
Gabriel Galípolo não é um mero economista de mercado – embora conheça tudo de mercado. Tem um pensamento multidisciplinar, um conhecimento da economia real, do funcionamento do sistema bancários e dos humores do mercado financeiro. Parte do seu multitalento pode ser conferido em uma série de programas da TV GGN Nova Economia.
O ponto de partida para entender como atuará no mercado está em um dos programas que gravou. O desafio é definir para o Real e para o dólar a mesma taxa de risco. Assim, não haverá volatilidade. Portanto, não se espere dele nenhum enfrentamento do mercado, nem mudanças radicais na política monetária.
Sua estratégia será eliminar, gradativamente, as maiores inconsistências do mercado.
Um dos pontos a ser trabalhado é eliminar o poder excessivo de influência do Boletim Focus. O boletim capta as expectativas de um único agente econômico: o mercado. E se baseia essencialmente em expectativas. Sua ideia será construir outras formas de medir expectativas de outros agentes econômicos. Com isso, diluir parte do poder de cartelização da Faria Lima.
Outra estratégia será acrescentar novas maneiras de previsão da inflação. Hoje em dia, o BC e o mercado se baseiam em um método estocástico de previsão da inflação, que tem a pretensão de analisar a incerteza e a variabilidade dos dados econômicos. É a tal planilha do Ilan Godljan – que me inspirou a criar o termo “cabeças de planilha”.
Essa método funciona como um gatilho para o mercado, independentemente do seu pequeno grau de acerto. Quando uma das variáveis se altera, dispara um sinal que faz com que o mercado inteiro siga a boiada. Porque para o mercado o objetivo não é errar ou acertar, mas tentar reeditar os erros ou acertos do BC. Quando mais métodos de projeção da inflação, haverá uma outra redução do poder de cartel da Faria Lima.
Finalmente, proporá para o governo Lula convencer o fundo soberano de algum país aliado a adquirir um bom volume de títulos pré-fixados do Tesouro para levar até o vencimento. Com isso, diluirá o poder da Faria Lima, que detém 90% da dívida do Tesouro, tornando o mercado de taxas longas uma presa fácil para manipulações.
No dia a dia, o BC se tornará muito mais ativo no mercado de derivativos – onde se formam, de fato, as taxas longas de juros. E é possivel que sejam reeditados instrumentos para atuar de forma mais direta sobre oferta e demanda, como reforçar estoques reguladores de alimentos.
Não há sinais, ainda, sobre como pretende atuar sobre os spreads bancários. Mas, sem grandes revoluções, colocará um mínimo de racionalidade no mercado. E terá nos grandes bancos comerciais um aliado relevante. Há enorme resistência dos bancões aos movimentos especulativos de Roberto Campos Neto, que visavam apenas beneficiar operadores de mercado.
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O texto do Nassif é uma aposta de alto risco no Galípolo… Sem regulamentação e rígidos controle do Sistema Financeiro, qualquer política monetária “pró mercado” é injetar sangue na veia dos rentistas… Com efeito, vale a pena citar/resgatar algumas observações bem conhecidas do J.M. Keynes, por serem ainda muito atuais: 1) “Os principais defeitos da sociedade econômica em que vivemos são a sua incapacidade para proporcionar o pleno emprego e a sua arbitrária e desigual distribuição da riqueza e das rendas” (pág.341); 2) “Assim sendo, o que mais nos convém é reduzir a taxa de juros até o nível em que, em relação à curva da eficiência marginal do capital, se realize o pleno emprego. Não pode haver dúvida de que este critério servirá para fazer baixar a taxa de juros muito além do nível que até agora tem vigorado” (pág.343); 3) “Ora, embora este estado de coisas seja perfeitamente compatível com certo grau de individualismo, ainda assim levaria à eutanásia do rentier e, consequentemente, à eutanásia do poder cumulativo de opressão do capitalista em explorar o valor de escassez do capital” (Teoria Geral – pág.343). Todas as citações são da edição de 1996 d’A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. “Coleção Os Economistas”. Leitor de Keynes, e por certo, conhecedor dos Pós-Keynesianos, resta saber se o “acadêmico” Galípolo será um eficiente “policy maker”. Num governo fragilizado do Lula – servo fiel do Capital – dificilmente o futuro presidente do Banco Central faria “algo além do mesmo”, ou seja, prover “ração” ao parasitismo rentismo, alimentado pelo imoral destrutivo “serviço” da Dívida Pública da União.
Mas, se como sugere o Nassif, Galípolo sugerir a Lula tentar conseguir convencer o fundo soberano de algum país aliado a adquirir um bom volume de títulos pré-fixados do Tesouro para levar até o vencimento e com isso, diluir o poder da Faria Lima, que detém 90% da dívida do Tesouro, os parasitinhas domésticos vão ter que mastigar noutra freguesia.
Continuando… Ou, o que é menos provável, investir seu capital parasitário no desenvolvimento do país.
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Luis Nassif , você dá um ar de esperança com este seu comentário , pois , após a votação UNÂNIME do COPOM, me deu um choque de estarmos trocando seis por meia dúzia .
Precisamos de Governo, mas do Executivo com boas iniciativas, e não de BC “independente” e Ditador , e u Congresso comprado , para podermos crescer e prosperar .
Me lembro da idéia de um Governo Paralelo, composto de brasileiros patriotas, de alto nível intelectual, que atuaria para influir nas decisões.
O governo nao pode usar o lucro do cdi da conta unica do tesouro ( 150 bi ao ano) E a prorpio 1.5 tri da conta unica pra comprar os tesouros pre e levar ao vencimento e assim tbm ajudar a diminuir a força da FL
Pelo dito, escrito, Nassif diz “por uma mesma taxa de risco para o Real e o Dólar”,para mim que não sou da área econômica, brilhante ideia.
Espero para ver isso acontecer e demais ideias.
Respondendo a indagação do Nassif, digo que pelo fato de vivermos numa USUROCRACIA, nós simples mortais, não podemos esperar nada alé do ele já mostrou nas duas última reuniões do copom. Quanto aos seguidores do deus mercado, que ele faça parte do clero do referido deus.