Nizan Guanaes: procura-se uma nova classe alta

Sugerido por Ale AR

Da RG

Estreia ilustre na RG de março, o publicitário mais arretado do Brasil aponta o grande luxo que anda em falta na lista de compras da elite brasileirapor Nizan Guanaes
O que os americanos e ingleses mais sofisticados têm em comum? Cultura.
Livros e dinheiro são uma mistura perfeita para elegância, savoir faire e bom gosto.
Infelizmente o Brasil, que copia tanta coisa destes dois grandes países, não aprendeu a copiar essa ainda. A pobreza do rapaz rico dos camarotes, estampada na capa da Vejinha, mostra uma classe alta inculta que beira as raias do constrangimento num país cheio de desigualdades.
Ninguém que tenha aberto um livro será capaz de, num mundo desigual como o nosso, abrir champanhes magnum a rufar de tambores e piscar de luzes.
Dinheiro sem livro faz garotos ruidosos e meninas caladas. Gente mal vestida com as melhores grifes. E que não sabe se comportar no mundo.

Gente caipira.
A começar, não sabem falar inglês, inaceitável num mundo global. O mais lamentável ainda é que falam mal português também.
A vida social em Nova York e Londres se passa dentro de universidades e museus, misturando caridade, diversão e cultura. Quando você conversa com pessoas como Tina Brown e Arianna Huffington, elas não são apenas locomotivas sociais, elas são enciclopédias vivas. Sem cultura e sem refinamento intelectual, seremos sempre sinhozinhos e sinhazinhas capiras  mesmo que a gente compre todas as roupas, relógios, fivelas, todos os aviões e carros do mundo.
Este país, apesar de todos os desafios que tem, já é um gigante global. E além de uma nova classe média, ele precisa de uma nova classe alta.
Harvard, Yale, Stanford, Oxford, Cambridge… são centros sociais desse mundo moderno. É lá nessas escolas que se formam o establishment social que vai influir no mundo. No Brasil, nós ainda achamos que esse establishment se forma em Nammos, em Mikonos, ou no Club 55, em St.-Tropez.
Nasci no Pelourinho. Fui a uma universidade bem mais ou menos. Mas em vez de dar uma Ferrari pro meu filho, coloquei ele na melhor escola que São Paulo tem: a Graded. E ele, por conta própria, escolheu fazer o colegial em uma das melhores prep schools dos Estados Unidos. A escola Exeter foi fundada em 1781. Lá estudou Mark Zuckerberg. A biblioteca tem 250 mil livros. E Antonio está estudando latim, fazendo remo e sofrendo pra burro pra entrar na disciplina da escola. Mas isso sim é uma herança.
Meu filho leu mais do que eu, sabe mais do que eu. Está se tornando um homem melhor por dentro e por fora.
Eu acredito que desse jeito construo não só um futuro pra ele, mas construo um futuro melhor pro país. Eu me dedico pessoalmente à educação de minhas crianças. Cada uma tem seu caminho e seu estilo. Passei, por exemplo, uma semana mostrando a Antonio o que era Istambul. E três horas jantando com Zeca, eu e ele, num restaurante três estrelas Michelin em Osaka.
Os brasileiros melhores que nós formamos são a maior contribuição que podemos dar ao futuro desse país. Claro que o caminho não é fácil. Antonio, por exemplo, acostumado à boa vida de um menino em sua idade em São Paulo, luta para se enquadrar à vida espartana e focada em Exeter. Ao acompanhar meu filho e sua luta na tradicional escola, vejo de posição privilegiada como os Estados Unidos e a Inglaterra fabricam grandes mentes a ferro e fogo. Estudantes de história que viram fotógrafos ou vão fazer moda, ou simplesmente serão grandes anfitriões.
Mas em tudo que forem fazer terão a marca indelével da boa educação. E é isso, educação, que nós, a elite, desejamos e cobramos tanto para os pobres que eu cobro para os ricos. Porque é elite estudada, culta e sensível um dos maiores luxos que este país mais precisa.
Redação

Redação

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  • Elite

    Elite estudada, culta cobra dos governos uma educação melhor para os pobres e entende ser este um ponto necessário e não fica choramingando migalhas das bolsas oferecidas como panacéia!


    O Post só vem mostrar que os novos ricos de nosso país são uma classe que só tem o dinheiro como diferença. A educação, que seria este sim o diferencial, é ruim como é para todos!

  • Não falou nenhuma mentira,

    Não falou nenhuma mentira, não entendi porque a patrulha já passou negativando.

    É amplamente sabido que temos uma das piores elites do planeta, inculta, ignorante, entreguista, preconceituosa, que em pleno século XXI trata a 7a maior economia do mundo como se fosse uma grande plantation, vive de sugar o país até não mais poder.

  • Porcaria de texto, tem seu lugar na veja(inha)

    mas a razão real de tudo isso é que ele e seus amigos estão com medo da turma dos "sans culottes" que vem fazer rolêzinhos por aí.

    O filho dele terá educação de aristocrata anglo-saxão, vai certamente virar "banqueiro" em Wall Street ou the City, e poderá namorar alguma Marie Antoinette que fale inglês (e não alemão).

    Enquanto isso vimos ontem as reportagens do R. Vianna sobre o menino nascido na roça de Goiás que está fazendo PhD no nosso ITA.

    Se pudesse escolher, prefiro conhecer aquele menino de Goiás.

    VIVE LES SANS-CULOTTES!

  • A marca indelével da boa educassão.

    O blog do Nassif informa: sai "agregando valor ao camarote" e entra  "a vida espartana em Exeter".

    O Circo vai ficando a cada dia mais animado, alucinado e alucinógeno (mas a melhor atração ainda são os palhaços).

  • Confuso

    Percebi um misto de preconceito (mencionou alguma vezes "caipiras") com vergonha do Brasil. Sinceramente não gostei do texto. Na minha terra diriam que o "cabra que se amostrar!".

  • Au,....Au,....Au,....
     "Nasci no Pelourinho. Fui a uma universidade bem mais ou menos. Mas em vez de dar uma Ferrari pro meu filho, coloquei ele na melhor escola que São Paulo tem: a Graded. E ele, por conta própria, escolheu fazer o colegial em uma das melhores prep schools dos Estados Unidos. A escola Exeter foi fundada em 1781. Lá estudou Mark Zuckerberg. A biblioteca tem 250 mil livros. E Antonio está estudando latim, fazendo remo e sofrendo pra burro pra entrar na disciplina da escola. Mas isso sim é uma herança."   Concordo com ele em um ponto,.... nossa elite é lamentavelmente burra. Quando é preciso contratar alguém e se entrevista candidatos é que se nota isso de forma evidente. Um bem nascido, que estudou em escolas de ponta e teve todo o suporte da família, pode ter uma formação curricular melhor do que aquele que mora no subúrbio e estudou numa faculdade barata graças ao Prouni. Mas o desempenho e a capacidade de aprender do filho de família humilde é infinitamente superior, acredito que pela força de vontade e determinação que são requisitos básicos para a mudança de patamar social. Agora, quanto a mandar os filhos para as melhores escolas dos Estados Unidos, ... o correto seria usar todo o nosso empenho e determinação do governo e dos cidadãos, para melhorarmos nossas escolas, ao invés de enviar os filhos das elites para os EUA para aprenderem a ser americanos.  Elites preguiçosas, que ao invés de lutar para melhorar o país, buscam mesmo é perpetuar o complexo de vira-lata do brasileiro.

  • Cultura e "boa" educação são sinônimos? Francamente!

    Nizan, querido.

    Para além do seu belo discurso elitista, que se comentado daria um tratado, recomento a leitura do capítulo Cultura como conceito do livro Ensaios sobre o conceito de cultura de Zygmunt Bauman, para que você não passe recibo de "inculto" de bobeira, gerando vergonha alheia "pá geral".

     

    Beijo *.*

  • Sugestão de graça para o

    Sugestão de graça para o Nizan, no próximo carnaval ao invés de chamar alguém, como o  Romário, para ser o rei do camarote da Brahma, convida o gari Renato Sorriso, pois ele é a verdadeira  cara do povo brasileiro, e merece essa oportunidade, pois apesar das ameaças do prefeito, não traiu os seus companheiros. 

  • Guanaes pensa ter descoberto

    Guanaes pensa ter descoberto a pólvora, ao mandar o filho estudar nos EEUU, mas a nossa elite SEMPRE fez isso. Quando no Brasil não existiam universidades, nossa aristocracia mandava sua cria estudar direito em Portugal, e nos dias atuais, os indivíduos que dirigem nossa economia são privilegiados que geralmente possuem Phd nas principais universidades norte-americanas.

    O problema não é ser culto ou inculto. O problema é esta dependência ideológica e intelectual que grande parte da nossa elite sempre cultivou, e pelo visto continua cultivando, pelos países centrais.

    É sintomático que Guanaes tenha elegido porta-voz de nossa elite o "Rei do Camarote", e tenha escolhido como baluarte da cultura e civilidade..Ariana Huffington. Porque não falar de Ariano Suassuna, Gilberto Freyre, Alberto Moniz Bandeira, Caio Prado Júnior? Simplesmente porque se acostumou a dizer que tudo que fazemos é ruim, em comparação com a superioridade europeia/anglo-saxônica.

    A perpetuação deste panorama desolador é destacado na "solução" que Nizan propõe: mandar os filhos para estudar nas melhores escolas preparatórias estadunidenses, para que gabaritem sua entrada em alguma universidade que compõe a Ivy League.

    Defender a educação no Brasil, a construção e melhoria dos nossos templos de saber, igual falavam tanto Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes e outros, que nada! Seu filho será mais um que voltará para cá falando mal do país, sobre a necessidade dos filhos serem educados no exterior, sobre a "caipirice" do povo brasileiro.

    O mais irônico é que Nizan nasceu no Pelourinho, berço de uma cultura fantástica, local onde já residiu Jorge Amado, que encanta gringos mundo afora que visitam o local.

     

    • Arthur Tagutti

      Nizan só nasceu no Pelourinho, nada mais,,quem conhece sua trajetória profissional, muito exitosa diga-se de passagem,  sabe com quem ele andou e em que prato comeu..se for uma autocrítica, meus parabéns para ele.

      • Pois é. No Pelourinho, os

        Pois é. No Pelourinho, os norte-americanos e europeus ficam encantados com a cultura afro, com a história dos escravos, com a musicalidade do povo baiano, com a arquitetura e a aura que repousa sobre o local.

        Mas Nizan, prefere se gabar de conhecer a história de Istambul e jantar em restaurantes japoneses três estrelas, enquanto não profere uma palavra para celebrar a cultura nacional. Refere-se ao local em que nasceu antes de "fiz uma faculdade meia-boca", como se tudo fizesse parte do mesmo pacote de subdesenvolvimento e atraso.

        Entre esta "elite esclarecida" que Nizan Guanaes diz representar e Jorge Amado, que amava o local e retirou dos seus moradores grande parte dos seus personagens, prefiro a companhia do segundo. Quando o publicitário fala do "Rei do Camarote", parece que está projetando no outro seus complexos. Freud explica.

         

         

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