Presidente do BC viola contexto do gráfico coronavírus x economia

Campos Neto sugere a investidores que salvar vidas é ruim para a economia, usando gráfico desenvolvimento para derrubar a falsa escolha entre um ou outro

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos e comissão Mista de Orçamento.

Jornal GGN – Em reunião com investidores da XP, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto violou o contexto do gráfico que mostra o achatamento da curva de casos de coronavírus com ou sem a adoção de medidas de mitigação. E aproveitou para sugerir ao mercado financeiro que salvar vidas tem um efeito negativo sobre a economia.

Em reportagem divulgada nesta quinta (16), o Intercept Brasil destacou que o gráfico usado por Campos foi retirado de um estudo que indica ser uma falsa escolha discutir se a prioridade é salvar vidas ou a economia.

“Os pesquisadores concluem sem deixar margem para dúvidas que a recessão causada pela quarentena é uma ‘medida de saúde pública necessária’ e que perder vidas para preservar a economia não deve sequer ser uma opção considerada pelos líderes mundiais”, afirmaram.

Ao investidores da XP, Campos Neto tratou salvar vidas em vez da economia como uma “troca que está sendo considerada”.

“O consenso entre os autores do livro é de que os líderes mundiais devem agir rápido e fazer todo o possível para manter a economia viva durante a pandemia, principalmente mantendo empregos. Mas isso deve sempre levar em conta as medidas de contenção da pandemia. Não observá-las não é uma opção, concordam os pesquisadores cuja tese Campos Neto violentou”, reportou Amanda Audi.

Para Monica de Bolle, Campos Netto “passa um recado totalmente equivocado e deixa no ar a mensagem para os investidores pressionarem o governo pelo fim do isolamento social”.

Leia mais: O modelo furado do BC para medir os efeitos econômicos do coronavírus

Redação

6 Comentários

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  1. Pelo menos, ontem, foi revogado um dispositivo da MP 930 que protegia os servidores e diretores do BC pela MP 951 que protegeriam caso decisões econômicas viessem a causar mortes…

    CAPÍTULO II

    DA PROTEÇÃO DOS SERVIDORES DO BANCO CENTRAL DO BRASIL

    (Revogado pela Medida Provisória nº 951, de 2020)

    Art. 3º Ressalvadas as hipóteses de dolo ou de fraude, os integrantes da Diretoria Colegiada e os servidores do Banco Central do Brasil não serão passíveis de responsabilização por atos praticados no exercício de suas atribuições, exceto pelos respectivos órgãos correcionais ou disciplinares. (Revogado pela Medida Provisória nº 951, de 2020)

    Parágrafo único. O disposto no caput será aplicável enquanto perdurarem os efeitos das ações, linhas de assistência e programas adotados pelo Banco Central do Brasil em resposta à crise decorrente da pandemia da covid-19 e não afasta a responsabilidade criminal. (Revogado pela Medida Provisória nº 951, de 2020)

  2. A “Economia” em tempos normais (sem Covid) varia enormemente de país para país.
    As razões são múltiplas e polêmicas.
    Neste “globo cada vez mais global”, tem sido mais freguente “pancrises” (ou “pandecrises”) que afetam quase todos de uma forma mais semelhante, embora com impactos desiguais.
    Lembremos por ex. a crise de 2008 que no Brasil foi recebida como uma marolinha pelo premio Nobel de Economia pernambucano Inácio da Silva, com um crescimento de PIB de ~9%.
    Já (por ex.) a Grécia…
    Usar um modelo qualquer pode até ser um exercício interessante entre poucas variáveis.
    O problema é que não conseguimos colocar todas as demais.
    Como, por exemplo, a de sair da crise como este (des)governo.
    Ou a aquela outra de Deus ser ou não ser brasileiro”…”

  3. Existe coisa mais covarde do que pedir o fim do isolamento social numa carreata, dentro de carros com vidros fechados e usando mascara?
    Basicamente essa classe pede o fim do isolamento para os seus empregados voltem a trabalhar enquanto ficam isolados do resto da sociedade deixando o resto morrer.

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