Carnaval em Sampa, por Walter Sorrentino

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Carnaval em Sampa, por Walter Sorrentino

O carnaval na cidade de São Paulo já se fez monumental. Milhões de pessoas vão pelas ruas, já a maior multidão em todo o Brasil em carnaval.

Antes, mesmo os que só se referiam ao Sambódromo, eram levados a não perceber a multitude do samba paulistanos e suas grandes expressões, entre as quais Leci Brandão.

Agora, alguns dizem disfarçadamente que ainda é “careta” ou, quem sabe, “bem comportado”.

Não creio. O êxtase e alegria de milhões são feitos pelo que marca a paulistanidade: multidiversidade expansiva, pluralidade livre e acolhedora, sem abadás nem corda, sem cervejas em garrafas e arrastões. Enfim, só se incrementou com a condição de manifstação civilizada.

O que nem todos percebem é que isso não caiu do céu. Em 2012 – portanto há 6 anos – isso não existia. Por que explodiu assim?

Até 2012, na gestão Kassab, ainda vigorava o salve-se quem puder das manifestações públicas como no carnaval. Para essa gente, Cultura (assim como Esportes e Lazer), era para “pequenos círculos”.

Sampa sempre foi caracterizada, com as exceções de praxe das três gestões da esquerda na prefeitura, por áreas-nicho, mantidas por interesses privados – Itaim Bibi, Nova Conceição por exemplo – e privatizantes-excludentes do espaço público para garantia de segurança dos bam-bam-bans. Lembro de dois exemplos bárbaros: a turma da elite de Higienópolis contra estação de metrô naquela região; ou líderes de um movimento contra pontos de ônibus na avenida Europa para salvaguardar a segurança das crianças face ao populacho. Com João Dória prefeito a coisa foi ao zênite.

O poder e as políticas públicas fizeram esse salto quântico no carnaval em Sampa, a partir da gestão Fernando Haddad-Nádia Campeão. “O cara” para construí-lo foi Juca Ferreira, que havia vindo da condição de Ministro da Cultura e fora para a Espanha. O apoio do governo foi total. Quer dizer, sem imposições burocráticas e autoritárias, sem facilitar com certa anarquia que podia se instalar.

Edital de chamamento para os Blocos de Rua, cadastramento de todos, indicação de responsáveis pelo cumprimento da normatização, agenda organizada, tudo feito democraticamente com os próprios Blocos, controle de objetos como garrafas, criando regras para a segurança dos foliões e do público em geral, para um carnaval alegre e seguro – essa foi a exigência.

A vice-prefeita da época Nadja Campeão explicou que “os numerosos blocos cadastrados foram orientados para buscar as formas de arcar com seus custos e não poderiam restringir, de nenhuma forma, o acesso de pessoas, nem com cordas, nem com demarcação de qualquer espaço”. Sem abadás, nem cordas.

O público prejudicado pela fechamento de vias teve tolerância, até porque a sinalização dos desvios em determinadas regiões e horários, o que expressa o forte trabalho multidisciplinar do governo da cidade e de agentes da sociedade civil.

Deu no que deu. Dá para ser mais civilizado e tolerante em São Paulo, desde que o Poder Público se dê, antes de todos, ao respeito.

 
Redação

2 Comentários

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  1. È, não reconhecem que foi o

    È, não reconhecem que foi o Haddad….

     

    Mas tem um anúncio em certa radio rock de bloco vendendo camiseta, dizem que é para cobrir custos, muito ruim isso de identificar pessoas por um uniforme, daqui a pouco fica igual o carnaval da Bahia, cada qual puxando o seu cadinho……não pode…..

  2. carnaval…..

    6 mortes ligadas ao Carnaval e ele nem começou. Coloquem o tal Carnaval em frente às casas das Autoridades Públicas, assim como os tais Bailes Funk, e depois discutiremos. Escola de Samba fazendo ensaio até as 4 da manhã em dia de semana, quando você tem que ir trabalhar. Ai sim veremos por que isto nunca ‘pegou’ em São Paulo.  

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