Risco de rebaixamento na S&P deixa equipe econômica em alerta

Jornal GGN – Uma nova preocupação ronda os líderes da economia e da política brasileira, além do controle dos juros e da inflação: a classificação de riscos. 

Mesmo com a temporada de cautela dos países emergentes em relação às suas políticas monetárias – como a Russia, por exemplo, que vem enfrentando uma enorme crise política e diplomática, mas não mexeu nos juros -, a missão do Brasil nos últimos dias foi transmitir tranquilidade em relação ao cenário atual para a agência Standard & Poor’s.
O cuidado com as informações passadas é compreensível: não é apenas uma questão macroeconômica, mas também uma análise sobre o atual momento do país e recentes acontecimentos. Entre os itens de questionamento, estão a movimentação no Congresso Nacional (mensalão, derrotas na Câmara, manifestações populares) e até mesmo as eleições de outubro e um possível segundo mandato de Dilma Rousseff.
A preocupação é latente e justificável: recentemente, analistas da S&P confessaram em entrevistas estarem preocupados com o crescimento do PIB abaixo das expectativas do mercado e números discutíveis da indústria brasileira. Uma onda que, se transformada em pessimismo em relação a 2014, pode prejudicar a avaliação da agência de risco, bem como contaminar completamente governo e população.
Em entrevista ao blog “O Poder sem Segredos”, de O Estado de S.Paulo, o ministro das comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que, em caso de um novo mandato de Dilma, a prioridade será o combate à inflação. No entanto, alguns especialistas não concordam com a linha adotada pelo atual governo.
“Nossa política monetária está mais voltada para os preços do que para a política fiscal. No entanto, a política fiscal tem assumido uma importância muito grande. O Banco Central está fazendo sua parte em termos. A responsabilidade da entidade monetária diminuiu com o passar dos anos.  Ele não conduz mais as expectativas como chegou a fazer em períodos anteriores. Já teve uma credibilidade e um questionamento em relação à sua política monetária bem mais intenso. Hoje, estamos passando por um processo para recuperação desta credibilidade”, afirmou Samir Cury, professor da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A base acredita realmente que os resultados apresentados aos analistas da S&P sejam suficientes para que o Brasil não seja novamente rebaixado. Recentemente, o país foi avaliado negativamente no rating “BBB”, por conta do que chamaram de “deterioração da política macroeconômica”. O rating BBB- equivale à menor classificação de grau de investimento. Atualmente, o Brasil está dois degraus acima daquilo que é considerado um “grau especulativo”.
“A dinheirama circulante pode não ter o mesmo fluxo de outrora, mas não parou de chegar. O que aconteceu foi uma recuperação dos países industrializados, um impulso na produção em lugares onde o capital também é vasto, assim como a mão de obra. No entanto, com a diminuição de facilidades da época de crise internacional e os problemas cambiais dos emergentes como o Brasil, dá-se a impressão de que o dinheiro parou de entrar no nosso país, o que não é bem verdade. Ele continua sim circulando por aqui e deve aumentar, porque isso é um ciclo. É preciso um pouco de cautela ao dizermos que o mercado está ruim para os emergentes e também para nós”, alerta André Guilherme Pereira Perfeito, Economista-Chefe da Gradual Investimentos.
Para ele, apenas uma questão precisa ficar clara para que o clima de pessimismo não se instaure, mesmo com os riscos que o Brasil corre em perder rating.  O que ainda é preciso saber é se a presidente Dilma Rousseff e sua equipe econômica permitirão que este fluxo de capitais retorne ao Brasil, como em anos anteriores, mais próximos da crise internacional. Se a política monetária adotada por eles comportará esse retorno. Se a resposta for positiva, e aparentemente é, não devemos temer rebaixamentos significativos”, completa.
Redação

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