Lula lidera entre católicos e evangélicos, mas manipulação da Folha faz parecer o contrário

Foto: Reprodução
Jornal GGN – Folha de S. Paulo manipulou a última pesquisa Datafolha duas vezes para fazer parecer que a candidatura de Lula vem caindo entre um segmento da população: o que se declara evangélico. Mas os dados do estudo mostram o contrário: Lula lidera a disputa para 2018 mesmo neste nicho, deixando para trás Jair Bolsonaro, Marisa Silva e João Doria.
A primeira manipulação de Folha ocorre no título e no primeiro parágrafo da matéria “Evangélicos impulsionam Bolsonaro e Marina e derrubam Lula, diz Datafolha”.
O título dá a entender os candidatos do PSC e Rede crescem enquanto Lula cai numa avaliação em que só o nicho evangélico é levado em consideração. Mas a afirmação é desmentida pelos dados da pesquisa Datafolha do final de setembro.
Entre evangélicos, Lula tem 32% das intenções de votos, seguido por Bolsonaro (21%) e Marina (17%). João Doria aparece com 7%.
Os cenários não incluiem Ciro Gomes (PDT) nem Geraldo Alckmin (PSDB). Por outro lado, constam nomes que não chegam a 2% da intenção de votos, como o de João Amoêdo, do Partido Novo.
No cenário em que Doria não disputa pelo PSDB, a distância entre Lula e Bolsonaro cai um pouco, mas o petista ainda lidera com 29% entre evangélicos, ante os 22% do deputado do PSC e os mesmos 17% de Marina. Embora tenha ejetado Doria deste quadro, Folha não inseriu pontuação possivelmente angariada por Alckmin.
Mesmo diante dos números, Folha força a barra e diz que “Bolsonaro e Marina disparam na preferência evangélica, com pelo menos 21% e 17% das intenções de voto, respectivamente.”
O Folha fez para passar a impressão de que Lula foi “derrubado” nessa pesquisa foi comparar os índices do ex-presidente na pesquisa de opinião em nível nacional (onde ele aparece com 35% das intenções de voto) com essa pesquisa que só leva em conta o eleitorado que se disse evangélico (onde Lula, mesmo assim, lidera com 29%, de acordo com a própria Folha). Ou seja, uma diferença de 3 pontos percentuais entre duas pesquisas completamente distintas deu à Folha a licença poética de cravar que o “conforto” do petista em 2018 “vai minguar um bocado”.
A segunda manipulação de Folha consiste em recortar e dar destaque ao nicho evangélico, que representa 32% da população brasileira, quando os católicos ainda são maioria: 52%.
Também entre católicos, Lula lidera a corrida presidencial para 2018. Curiosamente, com ainda mais vantagem do que entre os evangélicos. Nesse segmento, o petista tem preferência de 40%, seguido por Bolsonaro (13%), Marina (12%) e Doria (7%). Quando Doria não está no páreo, Lula continua com 40%, Bolsonaro fica com 14% e Marina, 11%.
A desculpa de Folha para destacar o cenário com evangélicos (ou seja, um contexto que Lula é menos favorito, embora continue liderando) foi a de que a “presença” dos católicos entre o total de brasileiros vem “encolhendo”. Embora ainda sejam maioria, nos anos 1980 foram mais predominantes: eram 9 entre cada 10 brasileiros.
A pesquisa focada em religiosos foi feita por ocasião dos 500 anos de reforma protestante. Só que revelou outro dado: que mesmo entre todos os brasileiros que se declararam religiosos, a maioria absoluta (8 em cada 10) diz que não leva em conta a opinião de seus líderes religiosos para votar.
Mesmo entre os evangélicos, a taxa média de quem dá ouvido a pastores é de 26% apenas, sendo que entre seguidores da Universal e Renascer, é um pouco maior: de 31%.
O próprio jornal reconhece que a influência dos religiosos é exercida sobre uma “minoria”.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • Entrei nessa matéria da Folha

    Entrei nessa matéria da Folha achando que Lula perderia feio no segmento evangélico. SQN.

    Lula lidera também nesse segmento. Quem lê somente o título da matéria é levado a achar que Lula perde nesse segmento.

    Manipulação rídicula, típica dessa imprensa golpista. Querem alavancar o voto anti-Lula nesse segmento.

  • Depois de dizimar a

    Depois de dizimar a credibilidade do jornal Folha de S. Paulo, que vem perdendo seguidamente assinantes e vendas em bancas, a ponto de já ser alcunhada como "Falha de S. Paulo",  os Frias, seus donos, partem céleres para fazer o mesmo com o Datafolha, hoje mais conhecido no mercado como DataFalha.

  • Vale o cuidado!

    Bolsonaro e Marina crescem com cada cusparada do Wyllys ou briga com Maria do Rosário, por exemplo.

    Todas as recentes notícias sobre exposição de pessoas nuas e etc. convergem nesse sentido. A Globo e também a FdeSP turbinam estas noticias procurando tirar votos da esquerda.

    É só não entrar neste tipo de discussões, pelo menos não por enquanto há uma nação que precisa ser salva.

    • O q p/ "acaso" coincide c/ seu desejo d ignorar essas questoes..

      Conservadorismo nojento disfarçado de discurso de esquerda. Uma esquerda que nao se importa com direitos de mulheres e de pessoas com toda e qualquer orientaçao sexual nao é esquerda. A naçao a ser salva é composta de mais de 50% de mulheres, sabia?

  • Fiquei surpreso em saber que a FSP ainda existe!

    Os paulistas aceitam realmente qualquer coisa como "informação".

  • Lula deve agradecer a Deus

    Nunca é demais repetir: a Folha da família Frias apoiou a ditadura militar de 64; emprestou suas viaturas para o transporte de pessoas que foram sequestradas, torturadas e mortas;  editava a Folha da Tarde - órgão oficial dos torturadores em SP; promoveu o golpe contra a democracia em 2016; apoia a quadrilha de Temer...

    Portanto, Lula deve ficar imensamente feliz por ter a Família Frias como adversária política.

  • Mais um manipulaçao inescrupulosa

    O uso anti ético da religião e do poder da mídia.  Na verdade o que querem é criar no setor evangélico uma corrente anti Lula. O curioso é que enfatizam o papel do Bolsonaro, que de religioso não tem nada. Tudo isto vai incitando o nós contra eles. 

    E nesta loucura apostam em Bolsonaros, Felicianos, Crivellas  nem que seja preciso descartar o Doria. Existe uma falta de senso total e de responsabilidade nesta que um dia se disse a elite mais intelectualizada  do pais, ( a elite paulista) .Agora já esqueceu até mesmo  de um  fake como FHC, e apostam em Dòria e Bolsonaro. Seus heróis são Lobão e Olavo de Carvalho e contratam Kataguri.  Mas com certeza isto sempre foi de fachada, afinal já apostavam nas C14 do Doi Codi. para ganhar algum benefício.

  • Houve um tempo em que se
    Houve um tempo em que se perguntava se seria possível democracia sem imprensa.
    Hoje,no mundo,a pergunta deve ser outra:
    Será possível democracia com imprensa corporativa?

  • Como contar uma mentira, usando a manipulação

    Eu não sei como pode um jornal que se pretende sério sobreviver fazendo maracutaias como essas. Esse joguinho do eu dou ênfase naquilo que interessa e escondo o que não quero que seja divulgado ja esta tão gasto e roto, mas a Folha e quetais continuam usando. Isso faz pensar que a Folha ainda sobrevive porque os patos ainda lêem o tal jornal. E pensar que quando adoslecente e jovem fui fã daquela Folha dos anos 90. Fim de caso.

  • Isso só acontece por que eles

    Isso só acontece por que eles têm a certeza que do outro lado da notícia tem um trouxa!

    Eles precisam deste trouxa, não para vender jornal ou fazer bom jornalismo, por que isso já demonstrou que não fazem mesmo! - eles precisam dos trouxas para pagarem impostos ao governo e eles receberem gordas recompensas deste governo por serviços prestados ideologicamente!

    E podem ganhar mais nos juros ou em privatizações caidas do céu!

    Vai ter negociata para todo amigo do rei!

  • Eu desde a eleição da Dilma venho dizendo, .....

    Eu desde a eleição da Dilma venho dizendo, o voto "evangélico" não é BURRO.

    Eu acrescentaria que o chamado "voto evangélico" simplesmente não existe!

    O que existe é uma imensa maioria da população mais pobre que na ausência de uma plataforma de esquerda mais clara vota em outras alternativas, por exemplo em bispos ou pastores, quando há uma definição clara de esquerda não há nenhuma chance o voto do povo, evangélico, católico, ubamdista, espírita, ateu ou o raio que o parta, assumem uma proposta de classe.

    Talvez seja isto que o PISSOL não entendeu no Rio no momento das eleições municipais, fez uma campanha voltada para uma classe média e os mais pobres migraram naturalmente para algo que conheciam.

    • Quem lê Jessé Souza sabe disso...

      Caro Engenheiro e Professor Rogério Maestri,

      Essa constatação que mostraste em teu comentário está bem demonstrada e desenvolvida nas obras de Jessé Souza, que juntamente com alunos por ele orientados, fez pesquisas de campo sobre as classes trabalhadoras pobres e assalariadas e sobre aquelas excuídas até mesmo do mercado formal; a essas classes Jessé Souza denominou"ralé". Na grande obra "A ralé brasileira, quem é e como vive" Jessé e colaboradores mostram o papel das igrejas evangélicas, sobretudo neopentecostais, na formação da auto-estima e para a preservação de algumas famílias, expostas à violência, às drogas, à degradação e à miséria, as quais imperam nas periferias dos grandes centros urbanos brasileiros. 

      Embora a Esquerda Política que chegou ao poder, tendo à frente o PT e seus líderes - sobretudo o Ex-Presidente Lula - tenha dado algum alento e oportunidade às classes secularmente exploradas e/ou excluídas, ela não soube conquistar o coração e a mente das pessoas, politizando-as. Essa é a razão por que essas classes que foram um pouco beneficiadas pelos programas de inclusão social criados ou incrementados nos governos petistas não demonstraram solidariedade apoio ao governo eleito, quando este foi vítima do golpe de Estado.

      Que fique a lição: não basta matar a fome e dar um mínimo de dignidade às classes trabalhadoras pobres e às excluídas. É preciso politizá-las; sem isso o Brasil democrático e inclusivo será, SEMPRE, desfeito pelos golpes de Estado perpetrados pelas oligarquias escravocratas, plutocratas, cleptocratas, privatistas e entreguistas.

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