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A parcimônia do Banco Central

Por Marco Antonio L.

Do Valor

BC repete ‘parcimônia’ e sinaliza que cortes do juro não acabaram

Mônica Izaguirre e Murilo Rodrigues Alves 

BRASÍLIA – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a sinalizar que o ciclo de afrouxamento monetário, iniciado em agosto do ano passado, ainda não terminou. Mas também insistiu no discurso de que deve agir com parcimônia em eventuais novos cortes da taxa básica de juros.

“Mesmo considerando que a recuperação da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que se antecipava, o Copom entende que, dados os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia”, afirmou o colegiado do Banco Central na ata da última reunião.

Com isso, o Copom indica que novos cortes têm que ser moderados porque as reduções anteriores ainda não surtiram efeito pleno na economia.

Desde agosto de 2011, a taxa Selic caiu 4,5 pontos percentuais e está atualmente em 8% ao ano, o menor patamar da história do Copom, criado em 1996.

Crise

Sobre a crise global, o Copom entende que a probabilidade de ocorrer eventos extremos nos mercados financeiros internacionais recuou desde a sua reunião anterior, em maio.

“O Comitê identifica recuo na probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos mercados financeiros internacionais, mas, ao mesmo tempo, pondera que desenvolvimentos recentes indicam postergação de uma solução definitiva para a crise financeira europeia, e que continuam elevados os riscos associados ao processo de desalavancagem – de bancos, de famílias e de governos – ora em curso nos principais blocos econômicos”, diz o documento.

O colegiado também afirma na ata que se intensificaram, desde a última reunião, as perspectivas de baixo crescimento mundial.

A ata ainda lembra que continua limitado o espaço dos governos nesses países para enfrentar a crise via utilização da política monetária, pois prevalece o cenário de restrição fiscal neste e nos próximos anos.

Diante desse quadro, o Copom considera que o quadro internacional continua sendo de viés desinflacionário – benéfico para o controle do nível geral de preços no país.

Cenário doméstico

A avaliação do Copom é que as perspectivas para a atividade econômica doméstica são favoráveis nos próximos semestres, “com alguma assimetria entre os diversos setores”.

Conforme a ata, o colegiado espera que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) já vai se intensificar neste semestre.

“O Copom avalia que a recuperação da atividade econômica doméstica tem se materializado de forma bastante gradual. Por outro lado, destaca que o cenário central contempla ritmo de atividade mais intenso neste semestre”, diz o documento.

Foi mantido no documento a análise de que a demanda doméstica tende a se apresentar robusta, especialmente o consumo das famílias, neste e nos próximos semestres, quando será impactada pelos efeitos “defasados e cumulativos” do afrouxamento monetário.

Mesmo com a melhora das perspectivas de crescimento, o cenário é desinflacionário também porque continuam sendo decrescentes os riscos derivados da persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda.

Ao mesmo tempo, o nível de utilização da capacidade instalada da economia se encontra abaixo da tendência de longo prazo e, portanto, está contribuindo para conter pressões de preços.

Além disso, para o Copom, ainda é estreita a margem de ociosidade no mercado de trabalho, apesar dos sinais de moderação desse mercado.

Em tais circunstâncias, um risco significativo é a possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade, o que traria repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação.

Luis Nassif

Luis Nassif

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