Devagar, Dilma vai se recuperando junto ao seu eleitorado

Por Weden

Dilma se elegeu com 38% dos votos totais. É possivelmente no universo dos que não quiseram ou puderam votar nela – 62% – que está a maior rejeição ao governo nesse momento. É evidente que também houve perda de apoio entre os que votaram em Dilma, só que longe da dimensão que se atribui na imprensa.

É provavelmente a sensação de que houve alguma desaceleração na alta dos preços que explica o fato de que, segundo o Datafolha, de agosto a dezembro, a qualificação mais negativa do governo tenha recuado de 71 para 65% entre os homens e 64% entre as mulheres. Olhando de perto estes números, descobrimos onde Dilma melhora. E onde continua mal das pernas.

De agosto a dezembro, a melhoria na avaliação é pequena entre os que nunca elegeram para a Presidência outro partido que não o PT. Entre estes, Dilma ainda é rejeitada por quase 70%. Entre seus pais, por pouco mais de 60%; entre seus avós, por cerca de 52%.

Nas classes E e D, (os que ganham até 2SM), Dilma é regular ou boa/ótima para 37%. Para os mais ricos (acima de 10SM), 26%. Isso possibilita algumas leituras: a desidentificação entre as classes média alta e alta e o PT; e o peso do realinhamento de tarifas entre aqueles que passaram a gastar mais luz e combustível

Mesmo assim, a “nova classe média” (de 2 a 5 SM), com seus novos carros e TVs de plasma, começa a ceder. Se, em agosto, só 27% discordavam de que era um governo ruim, agora são 34% que acreditam que ele é, no mínimo, regular.

As diferenças de avaliação mais cruciais vêm da variável “região”. No Nordeste, 45% das pessoas não concordam que Dilma seja ruim ou péssima. Uma evolução de 13 pontos percentuais desde agosto. No Norte, ela é razoável ou boa/ótima para 39% (um crescimento de seis pontos). No Sul, o governo não é um caos para 34% (mesma evolução, desde agosto)

Os piores cenários de Dilma estão nas outras duas regiões. No Centro-Oeste, são 27% os que aliviam Dilma (também uma variação de seis pontos para ela). E, no Sudeste, só 28% fogem do grupo dos que rejeitam Dilma (onde praticamente não houve variação).

Se quiser se recuperar, Dilma e o PT devem falar para os mais jovens, e, principalmente, para os que ganham até cinco salários. Melhorando nestes públicos, o jogo volta ao equilíbrio. Além disso, o ideal para o governo é que a próxima pesquisa mostrasse a mesmíssima evolução apresentada desde agosto. Já estaria surpreendentemente bom demais.

Redação

17 Comentários

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  1.  
    PSDB acusou governo federal

     

    PSDB acusou governo federal de fazer o que ele fez: matar CPI depois de propina de R$ 10 milhões a presidente do partido Sergio Guerra

     

    José Genoino na cadeia, mas Eduardo Azeredo…

    publicado em 22 de dezembro de 2015 às 03:27

    Da Redação

    O acúmulo de informações sobre a Operação Lava Jato deixa claro: o Petrolão começou no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

    (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/desorganizada-corrupcao-na-petrobras-comecou-no-primeiro-mandato-de-fhc-e-rendeu-frutos-ao-psdb-ate-2010.html

  2. Pois é,

    Acabo de ve-la pela NBR em Salvador onde foi entregar mais uma trecho do metrô. Alguns gatos pingados que tentaram fazer mais um “protesto expontâneo” apareceram por lá para pautar a tal  midia que os aliena. Houve uma tentativa de reação por parte dos presentes mas ela, calma, pediu calma e que não reagissem e a seguir deu uma bofetada nos babacas. Disse que “muitos brasileiros  foram torturados e alguns até morreram para que  tivéssemos a democracia que  hoje lhes permitia expressar publicamente” e completou,  “é na democracia que se permite conviver com as diferenças”.

    Alguns é claro, não sabem respeitar essa regrinha básica de convivência. São os eleitores perdedores.

    Como disse o PHA em seu blog, “quem está parada é a globo e não o Brasil.”

     

  3. Só que para se comunicar ela

    Só que para se comunicar ela tem que quebrar as barreitas da comunicação que vão muito além de uma tradicional imprensa marrom; inclui também redes sociais e aplicativos de mensagens dominados por boatos, montagens, mentiras e sensacionalismo no mais grotesco grau de alienação. Veneno puro que torna as pessoas muito mais intolerantes e manipuladas.

  4. Dando ideia…

    “Dilma e o PT devem falar para os mais jovens”

    Chama aí o Duda Mendonça que ele sabe direitinho o que falar.

    E se o PT tiver dinheiro em caixa, pode até amolecer os corações empedernidamente direitistas da Greenberg, Carville  and Shrum(GSC).

    Vou dar ideia…

    …Lula, the Guy, chama a GCS e joga a letra: “Depois da enorme cagada de vocês na eleição do “Goni” Sánchez, tá na hora de vocês se redimir e dar uma ajudinha aqui pra esquerda bem comportada. Aécio é furada, e Marina toma porrada até da Dilma. Eu ainda sou o Cara.”

    Já pensou numa dobradinha Duda/GCS na campanha de 2018?

    Daria muito o que falar.

  5. É um ponto, mas há muitos “ses” pela frente

     

    Werden,

    Seus textos são sempre muito bons. Ultimamente considero que eles estão um pouco mais impregnados de torcida. Nada mal uma vez que torcemos para o mesmo time, mas vale considerar alguns outros pontos.

    A essência de quase toda a popularidade é a economia, mas os efeitos eleitorais da economia precisam ser bem compreendidos para que não se venha a enganar. E há que considerar também o carisma. O carisma não reverte a economia, mas ganha votos onde a economia os faz perder.

    Para compreender os efeitos políticos da economia é sempre bom lembrar que durante os cinco anos do estigmatizado governo de José Sarney, o país cresceu mais (no total dos cinco anos e não na média) do que durante os oito anos do governo do glorioso príncipe da sociologia brasileira (no total dos cinco anos e não na média). E a razão da impopularidade de José Sarney foi a inflação.

    Este é o grande problema da popularidade de um governante em qualquer lugar do mundo: governa-se para um ser humano egoísta que prefere uma inflação baixa, pois essa atinge todo mundo a um nível de desemprego baixo, pois o desemprego só atinge aos desempregados. Qualquer político que pensa em uma visão de longo prazo e quer que o grupo que representa mantenha-se no poder precisa fazer todo esforço para não deixar a inflação subir.

    Na reeleição da presidenta Dilma Rousseff, ali por volta do mês de abril, eu lembrei aos colegas que torciam contra a presidenta Dilma Rousseff que quando chegasse o programa eleitoral e com a inflação baixa que normalmente ocorria a partir de abril a presidenta Dilma Rousseff iria recuperar a popularidade, mas considerava que a raiva contra a presidenta Dilma Rousseff era muito grande e que ela teria muita dificuldade de se reeleger.

    Nesse ano a minha previsão era que, no segundo trimestre de 2015, iriamos ter saldo na Balança Comercial de 1 bilhão por mês e a inflação toda durante os seis meses ficaria na média abaixo ou em torno de 0,5% e assim o Banco Central já poderia pensar em reduzir os juros. Assim, imaginava que a presidenta Dilma Rousseff estaria em melhores condições atualmente. Infelizmente veio outubro e destruiu todas as minhas previsões.

    Talvez no próximo ano nós poderemos avaliar com mais acuidade os efeitos da desvalorização do real na Balança Comercial. Como houve uma queda muito grande dos preços das commodities, o Balanço de Pagamentos do Brasil não se recuperou a contento e são agora com saldos da Balança Comercial em torno de 2 bilhões mensais se pode pensar em uma recuperação econômica mais consistente. E no que diz respeito a inflação, o Banco Central só vai começar a reduzir os juros se a inflação nos três meses do segundo trimestre de 2016 ficarem abaixo de 0,4% na média. Se tudo continuar como está é possível que se obtenha essa queda da inflação.

    Ainda assim, muito vai depender dos efeitos do aumento do salário mínimo na economia a partir de janeiro de 2016. Se houver um aumento muito forte da inflação, eu imagino que a recuperação da popularidade da presidenta Dilma Rousseff vai ficar hibernando por mais uns seis meses.

    Além disso, a saída do Joaquim Levy agora pode provocar um novo tombo no real adiando a recuperação econômica por mais uns seis meses e pressionando para cima a inflação. Infelizmente o Joaquim Levy não entendeu a dificuldade política de se implementar um superávit inflacionário em uma situação de crise econômica e sem maioria parlamentar.

    De todo modo creio que a expectativa não é boa para 2016. A realidade só vai ficar mais favorável para a presidenta Dilma Rousseff depois das eleições de 2016.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 22/12/2015

    1.  
      Prezado Clever, 
      Eu só

       

      Prezado Clever, 

      Eu só relatei o que está na pesquisa Datafolha:  a pior avaliação recua 13  póntos no Nordeste, 6 pontos no Norte, Sul e Centro Oeste, e  dois no Sudeste, que eu desconsiderei.

      Não fiz projeções.

      Abraços.

       

       

       

  6. Pura ilusão

    Acho ótimo a decisão de Dilma de por o Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda, e a decisão da MP sobre a leniência na Lava Jato. Já é um começo. Dou os parabéns à Dilma, mas com ressalvas.

    Mas não se enganem, a situação está pior do que parece. Quase 10% de deficit nominal na divida pública em 2015, o maior deficit do planeta. Inflação de dois digitos, 5% negativo de queda no PIB, provavelmente uma das maiores recessões da história do país, e o desemprego só perdeu para FHC por que ele teve 8 anos para fazer besteiras, e Dilma só está no poder há 5, então está gravíssima a situação.

    Para os esquerdistas sonháticos de plantão, um déficit destes significa que caminhamos a passos largos para uma situação parecida com a da Grécia. Ou seja, se Dlma não enfrentar o COPOM e baixar a Selic nem que seja a pontapés, ela e o Brasil vão enfrentar coisa muitíssimo pior.

    Abaixar a Selic é um favor até mesmo ao mercado, até por que, se o Brasil quebrar, os especuladores quebrarão junto.

    E se não houver como enfrentar o COPOM, como dirão os aloprados de plantão, chamem o Ciro Gomes, que ele disse que abaixa a Selic. Seja por Medida Provisória, demissão do presidente do Banco Central, ou outro expediente qualquer.

    “Quando houver vontade, coragem e convicção sempre haverá um caminho.”

    1.  
      Prezado, 
      Me baseei nos

       

      Prezado, 

      Me baseei nos números da pesquisa. Consulte-a. Quanto à população, ela basicamente quer saber de preços, salários e emprego.

      Os 10% de inflação assustam. Mas as projeçoes para  o próximo ano voltando  à casa dos 6% já traz sensação de alívio, principalmente pelo fato de que a percepção é sempre comparativa.

      O desemprego está alto para Dilma. A última  taxa em novembro ainda é menor do que a  crise de  2009. E dezembro não ultrapassará com certeza, por ser um mês tradicional de baixa.

      Todos os outros detalhes  econômicos são bons pra discussão em blogs, mas seu Manoel e dona Maria estão pouco se lixando. Eles são mais pragmáticos do que os sábios.

       

       

       

       

       

       

       

       

       

      1. Mas as projeçoes para  o

        Mas as projeçoes para  o próximo ano voltando  à casa dos 6% já traz sensação de alívio, principalmente pelo fato de que a percepção é sempre comparativa.

         

        Perfeito, mas ultimamente as projeções não estão acontecendo e nada indica que essa acontecerá. Vamos ver.

      2. Prezado Weden

        O que assusta o povo não é a inflação. O povo conviveu com inflação de 3 digitos na década de 80 e sobreviveu. Inflação assusta os especuladores, porque ganham menos com ela.

        O que é grave mesmo, é o a dívida interna de 2,7 trilhões, que não para de subir, alimentada por uma Selic estratosférica. tivemos este ano um deficit nominal de quase 10%, o maior do mundo. A dívida interna aumentou 10%. Nada aumenta indefinidamente e eternamente sem um dia quebrar. E se o Brasil quebrar, com certeza quebra em primeiro lugar para o povão; previdencia, saúde, educação, desmontados e o estado falido, ou em casos mais graves hiperinflação, confisco de poupança, como aconteceu na Argentina no corralito, desemprego e quebradeira de empresas em massa, violência explodindo nas ruas, credores furiosos exigindo seu dinheiro de volta, moratória, etc. 

        Não é uma brincadeirinha, é real o risco disto acontecer.

  7. “mais pobres”?

    “Mais pobres” do que quem? “mais jovens” em relação a  qual idade? A Presidenta eleita tem de considerar os pobres, pobres mesmo, os velhos, as crianças, os jovens que escutam, o proletariado, e todos os excluídos.

  8. Datafolha?

    … passo … não faz 6 meses eles fizeram pior que o Dataprado, Dilma tinha 90% de brasileiros querendo ela na guilhotina, e agora essa “recuperação”… sei.

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