Marielle: as suspeitas de chantagem sobre Bolsonaro, por Luis Nassif

Pergunto: qualquer país que se pretenda civilizado pode conviver com esse nível de desinformação?

Fato: a não descoberta do mandante do assassinato de Marielle só tem uma explicação: sua enorme influência política.

A partir daí, duas hipóteses: ou alguém ligado aos Bolsonaro ou às forças de intervenção, chefiadas por Braga Neto. Não há outra hipótese de poder político

O próprio Ministro da Justiça da época, Raul Jungmann, falou em personagens influentes. Não estava se referindo obviamente a nenhum chefe de milícia.

Pergunto: qualquer país que se pretenda civilizado pode conviver com esse nível de desinformação?

O assassino era contrabandista de armas e vizinho do presidente da República. E os filhos do presidente eram ligados ao chefe do escritório do crime. Como pode a ex-7a potência do mundo normalizar esse nível de suspeição em relação ao seu presidente? Bater no Monark é fácil.

Braga netto disse que poderia apontar culpados, mas não queria “protagonismo”. Como assim? Ele era o interventor do Rio.

https://oglobo.globo.com/rio/eu-poderia-ter-anunciado-quem-gente-acha-que-foi-diz-ex-interventor-sobre-caso-marielle-23363842

Em 2018, ainda no governo Temer, Braga Netto diz que a solução está próxima. Depois se cala e se torna o superpoderoso Ministro de Bolsonaro. Não há nada de estranho nisso?

https://oglobo.globo.com/rio/general-braga-netto-diz-que-caso-marielle-devera-ser-solucionado-ate-fim-da-intervencao-23027751

https://oglobo.globo.com/rio/ministerio-publico-recusa-delacao-premiada-da-viuva-do-ex-capitao-da-pm-adriano-da-nobrega-25391586

Há duas hipóteses terríveis. Espero que nenhuma se confirme. A 1a, de envolvimento da intervenção com a morte de Marielle (menos provável). A segunda, a de um general que, dispondo de informações, chantageou o presidente da República, livrando-o da suspeita de um crime abjeto

Luis Nassif

20 Comentários

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  1. “Nomeado em homenagem a Guilherme de Ockham (1288–1347), o princípio é elemento do método científico,[6] sendo também aplicado na filosofia da ciência. Grosso modo, o princípio postula que de múltiplas explicações adequadas e possíveis para o mesmo conjunto de fatos, deve-se optar pela mais simples daquelas. Por “simples” entende-se aquela que contiver o menor número possível de variáveis e hipóteses com relações lógicas entre si, das quais o fato a ser explicado segue logicamente.”(https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Navalha_de_Ockham)
    Elementar meu caro Watson, mas a pergunta que não quer calar é Por que a mataram? O motivo ainda está obscuro.

  2. Concordo plenamente. Cinco delegados foram responsáveis pelo inquérito. As delegadas que saíram antes deste último foram pressionadas a deixar o caso. Ou seja, tudo leva a crer que o mandante do crime está dentro do planalto.

  3. Não serão os dirigentes frouxos de esquerda, que não detiveram a marcha do golpe contra a frouxa Dilma, que irão encarcerar e muito menos fuzilar os matadores da Marielle.

  4. Quando ficou claro que o golpe se consolidaria no Congresso, consoante os elementos que pude visualizar, e concordando integralmente com o que o Nassif escreveu, à época sob o possível efeito implosivo institucional do país, e observando de soslaio o que hoje ocorre… eu acho até que fomos pelo quase meio: nem se preservou as instituições, a partir de STF, nem foi (até agora) o fim de mundo que era visível naquele triste 2016.
    Mas os armários estão cheios de esqueletos.

  5. Será que algum dia saberemos? Será que o nome do(s) mandante(s) da execução da Marielle ficará(ão) soterrado(s) sob algum novo pacto de “governabilidade”? Será que o Brasil, algum dia, conquistará a condição de Nação?

  6. Com toda certeza tem envolvimento da familícia.
    Inclusive o ex-juiz e ex-governador do Rio Wilson Witzel chegou perto e foi ameaçado. O delegado que descobriu o assassino foi enviado para o exterior, numa suposta “promoção”, as duas promotoras saíram do caso, a declaração do porteiro do condomínio (que o entreguista e pilantra Sérgio Moro ameaçou quando ministro da justiça,.. etc, …

  7. Em 2018, Marielle Franco era uma liderança em ebulição no Rio de Janeiro – entre a maioria populacional de “mulheres + negros + pobres + LGBTQIA”, na favela, na zona sul e alhures -, um furacão político, de voz poderosa, pronto para revolucionar a eleição em qualquer candidatura. Uma possibilidade em análise pelo PSOL era a da candidatura ao Senado, para a qual já estava preparada a candidatura milico-miliciana de Flávio Bolsonaro, o Rei da Corrupção por Rachadinhas. Pela extensa base evangélica no Rio, o veterano Arolde de Oliveira parecia já ter garantida 1 das 2 vagas ao Senado.

    Portanto, a possibilidade de uma disputa acirrada contra Marielle Franco, com grande possibilidade de derrota para o clã Bolsonaro e sua base milico-miliciana-fascista de apoiadores, era algo extremamente arriscado. Muitos têm quase certeza que esta motivação milico-miliciano-política para abater esta liderança popular e abrir, assim, o caminho para a ascensão do fascismo do clã foi a principal razão – quiçá a única – para o assassinato de Marielle Franco, que também levou ao homicídio de Anderson, seu motorista.

    A morte brutal da vereadora Marielle faz lembrar do assassinato cruel do deputado Giacomo Matteotti em 1924 – narrado no filme Il delitto Matteotti -, um fato marcante na ascensão do fascismo italiano. Mesmo já estando Mussolini no poder desde 1922 e Bolsonaro, em 2018, ainda não assentado como capo de tutti capi na presidência, a similaridade com o Brasil destes tempos sombrios não pode ser descartada, pois o fascismo militar já dominava a corruptocracia de Michel Temer desde 2016.

  8. (acréscimo ao final do comentário anterior):

    “(…) pois o fascismo militar já dominava a corruptocracia de Michel Temer desde 2016” e, mais ainda, o Rio de Janeiro, onde o sombrio general Braga Netto, interventor militar, comandava de fato o governo do estado e, de forma absoluta, a totalidade da área de segurança policial e militar, envolvendo o crime organizado nas milícias aliadas ou não do bolsonarismo e/ou no narcotráfico etc.

  9. República dos assassinos. O esquadrão da morte no poder. Às favas com os escrúpulos, juiz ladrão, com o supremo, com tudo. Nunca vi tanta desgraça junta.
    Darcy Ribeiro, junto ao túmulo de Glauber Rocha: “O Glauber morreu de Brasil!”
    O Brasil é a doença que está nos matando, a todos.
    Os que não estão morrendo, figurativa ou literalmente, ou não se dão conta dessa doença, não são brasileiros. São os assassinos, são as autoridades que cometem genocídio por omissão, ou homicídio através de sicários. Gente para quem a morte dos outros é fonte de prosperidade. Matar indiscriminadamente, ou matar alvos certos, para essa gente dá no mesmo. Bandido bom é bandido morto. Batalhadores (cf. Jessé Souza) bons são batalhadores mortos. Matar, matar, matar. Como eu não morri, tanto se me dá. Perceber ódio, visceral ou não, nos olhos de vizinhos – gente que mora a poucos metros de nós – diante de certas notícias, é estarrecedor e deprimente. E é essa gente, que nos cerca, que são os verdadeiros fâmulos da morte, ainda que os escandalize apontar-lhes essa pecha. Meu cunhado relativizou a morte de Marielle Franco, ocorrida no dia do meu aniversário, fazendo eco a algumas fake news divulgadas logo depois – fotos, inclusive – que mostrariam a vereadora convivendo com traficantes. E era um homem bom, divertido, bom pai e bom marido, adorava cachorros. A cara dele, com o desmascaramento dessas mentiras, e o surgimento da verdade sobre os Bolsonaro, depois? Dir-se ia, ‘não tem preço’. Mas tem, na verdade. Perder um pouco de fé, na humanidade. Essa gente que comemora mortes, de quem quer que seja, deixa pelo caminho um pouco de sua humanidade; depois retornam desse pesadelo, mas retornam diferentes. Sempre com uma ponta de desconfiança do nosso renovado acolhimento. Creio que acalentam uma última esperança de poder dizer: ‘tá vendo, eu tava certo!’
    Ficam à espera de uma prova contra o Lula. De uma prova de que a esquerda matou Marielle. De uma prova que Adélio era um agente do PSOL. De uma prova de que Sérgio Moro não foi parcial. De uma prova que o Brasil está sob iminente ameaça dos comunistas. Não sei. De uma prova de que o mundo é, de fato, como eles acham que é. Em resumo: uma república dos assassinos, de esquadrões da morte, escrúpulos mandados às favas, de juízes ladrões, com o supremo, com tudo. Contanto que fiquem sob a guarda de um ser benevolente, déspota ou não, tudo estará bem. Não querem ser livres, nem autônomos, querem estar sob a proteção de algo, querem estar a salvo de pobres, pedintes, desvalidos, favelados, todos esses seres repugnantes que nos incomodam à mesa, nas ruas, no trabalho, nos aeroportos e nas universidade. Na vida.

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