A disseminação de desmentidos em torno de acontecimentos dentro de estatais tem sido vista com frequência ao longo do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Tais conteúdos têm sido publicados com o aval da grande imprensa, assim como ocorreu a escalada de fake News que tomou conta da internet e das redes sociais durante o mandato de Jair Bolsonaro.
Recentemente, a jornalista Malu Gaspar publicou reportagem em sua coluna no jornal ‘O Globo’ sobre a nomeação interna de Luiz Fernando Nery para a Gerência Executiva de Comunicação da estatal.
Entre outras funções, Nery é responsável pelo gerenciamento de uma verba de aproximadamente R$ 150 milhões para contratação de patrocínios, comunicação e agências de publicidade.
Segundo a apuração de Gaspar, a nomeação de Nery foi bancada pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates, e o comitê de conformidade da empresa barrou a contratação “por causa das irregularidades cometidas no passado”.
Gaspar afirma que, em 2016, o jornal O Globo revelou que a Petrobras gastou mais de R$ 1 milhão para a compra de ingressos de camarote no carnaval da Bahia para políticos e auxiliares da então presidente Dilma Rousseff, além de patrocinar o trio elétrico de um parente do chefe de gabinete da presidência da estatal quando comandada por José Sérgio Gabrielli.
Na época, a estatal afirmou que o afastamento de Nery estava enquadrada em um “processo de renovação de sua comunicação interna, externa e de marcas após a revisão do planejamento estratégico da companhia, o que deve ocorrer até o fim de setembro”.
No caso de Nery, uma segunda reportagem com um perfil sobre ele chegou a ser publicada no Globo, mas ela foi despublicada pouco tempo depois. Contudo, o texto ainda pode ser consultado por meio do acervo do WebArchive.org clicando aqui.
A jornalista diz ainda que Prates indicou outros executivos sem o aval do comitê de conformidade e governança, como o diretor jurídico Marcello Mello – apontado pela jornalista por um dos sócios de offshore usada pelo delator da operação Lava Jato Nelson Cerveró para dissimular a aquisição de um duplex no Rio de Janeiro.
Outro executivo citado pela repórter é o gerente geral Carlos Borromeu de Andrade, que era subordinado a Cerveró quando a Petrobras fechou a compra da refinaria de Pasadena, e atuava como diretor internacional durante o chamado ‘Petrolão’.
Resposta da Petrobras
Em resposta à reportagem de Malu Gaspar, a Petrobras divulgou uma nota ao mercado desmentindo que a demissão de Nery em 2019 ocorreu por conta de corrupção.
Segundo o comunicado, “a demissão foi aplicada pelo então gerente executivo de Recursos Humanos, Cláudio Costa, por interesse da empresa, sem qualquer acusação de corrupção nem por meio de acordo”.
“Luís Fernando Nery não foi alvo de uma comissão interna de apuração (CIA) sobre ingressos em camarotes no carnaval baiano, como afirma a matéria. O empregado não foi acusado de corrupção, não atuava na gerência responsável pelo caso investigado e a conclusão da apuração interna não imputou qualquer responsabilidade ao profissional”, pontuou a estatal.
Quanto ao caso da compra de ingressos, a empresa afirma que “o relatório de maio de 2020 citado na matéria trata de apuração sobre gestão relativa a outro contrato que não tem relação com o caso dos ingressos do carnaval baiano. Tal relatório não aponta em sua conclusão nenhum ato de corrupção”.
Sobre o trabalho de Carlos César Borromeu de Andrade, a estatal diz que, como gerente, ele “não era subordinado ao ex-diretor Nestor Cerveró, mas sim à Gerência Executiva do Jurídico à época”.
“Também não são verdadeiras as informações sobre os gestores da área jurídica da empresa. Marcelo Mello nunca foi sócio de Nestor Cerveró nem delator da Lava Jato. Pelo contrário, foi testemunha em favor do Ministério Público em processo contra Cerveró. O advogado já atuou no jurídico da Petrobras e atende às qualificações exigidas para a função de gerente executivo”, reafirmou a estatal.
O Jornal GGN entrou em contato, ontem, com a colunista, para saber de suas explicações para as acusações, após o desmentido formal da Petrobras. Até agora não houve retorno, mas o GGN está aberto para receber a posição da jornalista Malu Gaspar a respeito do caso.
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