Idiocracia: Darwin e a Teoria do Perfeito Idiota

 

 

Alguém já disse, com muita propriedade, que a ignorância é uma benção.


Darwin também disse que: dentre as espécies, e entre diferentes indivíduos de uma mesma espécie, a que predomina não é a mais forte ou a mais inteligente, é a que melhor se adapta.


Ninguém se adapta melhor que o perfeito idiota.


A história comprova isso de maneira esplendorosa. Há até estudos recentes, levados a cabo por gente que nada tem de idiota, que comprovam que reacionários e radicais conservadores (todos perfeitos idiotas) são menos inteligentes que pessoas liberais e inovadoras; no entanto, os conservadores continuam a mandar no mundo.


O idiota é aquele ser que aceita tudo, por mais aviltante que seja, sem pestanejar. Ele quer ser aceito. Ele engole tudo, até porco espinho, sem vaselina ou KY. Por sua goela larga desce tudo, até as alegações mais que canalhas. O perfeito idiota aceita qualquer desculpa e justificativa, mesmo as mais esdrúxulas. O perfeito idiota não gosta de discordar, idiotas não discordam de nada, exceto do senso comum. Ele se adapta e segue em frente.


Na política, pode tanto cuspir no prato que comeu, quanto lamber a rapa da lavagem que restou na manjedoura do neoliberalismo, sem vergonha ou pudor. Vergonha não é condição si ne qua non para sobrevivência, e sobrevivência não inclui dignidade. O perfeito idiota é um sem vergonha, que sobrevive.  Sobrevivência é ela em si, e o idiota não compreende nada que esteja fora dessa cartilha. Viver além da própria vergonha é a cartilha, andando ou rastejando.


Eles pululam em altas posições administrativas, redações e conselhos editoriais, cargos obtidos mais por conta de sua adaptabilidade que por competência. Seu campo favorito é a chefia, ou a gerência, sua arma a gestão. A política costuma ser sua área de maior atuação, capazes que são de mudar de campo ou de ideologia sem o menor constrangimento. Elegem-se continuamente apesar de sua incompetência, sua adaptabilidade compensa. Conquistam hordas de seguidores; quando são artistas são verdadeiros ídolos em diferentes níveis de consagração e ocupam os efêmeros halls da fama nas mais variadas linguagens.


Engana-se quem pensa que os mais fortes podem prevalecer, os idiotas, mesmo mais fracos é que acabam por cima da carne seca. Onde o mais forte tenta se impor pela força, o pior caminho, o idiota amorfo se molda às necessidades do momento e derruba até o mais forte oponente. São zen como a água, que não tem forma ou iniciativa, mas ocupa todos os espaços e derruba todas as barreiras sem exercer a vontade que move o forte.


O mais inteligente tentará seus recursos mais subjetivos, sua força intelectual, sua lógica e seu mais veemente convencimento. O idiota que sabe se fingir de inteligente, bocejará e e se curvará ao chefe no momento exato e conseguirá impor_sem uso de qualquer força ou poder_a sua mediocridade imbatível, que vai prevalecer.


Não há armas conhecidas para contrapor-se a idiotice, o discurso mais elaborado, falha; a coação mais violenta também.


Teremos um futuro dominado pela idiotice e pelos idiotas, eles serão a raça humana de tempos futuros.


Há até um filme muito engraçado de onde emprestei parte do título desse artículo. Um mundo onde um jovem de inteligência mediana do século XXI acorda de centenas de anos de hibernação. Ele é interpretado por Luke Wilson.


Esse mundo é dominado por perfeitos idiotas que pararam até de beber água, só consomem drinks isotônicos, por que tem eletrólitos (que ninguém sabe o que é). Usam até para regar as plantas, que não brotam, para sua mais completa surpresa; água só nas privadas. O povo é tão idiota que, no fim, esse jovem mediano acaba como o líder mundial.


Parece muito um povo idiotizado que conhecemos bem, que acredita e repercute qualquer bobagem dita na mídia como se tivesse peso de verdade, e quando questionados, embasbacam, só falta dizer que é porque tem eletrólitos.

Redação

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