Lava Jato provocou 50 mil demissões no setor naval em apenas três anos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Reprodução

Jornal GGN – Obras inacabadas, canteiros vazios, estaleiros sem pagamentos, demissão de 50 mil pessoas em três anos. Este é o cenário do setor naval após dois golpes: primeiro, o da Lava Jato sobre a Petrobras e outras gigantes brasileiras. Segundo, o do impeachment de Dilma Rousseff, que levou Michel Temer ao poder e, com ele, mudanças na política de conteúdo local, na própria estatal de petróleo e nos leilões que agora permitem a concorrência internacional. É o que relata a jornalista Leila Coimbra em reportagem publicada pelo Poder 360, neste domingo (2).

Por Leila Coimbra

Atingido por Lava Jato e competição no exterior, setor naval afunda
 
No Poder 360
 
Afetada diretamente pela Operação Lava Jato, a indústria naval brasileira demitiu mais de 50 mil pessoas desde 2014, quando a área de petróleo atingiu seu pico de encomendas.
 
Agonizando, o setor recebeu novo golpe neste ano: a flexibilização das regras de conteúdo local, uma obrigação contratual dos leilões que garantiam protecionismo à indústria nacional.
 
O cenário atual é de obras inacabadas, canteiros vazios e estaleiros sem receber pagamentos há 3 anos, com algumas das plataformas e navios-sonda quase prontos, mas abandonados. São encomendas de milhões de dólares.
 
O número de trabalhadores caiu de cerca quase 83 mil em 2014 para 33 mil atualmente, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). E novos postos de trabalho são encerrados mês a mês.
 
O governo pretende realizar 4 leilões de exploração de petróleo neste ano, sendo 2 no pré-sal. A notícia, no entanto, não agradou ao setor.
 
Para tornar os blocos  mais atrativos às petroleiras no leilão (estrangeiras, inclusive), houve a flexibilização da exigência de contratação no país. As empresas de petróleo, lideradas pela Petrobras, dizem que os custos no Brasil são até 40% mais caros. Os que defendem o protecionismo alegam que é justamente necessário fortalecer e tornar competitiva a indústria nacional do setor.
 
LAVA JATO
A agonia do setor teve início com a deflagração da Lava-Jato. Construtoras denunciadas na operação como Odebrecht, Camargo Correa, OAS e UTC, dentre outras, são sócias de muitos dos estaleiros nacionais. Além disso,  os parques de construção naval dependiam quase exclusivamente das encomendas da Petrobras, que, com prejuízos sucessivos diante da operação, foi obrigada a reduzir drasticamente seus investimentos e a vender ativos, ficando muito menor do que era.
 
O Rio de Janeiro é um dos Estados mais atingidos pela crise do setor naval, devido à dependência econômica da cadeia de petróleo. O número de estaleiros paralisados, total ou parcialmente, são pelo menos 5 (Eisa, Enseada, Vard, Promar e Aliança)
 
SETE BRASIL
Na Bahia, o estaleiro Enseada Paraguaçu, que possui dentre os sócios a Odebrecht, paralisou suas obras. O estaleiro era bastante dependente dos pedidos da Sete Brasil.
 
A Sete foi criada em 2010 para fornecer 29 sondas para a Petrobras explorar o petróleo do pré-sal. Também é alvo da Lava Jato.
 
A Petrobras é sócia e também credora da Sete. Fundos de pensão como Petros, Previ e Funcef, além de instituições financeiras como Bradesco, Santander e BTG Pactual constituíram a empresa.
 
O contrato da empresa junto à Petrobras era de aproximadamente R$ 162 bilhões, por 15 anos. O diretor de operações da Sete era Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. Siria

    Seis meses depois que começaram as primeiras manisfestações da primavera árabe, eu comentei: isso não vai acabar bem.

    Dito e feito, aquela região do planeta acabou, só um plano Marshal para reestabelecer vida por ali de novo.

    Na nossa terra brasilis, vi esta história de lava lava e logo disse: isso não vai acabar bem.

    Para sairmos desta enrascada só um plano vergonha na cara, para quem concordou com o juizeco e com essa onda de moralismo de bordel que se instalou no pais.

    Agora, tanto em Alepo quanto no Brasil não haverá plano Marshal suficiente, para curar a vergonha de ter acreditado numa estória da carochinha que FERROU tanta gente.

  2. Em 3 anos Lava Jato desempregou 740 mil brasileiros

    Em 3 anos Lava Jato desempregou 740 mil brasileiros

    Alguém me explica porque nossa zelite zelote não defendeu o interesse nacional durante a dilapidação da rede de petróleo e gás pela Lava Jato, com a mesma determinação com que defendeu o setor de carnes na operação Carne Fraca…

     

    A própósito

    Em três anos de operação, a Lava Jato deixou um rastro de 740 mil demissões; cerca de 300 mil nas empreiteiras envolvidas — Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Engevix, Queiroz Galvão e UTC.

    Só na Odebrecht, cerca de 100 mil funcionários foram mandados embora desde que a operação teve início.

    Como as informações referentes a 2016 estão disponíveis para apenas parte do grupo – Andrade, UTC e Engevix enviaram números atualizados e os dados da Odebrecht foram coletados com fontes do setor – o saldo negativo é certamente superior. Para efeito de comparação, a Associação das Empresas de Serviços de Petróleo estima que o setor de óleo e gás, outro que reduziu drasticamente de tamanho desde o início da operação, perdeu 440 mil empregos entre 2013 e 2016.

    As informações são de reportagem do Valor.

    “Proporcionalmente, o maior corte foi feito pela Engevix, que reduziu o quadro de funcionários de 3,5 mil para 469, queda de mais de 80%. Em termos absolutos, o saldo mais negativo foi o da Andrade Gutierrez, que fechou 144,9 mil dos 251,9 mil postos que mantinha em 2013. A assessoria de imprensa da empresa ressalta que a estimativa para o dado fechado de 2016 é parcial, e que a redução de pessoal entre 20% e 25% na comparação com 2015 inclui desinvestimentos e vendas de ativos feitos pelo grupo no ano passado.

    Na UTC, o volume de colaboradores encolheu de 27,4 mil em 2013 para 8,3 mil no ano passado, queda de 70%. O grupo Odebrecht reduziu o quadro a 85 mil em 2016, depois de registrar 181,5 mil contratados em 2013, entre engenheiros, profissionais de recursos humanos, de áreas administrativas e trabalhadores da construção civil. O número, contudo, não é oficial.

    Procurada, a empresa afirmou que o último dado disponível é o de 2015. ‘Nos últimos três anos houve forte impacto da crise econômica sobre as empresas e o emprego no Brasil. O PIB teve queda acumulada de 7,2% apenas de 2015 para cá. O resultado é que hoje temos no país 13 milhões de desempregados. A crise repercutiu de forma diferente em cada empresa e em cada setor da economia. Em alguns casos, houve mesmo desligamentos por aumento de produtividade, venda de empresas e mudança de rumo de políticas públicas. Em outros houve até expansão de negócios e contratações. Ainda estamos fazendo um levantamento desses impactos’, diz a nota.”

     

    VIA Brasil 247

    http://www.fup.org.br/ultimas-noticias/item/20816-em-tres-anos-de-lava-jato-740-mil-demissoes

     

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    Em 2015 a Lava Jato já havia dado prejuizo de 140 bi de reais

    http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/08/impacto-da-lava-jato-no-pib-pode-passar-de-r-140-bilhoes-diz-estudo.html?keepThis=true&TB_iframe=true&height=650&width=1000&caption=G1+%26gt%3B+Pol%C3%ADtica

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    Se é verdade que a Lava Jato recuperou 10 bi, kd o dinheiro,,,foi parar nos bolsos dos delatores premiados? A Petrobrás só recebeu 661 milhões de reais….

    https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/11/22/dinheiro-devolvido-pela-lava-jato-a-petrobras-e-16-de-prejuizo-com-corrupcao.htm

     

     

  3. Foi a Lava Jato ou a

    Foi a Lava Jato ou a desastrada política econômica de Dilma que nos colocou nesse buraco. Falta mais vergonha na cara dos petistas nos levaram a essa situação do que produtos de primeira necessidade na Venezuela.

    O petista autêntico é antes de tudo um prestidigitador, um farsante que tenta vender verdades para incautos. Pode funcionar dentro da bolha onde todos falam o que todos querem ouvir, mas no mundo real o discurso já foi enterrado faz tempo.

    1. foi….

      Não foi somente Lava Jato não. Apesar que ajudou muito nestes números. O que temos aqui é uma Esquerdopatia Tupiniquim Anti-Capitalista que nunca projetou o futuro do país através da industrialização, meritocracia, desenvolvimento, nacionalismo, produção tecnológivca e melhorias sociais com aumento e ganhos econômicos através de salários. E para ter salários é preciso ter empregos. E para ter empregos é preciso ter produção industrial e comercial sistemáticas. Inclusive na agropecuária. O ataque à indústria naval é o ataque ao agronegócio e à indústria nacional  Páis sem rumo, bate cabeça sem saber para onde ir. O espetáculo de bipolaridade é explicável. .   

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      https://jornalggn.com.br/blog/jose-carlos-lima/os-numeros-nao-mentem-os-golpistas-tomaram-de-assalto-um-pais-equilibrado-economicamente

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    Saiba mais

     

    http://www.brasildamudanca.com.br/pre-sal/impacto-positivo-sobre-18-setores-da-economia

     

     

     

     

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