Delcio Carvalho foi mais do que parceiro de D. Ivone Lara, por Augusto Diniz

Delcio Carvalho foi mais do que parceiro de D. Ivone Lara

por Augusto Diniz

Completa neste domingo (12/11) quatro anos de morte de Delcio Carvalho, um dos grandes compositores de samba da geração surgida nos anos 1970.

Delcio é muito conhecido pela sua parceria com D. Ivone Lara, mas deixou nove registros fonográficos com ótimas composições com outros inúmeros sambistas do primeiro time.

É dele, por exemplo, “Esperanças perdidas”, com Adeilton Alves, cujo refrão é bastante popular: “Não posso ficar, Eu juro que não / Não posso ficar, eu tenho razão / Já fui batizado na roda de bamba / O samba é a corda e eu sou a caçamba (ouça gravação dos Originais do Samba aqui).

Na música “Dupla genial” (com Monarco) homenageia Bide e Marçal. “Pelo teu destino”, parceria com o excelente violonista Jorge Simas, Delcio canta ao lado de Elizeth Cardoso (Elizeth gravou também “Minha Verdade”, dele com D. Ivone Lara, entre outras).

Com outro parceiro, Ivor Lancelotti, fez várias músicas, como “Clarão” – Alcione gravou (ouça aqui).

Cantor da noite, andou por bares e gafieiras. No início da carreira conheceu sambistas por excelência, como Mestre Marçal e Silas de Oliveira – o primeiro apresentou ele a D. Ivone Lara. O segundo tinha profunda admiração. Após a morte de Silas de Oliveira, em 1972, Delcio fez a primeira parte de uma canção emblemática, que D. Ivone Lara completou. Chama-se “Alvorecer” – foi a primeira música da dupla.

O cantor Roberto Ribeiro era conterrâneo de Delcio Carvalho. Ambos nasceram em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, quando a região era um imenso canavial – não à toa Delcio chegou a ser cortador de cana. Roberto Ribeiro foi goleiro do time local Americano. Ambos se conheceram ainda naquela cidade.

Roberto Ribeiro gravou “Liberdade” e “Acreditar”, de Delcio com D. Ivone Lara. Mas “Dor de amor”, de Delcio Carvalho e Dedé da Portela, talvez seja um dos sambas mais bonitos registrados por Roberto Ribeiro – ouça aqui.  

“Sonho meu” tem a sua mais marcante gravação num duo de Maria Bethânia e Gal Costa – outra obra prima composto por Delcio e D. Ivone Lara.

Delcio Carvalho era simples, entendia tudo de música e até antes de morrer circulava quase que incansavelmente por rodas de samba. Foi muito conhecido no meio do samba, mas sua obra não conseguiu alcançar a estatura que é ela tem de fato.

Redação

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