo no maior país da América Latina, Castells não deixou de criticar o atual mandatário Michel Temer. “Ele, sim, é corrupto e simplesmente tentar terminar seus últimos meses colaborando com uma eleição que lhe garante a impunidade. O Brasil está completamente desestabilizado. A situação é extremamente perigosa”, contou.
 
Segundo o teórico, “o pior mal do Brasil é a utilização da corrupção por um congresso majoritariamente corrupto” e tem como base à polarização com a “oligarquia política baseada em redes regionais de clientelismo, e seus aliados nas elites do capitalismo especulativo”.
 
Á revista IstoÉ o cientista social afirmou que “Lula é claramente um preso político. Isso porque, mesmo que o PT seja corrupto (embora menos que os outros partidos), ele não estava pessoalmente na corrupção, e acabou caindo num armadilha que lhe prepararam.”
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Até os estrangeiros de

    Até os estrangeiros de estatura político-social considerável, respeitada, enxergam o Brasil como um barril de pólvora. Pelo menos foi o que depreendi com “A situação é extremamente perigosa”. 

    Reportagem como essa jamais seria publicada nas Empresas Globo de Comunicação, que detém quase tudo que chega ao povo, a começar pela CBN. Essa rádio é pouco comentada, mas a meu ver é dela que se extrai o veneno mais mortífero, por abranger os quatro cantos do nosso Território Nacional, passando pelos ouvidos das pessoas menos críticas, menos capacitadas a enxergar o que de fato acontece com ele – povo -, ou o que está por trás dessas notícias trocadas.

    Aquele tal de Camarotti ultrapassou Míriam Leitão, Sardenberg, e até Merval com sua veia de grosso calibre em matéria de defender o indefensável, enquanto vai na onda, com suas hermenêuticas de jumento. Se dependesse dele, Favreto já teria tido o mesmo fim de Canelier, se jogando em algum espaço público do Brasil. 

    Cada um com sua preocupação coletiva, mas também individual, porque não podemos, como funcionários públicos, por exemplo, que é o meu caso, enxergar um futuro razoável com essas políticas que mais atentam contra a nossa segurança quanto ao porvir.

     

  2. O Trigo e o Joio
    “O pior mal do Brasil é a utilização da corrupção por um congresso majoritariamente corrupto”. O diagnóstico está correto. A parábola do Joio plantado no meio do Trigo indica como é difícil separar os parlamentares quando a categoria é corrupção. Nem os partidos disciplinam ou expulsam os que cedem ao canto da sereia chamada capital.

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