O livro sobre as glórias do Cruzeiro

do blog Jornaliskra

A família que pegou o livro azul

Crônica sobre o lançamento do livro “Tricampeão Brasileiro”, do Cruzeiro Esporte Clube, no último dia 23 de janeiro, em Belo Horizonte.
Desde o alto da sua soberba, meu irmão escreveu um livro azul e branco. Completo. Enquanto eu se pudesse, desde a minha humildade, escreveria um livro preto e branco. Estamos em lados opostos de um mesmo campo de futebol. E ele foi com tudo, sem se importar com ninguém, arrogância em si atada, pegou e rasgou em letras todo um livro azul e branco, e homenageou uma família inteira, uma renca de parentes, todos eles azuizinhos e mineiros. Enquanto isso, meu irmão deixou essa torcida azul-celeste pensar que era tudo somente por ela – torcedor vive sempre em uma ilusão sem fim. E eu aqui, modestamente sozinha, e muito insistente, sou mesmo é preto e branco. Afirmo. E isolada, sem jamais baixar a bola do desafio em pleno jogo, assisti quieta a repercussão midiática, também azul e branco de dar enjoo, desde a terra dos hermanos argentinos. Pior ovelha não haverá.
Então, de longe, folheio o livro azul e branco surgido de uma impressionante capacidade momentânea e espontânea, redigido com punho e firmeza de ser um livro-instante-eterno. Meu irmão se virou em todos esses tempos! Atrevimento quase comparado ao da minha contínua afirmação em branco e negro.
Além do mais, somos também uma luta de audácias. Esse livro azul vai percorrer as prateleiras dos nossos familiares e conhecidos, vai ter seu tempo de muito pó em cima, vai ser esquecido, porque nostalgia custa um esparramo de sentir; e quando também não puder ser evitado com gosto admirável será relembrado. Mas, de novo um aviso aos desavisados torcedores, não se enganem, esse livro azul e branco é uma fachada. Ele esconde uma história: quem escreveu tem relatos azuizinhos e cheios de gritos no Mineirão, e até gritos que não podem se repetir, porque família tem dessas coisas estapafúrdias daqueles que não estão mais presentes. Memória. Esse livro é isso, um resumo de memórias escondidas de um escritor mineiramente introspectivo e que não vai dividir com ninguém muitas verdades azuis e brancas. Porque sempre haverá aquilo que nos esquecemos de dizer, cantaria Lô Borges, azulando em composição, e também sempre existirão aquelas palavras que o vento leva, mas também às vezes nos vem dizer.

 

 

*Texto dedicado ao meu tio Jairzinho e ao meu irmão Bruno Mateus. E muito obrigada ao jornalista Luis Nassif, que me sugeriu a escritura de tal texto.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  • Heli - cóptero azul!

    "Esse livro azul vai percorrer as prateleiras dos nossos familiares e conhecidos, vai ter seu tempo de muito pó em cima....."

     

    Helí-cóptero Azul

    O pó na cabeça!

    O pó na cabeça!

    • Sou Cruzeirense.
       
      Mas

      Sou Cruzeirense.

       

      Mas prefiro estar na segundona a ser compeão com $$$ de drogas.

       

      Zeze Perrela, esgoto.

       

      Saudações

  • A Nação Azul

    Heli. Dizem todas as pesquisasa até aqui realizadas que a Nação Azul está montada em aproximados 8 milhões de torcedores declarados. Quantos tem helicóptero? Não precisa responder. Mas respeito é bom e é dever de todos.

    • Torcedores

      Já fui torcedor do Cruzeiro até o jogo contra Vasco. Respeito o Clube e sua torcida, mas, o Clube é outra coisa diferente da cartolagem e do negócio em que se converteu o futebol.

      A minha mulher, que é Atleticana fanática, torce pelo time de Voley do Cruzeiro, e eu também, pois isso é mesmo uma atividade esportiva e saudável.

      Sobre o helicóptero, é claro que não tem nada a ver com o Clube nem com os torcedores, mas sim com os outros aspectos nefastos relatados acima.

      • SEMPRE O VASCO

        Alexis, você está se referindo ao último jogo do Cruzeiro contra o Vasco. Mas tem aquele famoso Vasco e Cruzeiro, final do campeonato brasileiro de 1975. O jogo estava marcado para o Mineirão, mas o Eurico Mirando conseguiu levá-lo para o Maracanã. Ao Cruzeiro bastava um empate. Aos 45 minutos do segundo tempo o Cruzeiro empatou, mas o viadinho do Armando Marques anulou o gol, dizendo que houve impedimento, quando na verdade a bola foi cruzada da linha de fundo e a jogada foi completada da pequena área. Ninguém falou nada, e o Vasco sagrou-se campeão brasileiro.

        Como você vê, safadeza da Diretoria do Cruzeiro vem de longe, mas nem por isto vou deixar de torcer para o Cruzeiro,

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