Diplomatie, um grande filme sobre a libertação de Paris, por André Araújo

Por André Araújo

Um dos episódios simbólicos da Segunda Guerra foi a libertação de Paris em agosto de 1944. Sobre o evento já foram feitos bons filmes. Uma produção franco-alemã de 2014, DIPLOMATIE, foca no episódio que salvou Paris da destruição por implosão segundo ordens expressas de Adolf Hitler ao Governador militar da cidade, General Dietrich von Choltitz. O filme mostra os momentos cruciais em que essa decisão foi desobedecida pelo General, com risco de sua vida e de sua esposa e filhos que ficaram na Alemanha. Quem o convenceu a desobedecer foi Raoul Nordling, Cônsul Geral da Suécia em Paris. A dramática e verdadeira história é captada com maestria pelo filme, com dois ótimos artistas franceses, Niels Arestrup como o General Choltitz e Andre Dussellier como Nordling.

A ordem de Hitler era dinamitar 32 das 33 pontes sobre o Sena, a Catedral de Notre Dame, o Louvre, o Palácio Luxemburgo, a Torre Eiffel, a Câmara dos Deputados, o Arco do Triunfo, os Inválidos. A destruição das pontes represaria o Rio Sena com os entulhos e em duas horas Paris estaria inundada, a previsão de mortos era de um milhão. As bombas e dispositivos já estavam colocados nos edifícios, pontes e monumentos e as equipes de demolição definidas. 300 torpedos navais tinham sido transportados para Paris para serem detonados dentro dos túneis do Metrô.

O processo de convencimento do General é o eixo central do filme. Uma belíssima produção para quem gosta de temas políticos de envergadura histórica. O filme anterior “Paris está em chamas?” é mais longo e cobre um espaço maior de acontecimentos, incluindo a luta entre os gaulistas e a Resistência comunista que queria tomar a cidade antes de De Gaulle.

 

Os americanos já tinham chegado aos arredores da cidade, mas a pedido de De Gaulle, não entraram em Paris que, segundo o General, tinha que ser libertada por franceses e não por americanos.  Recomendo o filme porque vão gostar.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

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  • Ainda bem que esse plano não

    Ainda bem que esse plano não foi adiante! A França deveria forjar uma estátua de bronze para esses dois, se é que já não o fizeram. Como imaginar um mundo sem o Louvre, sem Notre Dame, sem Torre Eiffel?

  • Já assisti...

    ...e é uma beleza!

    O conflito entre obedecer uma ordem superior e fazer o que é certo é mostrado com maestria pelo ator que faz Choltitz, e o que faz o cônsul exprime bem a angústia que deve ter acometido o verdadeiro Nordling naquela noite...

    Mais que recomendado!!!

  • Diplomacia

    Apesar de “Diplomacia” não ser um grande filme – é praticamente uma peça teatral filmada - , tem o mérito de tocar em uma ou outra desconcertante hipocrisia francesa durante o período da ocupação alemã.

    Particularmente, atente-se para o trecho do diálogo entre Choltitz e Nordling em que o general  diz que Paris recebeu os alemães de pernas abertas feito uma prostitua.

    O filme também denuncia a cômoda ambiguidade do intelectual e oficial da Wehrmacht Ernst Jünger frente ao nazismo.

    Boa recomendação do André Araújo.

    ...

    Não consta do filme, mas cabe lembrar: entre os últimos defensores da Chancelaria do Reich, estava ao menos um batalhão de voluntários da divisão francesa das Waffen-SS (Waffen-Grenadier-Division der SS "Charlemagne").

    Com relação ao comportamento do general Choltitz durante a guerra – na época retratada pelo filme, ele era o comandante da guarnição alemã de Paris, há apenas umas duas semanas - ,também cabe lembrar que, na hora de cumprir ordens, os judeus da Crimeia não puderam desfrutar do mesmo humanismo  que poupou Paris da destruição.

    Ante a ordem de executar judeus – e comissários soviéticos – Choltitz não hesitou.

    ...

    Tem surgido alguns filmes retratando cenários pouco conhecidos da Segunda Guerra Mundial.

    Como modestas sugestões, recomendaria que conferissem o estoniano “1944” e o dinamarquês “9 de Abril”- ambos disponíveis na Internet.

    • Agradeço o comentario. O

      Agradeço o comentario. O General Choltitz foi preso e condenado exatamente por suas ações na Russia, apesar do credito que teve em relação a Paris. Ressalte-se que na "fase Paris" o General já tinha consciencia de que a guerra estava perdida para a Alemanha, algo que ele não pensava na "fase Russia". Tanto no filme como nos relatos historicos o General se mostrou chocado ao ter um breve encontro com Hitler em Rastenburg logo depois do atentado de von Staufeenberg e viu um Fuhrer

      completamente transtornado e descomposto, nesse momento Choltitz viu que era o fim do nazismo, esse momento pesou na sua decisão posterior em Paris, aliás isso está relatado no filme.

  • Muita lenda, e "espanhóis"

      Que o filme é bom não se discute, mas a "libertação de Paris" tem muita lenda, pois é comprovado que Von Choltitz ao assumir o comando da "Paris Festung", em 09/08/1944, não tinha a minima condição de defender a cidade, afinal a tropa designada para a Grosse Paris, a 325a Divisão de Segurança ( estática ), de seus 4 regimentos originais, no momento só possuia 1, os outros já tinham sido aniquilados quando enviados a Falaise, tanques tinha 4 Pzkpw V ( Pantera ), que se somavam a no máximo 20.000 funcionarios de intendencia e administrativos, nem mesmo os famosos explosivos existiam em quantidade suficiente, muito menos unidades de engenharia para utilizar as poucas cargas existentes.

        Quanto aos "300 torpedos", Donitz não autorizou esta completa loucura, em uma fase da guerra que seus submarinos já tinham falta deste armamento, e seus arsenais franceses já se encontravam bloqueados ou cercados.

        A 1a unidade francesa a entrar em Paris foi a 9o Cia do "Regiment de Marché du Tchad ", comandada pelo Capt Dronne, formada em sua maioria por espanhóis republicanos veteranos da Guerra Civil Espanhola, que alistaram-se no Exército Francês Livre.

         Detalhe : Paris somente foi "libertada" devido a condicionantes politicas, pela encheção de saco de De Gaulle junto a Bedell Smith, inclusive com interferencia direta do SecState Cordell Hull, pois Eisenhower, como um bom "quartel mestre", tinha plena consciência que tal operação demadaria muitos recursos futuros, pois alimentar 4.000.000 de pessoas sobrecarregaria a cadeia logistica de suas forças, o que aconteceu.

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