Rio de Janeiro toldado em suas maravilhas, lágrima 1, por Rui Daher
Não, não, até aqui, não perdi ninguém próximo a mim vítima da Covid-19. Infecções sim, mas leves.
Diante de tantas tristezas reportadas em folhas e telas cotidianas, vejo uma pessoa em quem, apesar de nunca ter alimentado ódio por alguém, não me importaria liberar Harmônica para uma bala fatal na testa.
Tal verme não é vírus, verme, genuíno ou Cida. Apenas um imbecil que enganou milhões de brasileiros. Nossa capacidade de errar e perder oportunidades históricas é infinita.
Costumo escrever à noite, após a lida do trabalho profissional. Hoje, porém, tarde e meia, Lava-Jato (aqueles de verdade e não engodos curitibanos) vizinho à minha casa, mostra-se silente e me remete a matéria da TV Globo que, pela manhã, assisti sobre a não presença de seres humanos nas praias do Rio de Janeiro.
Intermezzo: sou apaixonado pela Cidade Maravilhosa.
Desde que adolescente, tio gaúcho que lá morava me convidava para passar as férias lá. Copacabana. Íamos, eu e meus dois primos, seus filhos.
Estávamos na melhor cidade do planeta, que Claude Lévi-Strauss não pode entender. Praias, passeios, futebol na areia e, à noite, no calçadão adoráveis prostitutas que faziam a nós, púberes ou adolescentes, salivar e mais tarde corrermos para uma masturbação.
Bares, vendinhas, quitandas, bancas de jornais, desenhos de calçadas, galerias nada majestosas, por muitos paulistas ditos infectos, a nós pareciam o paraíso.
Para o futebol de final de tarde, apesar de imigrantes, logo éramos enturmados e bem-vindos pelos locais carregados de erres e esses. Camisetas, chinelos, tocos de madeira, marcavam as traves, goleiras, os vários termos que percorrem este maravilhoso país, hoje em dia trevoso.
Suados, no final do jogo, atenção (!) homens ao mar.
Depois disso, ao longo do tempo, sempre dei um jeito de ir ao Rio de Janeiro. Lembro de réveillon com Cléo e nossos três filhos em hotel no finalzinho do Posto 6. Também do aniversário de querida amiga paulistana, que para lá nos levou em delicioso evento em Santa Tereza. Vixe, ia me esquecendo da noite (fracassada) de autógrafos do “Dominó de Botequim”, num restaurante em Botafogo. Mas, tem nada não, fui feliz. Afinal, era o Rio de Janeiro.
Depois da fase juvenil, voltei inúmeras vezes ao Rio. Santos Dumont, calor, terno e gravata, suor, dependendo da distância caminhava -prédio da OAB – ou pegava um táxi até o Triângulo das Bermudas. Consultor, lá estava para ganhar o sustento. Estranhava a palidez dos que me recebiam: “porra, essa gente não vai à praia, não tomam sol, se bronzeiam”?
Nunca entendi. Paulistanos talvez, que tivessem aprendido o sotaque carioca.
Aviso aos navegantes: escrevo à tarde. Fosse à noite já estaria em lágrimas à cause de motivos vários. Quem me segue deve ter entendido quais.
Mesmo assim, interrompo-me para enxugar os olhos.
Não entrarei no mérito da decisão do prefeito. Deve saber onde aperta seu calo e o apoio federal que não recebe.
Impossível, porém, não chorar vendo Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon, Pontal, interditadas e vazias. Policiais reprendendo os que ousam surfar nos amores que vêm “em ondas sobre o mar”.
Triste de chorar.
Inté! Volto.
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