Paradoxo do mentiroso, por Sr. Semana

“É simples assim: um manda e o outro obedece”.

Paradoxo do mentiroso

por Sr. Semana

Ex-ministro: — Durante a minha gestão o presidente da república jamais interferiu nas orientações e decisões do Ministério da Saúde relativas ao enfrentamento da pandemia.

Senador: — E quais eram estas orientações?

Ex-ministro: — Uso de máscara, higienização, isolamento social quando possível e vacinação em massa quando disponível.

Senador: — No dia 20 de outubro de 2020 V. Exa. anunciou a compra de vacinas CoronaVac produzidas pelo instituto Butantã. No dia 21 o presidente declarou publicamente que esta compra não seria realizada. No dia 22 o presidente declarou ter mandado cancelar a compra e V. Exa. disse: “É simples assim: um manda e o outro obedece”. Este não foi um caso de interferência do presidente na gestão do Ministério da Saúde sob a gestão de V. Exa.?

Ex-ministro: — Não. A decisão foi autônoma e técnica, justificada pela ausência de legislação que amparasse a compra.

Senador: — V. Exa. considera verdadeiro o princípio da não-contradição, formulado pelo filósofo Aristóteles, segundo o qual o mesmo fato não pode ser verdadeiro e falso ao mesmo tempo?

Ex-ministro — Considero.

Senador—Então V. Exa. concorda que ou bem V. Exa. está mentindo ou bem está implicitamente dizendo que o presidente da república é um mentiroso contumaz, pois anuncia publicamente que interferirá na compra do Ministério, no dia seguinte diz que interferiu, mas de fato não fez nenhuma interferência?

Ex-ministro — Senador, vou dizer uma verdade a V. Exa.: é verdade que estou mentindo agora.  

Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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