Os recentes movimentos de Bolsonaro e das Forças Armadas mostram uma estratégia óbvia de militarização da Amazônia.
Esses movimentos começaram a ganhar forma meses atrás, antes dos entreveros de Bolsonaro com Emmanuel Macron. No Plano Nacional de Defesa do período Nelson Jobim, a defesa da Amazônia e da Amazonia Azul (a costa brasileira) já tinham entrado na pauta das Forças Armadas, como um dos temas de legitimação da corporação – que sofre sempre da fragilidade de não dispor de ameaças externas para justificar seu orçamento. À falta de países inimigos, havia presente o avanço do tráfico e do crime organizado nas fronteiras e a influência das ONGs estrangeiras em defesa dos indígenas e do meio ambiente.
Agora, França e Argentina servem de álibi para a criação de supostas ameaças externas.
- Remontagem do Conselho da Amazônia sem a presença dos governadores da região.
- Disputa de Jair Bolsonaro com o presidente da França Emmanuel Macron.
- Relatório Cenários de Defesa 2040 prevendo uma futura guerra com a França na fronteira da Guiana com o Amazonas. Embora não seja documento oficial do Ministério da Defesa e da Escola Superior de Guerra, reflete o pensamento de setores militares, liderados pelo vice presidente Hamilton Mourão.
- Autorização para mineração na Amazônia e redução das reservas indígenas, de acordo com o pensamento estratégico histórico das Forças Armadas.
Por José Luiz Fiori
É o início do processo de “militarização associada” da Amazônia. Complementar ao suposto “delírio da França”, que na verdade antecipa a denuncia de acordos e contratos militares com a França, incluindo o tal submarino atômico. E abre portas secretas para a entrada de armamento americano para um enfrentamento de longo prazo com as armas russas da Venezuela.
Como de costumava dizer: ” a França entra aí como Pilatos no credo” russo/venezuelano.
Em passante, tudo foi feito no dia da declaração da Amazônia do Papa, e na hora da visita ao Vaticano do Lula. “A tua e mais i dobro” na nova guerra religiosa. E aqui de novo o governo e os militares seguem as pegadas do Trump