PT não pode vencer as eleições em 2018, por Wanderley Guilherme dos Santos

Jornal GGN – A cláusula pétrea do golpe é que o PT não pode sair vitorioso nas eleições de 2018. Essa é a opinião do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos. “O PT não pode, em hipótese alguma, sair vitorioso das eleições, em 2018”, disse no blog Segunda Opinião.

“Enquanto houver tempo, as múltiplas investigações-filhotes, utilizando a mesma metodologia, buscarão mascarar a tirania jurídica com narrativas aberrantes, certas da eficácia da imprensa na tarefa de agitação e propaganda. A matéria principal, diariamente, repetirá a calúnia de que o maior partido a representar as camadas populares foi o patrono de gigantesco assalto aos recursos da Nação”.

Para ele, quem se beneficiava dos desvios e do caixa 2 eram os marqueteiros dos partidos, fato que Sérgio Moro escolheu ignorar. “Eram cientes da legislação imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral, compelindo os partidos, na prática, a fabricar recursos, via caixa 2, com que cobrir os orçamentos extorsivos das campanhas. Com o caixa 2, crime eleitoral, surgiam oportunidades para ilegalidades propriamente penais. Mas o grosso dos crimes eleitorais, milhões de reais ilegalmente apurados, destinavam-se às contas bancárias dos marqueteiros, crime catalogado em inúmeras rubricas do Código Penal”.

Abaixo, a íntegra do artigo:

Do Segunda Opinião

O PT e a cláusula pétrea do golpe

Por Wanderley Guilherme dos Santos

O Partido dos Trabalhadores não pode sair vitorioso das eleições de 2018 – essa é cláusula pétrea do golpe. Essa é a razão da impunidade de todos os arbítrios e sobre a qual até a oposição teme discursar.  A intenção de liquidar eleitoralmente o Partido dos Trabalhadores seria materializada pela exposição de pessoas alegadamente suspeitas a ações repressivas cinematográficas, com excepcional cobertura da mídia. Os associados à força-tarefa Lava-Jato apostavam no caráter fluído das elites brasileiras. Consagrada a investigação como impoluto cerco à imoralidade política, ninguém desafiaria a acusação de complacência com a corrupção, criticando o modo de trabalhar inaugurado pelos procuradores ou a audácia do Juiz Sergio Moro. Acertaram na mosca. Hoje, as elites econômicas, políticas e jurídicas dão embaraçosos espetáculos de covardia, mal disfarçada em contorcida linguagem técnica. Creio que a maioria empresarial apoia por interesse, a minoria por covardia; os políticos, em sua maioria absoluta, aplaudem por histórico padrão de interesse e covardia, em porções variáveis. E a elite jurídica brasileira, servil, como de hábito, até o último átomo de sua alma transfigurada.

Mas a dose tem sido insuficiente e, depois de tanta arbitrariedade, aos usurpadores do poder executivo, aos homiziados na burocracia, aos acocorados juízes e, diretamente, aos associados às violências da Lava-Jato, não restará convincente subterfúgio jurídico a ampará-los, em desfecho contrário ao plano. Por isso, a decisão tácita de procuradores, do Ministério Público, das instâncias superiores do aparelho jurídico, do Executivo, do Legislativo e da imprensa, é radical e pétrea: o PT não pode, em hipótese alguma, sair vitorioso das eleições, em 2018. Enquanto houver tempo, as múltiplas investigações-filhotes, utilizando a mesma metodologia, buscarão mascarar a tirania jurídica com narrativas aberrantes, certas da eficácia da imprensa na tarefa de agitação e propaganda. A matéria principal, diariamente, repetirá a calúnia de que o maior partido a representar as camadas populares foi o patrono de gigantesco assalto aos recursos da Nação.

Sergio Moro escolheu ignorar que a corriola de marqueteiros detinha o domínio dos fatos. Eram cientes da legislação imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral, compelindo os partidos, na prática, a fabricar recursos, via caixa 2, com que cobrir os orçamentos extorsivos das campanhas. Com o caixa 2, crime eleitoral, surgiam oportunidades para ilegalidades propriamente penais. Mas o grosso dos crimes eleitorais, milhões de reais ilegalmente apurados, destinavam-se às contas bancárias dos marqueteiros, crime catalogado em inúmeras rubricas do Código Penal. Os orçamentos exorbitantes, explorando oportunidade de extorsão criada pela legislação (basicamente, tempo de televisão como moeda eleitoral + autorização para coalizões mamutes + proibição de fundo comum de recursos= caixa 2), estão na origem da maioria dos crimes cometidos. Mas, beneficiária das fortunas contrabandeadas, com pleno domínio dos fatos, a corriola de marqueteiros está livre e passa bem.

Em outro cenário, o delinquente Alberto Youssef e altos funcionários da Petrobrás, organizados à socapa dos partidos, promoveram a predação da empresa em escala de rara comparação internacional. Cinco ou seis cabeças formavam o estado-maior da quadrilha, atuando coordenadamente, por confissões e provas irrefutáveis. Durante anos. Foram julgados, condenados, e premiados pelo Juiz Sergio Moro com tornozeleiras domésticas, não obstante deterem o domínio e o usufruto dos fatos devastadores da Petrobrás. Não copiavam a prática dos marqueteiros. As oportunidades de roubo estavam nas licitações para compras e para obras. Juntar as duas quadrilhas serve para confundir o público e libertar os principais criminosos dos dois grupos. O que tem Nestor Cerveró a ver com as campanhas eleitorais? Rigorosamente, nada.  E qual o interesse de personagens como Duda Mendonça e João Santana em licitações de sondas de petróleo? Nenhum.  Duas árvores de frutas podres, elas compõem os subsistemas de corrupção que, associados a políticos cafetões das legendas, reduziram os partidos a marionetes, espremidos entre a legislação, a extorsão marqueteira e a competição selvagem de grupos capitalistas, traduzida em investimento nas campanhas. A mágica transformação dessa complexa rede de empresários, marqueteiros, construtoras, e políticos com alguma influência, em projeto clandestino de um único partido materializa o plano de destruir a representação popular.

Dilma Rousseff não enfrentou problemas no Legislativo para aprovar a lei antiterrorismo, codinome de repressão a movimentos reivindicatórios. Com a proximidade das eleições de 2018, a Lava-Jato buscará o pódio da glória, tendo dizimado as expectativas eleitorais dos partidos populares. Ou, não. Se não, a lei antiterrorismo será mobilizada para reprimir manifestações dos eleitores simpáticos ao PT e a aliados. E se ainda for pouco, o governo de Michel Temer recorrerá ao “estado de defesa”, evocando capítulo amargo da Constituição. A cláusula pétrea golpista é inegociável: o Partido dos Trabalhadores não pode, em hipótese alguma, sair vitorioso em 2018.

Redação

3 Comentários

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  1. Os valores referência
    Classicamente, o valor referência para qualquer direita civilizada, programática e democrática é, credulamente, a liberdade. Inclusive para dispor dos próprios bens. Para esquerda, a igualdade é que ocorre ser cara.

    A direita nacional atual é tão eminentemente vagabunda que o valor referência para ela é a propriedade. Não a liberdade..

  2. O PT não pode vencer as eleições em 2018

    A plutocracia não vai deixar. Nem que tenha que mergulhar o país na ditadura como fez em 64. Nem que tenha que eliminar lideranças como JK. Nem que tenha que destruir empresas brasileiras que geram milhares de empregos diretos e muitos mais indiretamente. Nem que tenha que tenha que desmoralizar publicamente a justiça e deixar claro que ela é partidária, covarde e serviçal dos plutocratas. Nem que tenha que destruir uma democracia jovem, imperfeita, mas que desabrochava aos poucos. Nem que prejudique o PIB do país, não somente por um ano, mas por muitos anos futuros. Mesmo que condene um povo sofrido a uma degradação ainda maior dos serviços básicos de educação e saúde, e comprometa o futuro do país por décadas. Mesmo que exponha o país internacionalmente ao ridículo, com um golpe jurídico-midiático-parlamentar. Mesmo que seja obrigada a criar realidades virtuais com o auxílio da sua sicária, que é a nossa venal mídia hegemônica.

    Mas tem um detalhe, se existirem eleições livres, a plutocracia vai ter dificuldades grandes de eleger seus candidatos. Cada vez menos a mídia hegemônica é lida ou assistida. Existe uma nova geração que se informa e se mobiliza pela Internet. Um país novo vai surgir e talvez tarde demais a plutocracia vai perceber que deu um tiro no pé.

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