Lula lidera entre católicos e evangélicos, mas manipulação da Folha faz parecer o contrário

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – Folha de S. Paulo manipulou a última pesquisa Datafolha duas vezes para fazer parecer que a candidatura de Lula vem caindo entre um segmento da população: o que se declara evangélico. Mas os dados do estudo mostram o contrário: Lula lidera a disputa para 2018 mesmo neste nicho, deixando para trás Jair Bolsonaro, Marisa Silva e João Doria. 
 
A primeira manipulação de Folha ocorre no título e no primeiro parágrafo da matéria “Evangélicos impulsionam Bolsonaro e Marina e derrubam Lula, diz Datafolha”.
 
O título dá a entender os candidatos do PSC e Rede crescem enquanto Lula cai numa avaliação em que só o nicho evangélico é levado em consideração. Mas a afirmação é desmentida pelos dados da pesquisa Datafolha do final de setembro.
Entre evangélicos, Lula tem 32% das intenções de votos, seguido por Bolsonaro (21%) e Marina (17%). João Doria aparece com 7%.
 
Os cenários não incluiem Ciro Gomes (PDT) nem Geraldo Alckmin (PSDB). Por outro lado, constam nomes que não chegam a 2% da intenção de votos, como o de João Amoêdo, do Partido Novo.
 
No cenário em que Doria não disputa pelo PSDB, a distância entre Lula e Bolsonaro cai um pouco, mas o petista ainda lidera com 29% entre evangélicos, ante os 22% do deputado do PSC e os mesmos 17% de Marina. Embora tenha ejetado Doria deste quadro, Folha não inseriu pontuação possivelmente angariada por Alckmin.
 
Mesmo diante dos números, Folha força a barra e diz que “Bolsonaro e Marina disparam na preferência evangélica, com pelo menos 21% e 17% das intenções de voto, respectivamente.”
 
O Folha fez para passar a impressão de que Lula foi “derrubado” nessa pesquisa foi comparar os índices do ex-presidente na pesquisa de opinião em nível nacional (onde ele aparece com 35% das intenções de voto) com essa pesquisa que só leva em conta o eleitorado que se disse evangélico (onde Lula, mesmo assim, lidera com 29%, de acordo com a própria Folha). Ou seja, uma diferença de 3 pontos percentuais entre duas pesquisas completamente distintas deu à Folha a licença poética de cravar que o “conforto” do petista em 2018 “vai minguar um bocado”.
 
A segunda manipulação de Folha consiste em recortar e dar destaque ao nicho evangélico, que representa 32% da população brasileira, quando os católicos ainda são maioria: 52%.
 
Também entre católicos, Lula lidera a corrida presidencial para 2018. Curiosamente, com ainda mais vantagem do que entre os evangélicos. Nesse segmento, o petista tem preferência de 40%, seguido por Bolsonaro (13%), Marina (12%) e Doria (7%). Quando Doria não está no páreo, Lula continua com 40%, Bolsonaro fica com 14% e Marina, 11%. 
 
A desculpa de Folha para destacar o cenário com evangélicos (ou seja, um contexto que Lula é menos favorito, embora continue liderando) foi a de que a “presença” dos católicos entre o total de brasileiros vem “encolhendo”. Embora ainda sejam maioria, nos anos 1980 foram mais predominantes: eram 9 entre cada 10 brasileiros.
 
A pesquisa focada em religiosos foi feita por ocasião dos 500 anos de reforma protestante. Só que revelou outro dado: que mesmo entre todos os brasileiros que se declararam religiosos, a maioria absoluta (8 em cada 10) diz que não leva em conta a opinião de seus líderes religiosos para votar. 
 
Mesmo entre os evangélicos, a taxa média de quem dá ouvido a pastores é de 26% apenas, sendo que entre seguidores da Universal e Renascer, é um pouco maior: de 31%.
 
O próprio jornal reconhece que a influência dos religiosos é exercida sobre uma “minoria”.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

19 Comentários

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  1. Entrei nessa matéria da Folha

    Entrei nessa matéria da Folha achando que Lula perderia feio no segmento evangélico. SQN.

    Lula lidera também nesse segmento. Quem lê somente o título da matéria é levado a achar que Lula perde nesse segmento.

    Manipulação rídicula, típica dessa imprensa golpista. Querem alavancar o voto anti-Lula nesse segmento.

  2. Depois de dizimar a

    Depois de dizimar a credibilidade do jornal Folha de S. Paulo, que vem perdendo seguidamente assinantes e vendas em bancas, a ponto de já ser alcunhada como “Falha de S. Paulo”,  os Frias, seus donos, partem céleres para fazer o mesmo com o Datafolha, hoje mais conhecido no mercado como DataFalha.

  3. Vale o cuidado!

    Bolsonaro e Marina crescem com cada cusparada do Wyllys ou briga com Maria do Rosário, por exemplo.

    Todas as recentes notícias sobre exposição de pessoas nuas e etc. convergem nesse sentido. A Globo e também a FdeSP turbinam estas noticias procurando tirar votos da esquerda.

    É só não entrar neste tipo de discussões, pelo menos não por enquanto há uma nação que precisa ser salva.

    1. O q p/ “acaso” coincide c/ seu desejo d ignorar essas questoes..

      Conservadorismo nojento disfarçado de discurso de esquerda. Uma esquerda que nao se importa com direitos de mulheres e de pessoas com toda e qualquer orientaçao sexual nao é esquerda. A naçao a ser salva é composta de mais de 50% de mulheres, sabia?

  4. Lula deve agradecer a Deus

    Nunca é demais repetir: a Folha da família Frias apoiou a ditadura militar de 64; emprestou suas viaturas para o transporte de pessoas que foram sequestradas, torturadas e mortas;  editava a Folha da Tarde – órgão oficial dos torturadores em SP; promoveu o golpe contra a democracia em 2016; apoia a quadrilha de Temer…

    Portanto, Lula deve ficar imensamente feliz por ter a Família Frias como adversária política.

  5. Mais um manipulaçao inescrupulosa

    O uso anti ético da religião e do poder da mídia.  Na verdade o que querem é criar no setor evangélico uma corrente anti Lula. O curioso é que enfatizam o papel do Bolsonaro, que de religioso não tem nada. Tudo isto vai incitando o nós contra eles. 

    E nesta loucura apostam em Bolsonaros, Felicianos, Crivellas  nem que seja preciso descartar o Doria. Existe uma falta de senso total e de responsabilidade nesta que um dia se disse a elite mais intelectualizada  do pais, ( a elite paulista) .Agora já esqueceu até mesmo  de um  fake como FHC, e apostam em Dòria e Bolsonaro. Seus heróis são Lobão e Olavo de Carvalho e contratam Kataguri.  Mas com certeza isto sempre foi de fachada, afinal já apostavam nas C14 do Doi Codi. para ganhar algum benefício.

  6. Houve um tempo em que se
    Houve um tempo em que se perguntava se seria possível democracia sem imprensa.
    Hoje,no mundo,a pergunta deve ser outra:
    Será possível democracia com imprensa corporativa?

  7. Como contar uma mentira, usando a manipulação

    Eu não sei como pode um jornal que se pretende sério sobreviver fazendo maracutaias como essas. Esse joguinho do eu dou ênfase naquilo que interessa e escondo o que não quero que seja divulgado ja esta tão gasto e roto, mas a Folha e quetais continuam usando. Isso faz pensar que a Folha ainda sobrevive porque os patos ainda lêem o tal jornal. E pensar que quando adoslecente e jovem fui fã daquela Folha dos anos 90. Fim de caso.

  8. Isso só acontece por que eles

    Isso só acontece por que eles têm a certeza que do outro lado da notícia tem um trouxa!

    Eles precisam deste trouxa, não para vender jornal ou fazer bom jornalismo, por que isso já demonstrou que não fazem mesmo! – eles precisam dos trouxas para pagarem impostos ao governo e eles receberem gordas recompensas deste governo por serviços prestados ideologicamente!

    E podem ganhar mais nos juros ou em privatizações caidas do céu!

    Vai ter negociata para todo amigo do rei!

  9. Eu desde a eleição da Dilma venho dizendo, …..

    Eu desde a eleição da Dilma venho dizendo, o voto “evangélico” não é BURRO.

    Eu acrescentaria que o chamado “voto evangélico” simplesmente não existe!

    O que existe é uma imensa maioria da população mais pobre que na ausência de uma plataforma de esquerda mais clara vota em outras alternativas, por exemplo em bispos ou pastores, quando há uma definição clara de esquerda não há nenhuma chance o voto do povo, evangélico, católico, ubamdista, espírita, ateu ou o raio que o parta, assumem uma proposta de classe.

    Talvez seja isto que o PISSOL não entendeu no Rio no momento das eleições municipais, fez uma campanha voltada para uma classe média e os mais pobres migraram naturalmente para algo que conheciam.

    1. Quem lê Jessé Souza sabe disso…

      Caro Engenheiro e Professor Rogério Maestri,

      Essa constatação que mostraste em teu comentário está bem demonstrada e desenvolvida nas obras de Jessé Souza, que juntamente com alunos por ele orientados, fez pesquisas de campo sobre as classes trabalhadoras pobres e assalariadas e sobre aquelas excuídas até mesmo do mercado formal; a essas classes Jessé Souza denominou”ralé”. Na grande obra “A ralé brasileira, quem é e como vive” Jessé e colaboradores mostram o papel das igrejas evangélicas, sobretudo neopentecostais, na formação da auto-estima e para a preservação de algumas famílias, expostas à violência, às drogas, à degradação e à miséria, as quais imperam nas periferias dos grandes centros urbanos brasileiros. 

      Embora a Esquerda Política que chegou ao poder, tendo à frente o PT e seus líderes – sobretudo o Ex-Presidente Lula – tenha dado algum alento e oportunidade às classes secularmente exploradas e/ou excluídas, ela não soube conquistar o coração e a mente das pessoas, politizando-as. Essa é a razão por que essas classes que foram um pouco beneficiadas pelos programas de inclusão social criados ou incrementados nos governos petistas não demonstraram solidariedade apoio ao governo eleito, quando este foi vítima do golpe de Estado.

      Que fique a lição: não basta matar a fome e dar um mínimo de dignidade às classes trabalhadoras pobres e às excluídas. É preciso politizá-las; sem isso o Brasil democrático e inclusivo será, SEMPRE, desfeito pelos golpes de Estado perpetrados pelas oligarquias escravocratas, plutocratas, cleptocratas, privatistas e entreguistas.

  10. Reproduzindo comentário

    Segue abaixo o reprodução do comentário – com adaptações –  que postei sobre esse assunto, no Tijolaço.

    “Mesmo com todas as manipulações, pegadinhas e fraudes perpetradas pelo DataFalha (ou a ilustre Cíntia Alves e seus mais atentos e observadores leitores se esqueceram de que no ano passado o mesmo instituto fraudou notícias a respeito de uma pesquisa por ele mesmo realizada?), o grupo midiático cujos sócios-fundadores emprestaram viaturas à famigerada OBAN e que chamaram de “ditabranda” o regime que ajudaram a instalar no Brasil, que perseguia, torturava e assassinava opositores, não conseguiu, desta vez, uma forma convincente de manipular e enganar os leitores que vão além da lide.

    Se o objetivo dessa pesquisa manipulada e manipuladora era o de mostrar que pelo menos entre a parcela dos fundamentalistas evangélicos havia preferência pelo nazifascista boçalnaro, o tiro saiu pela culatra. O Ex-Presidente Lula lidera também nesse segmento, apesar de toda a perseguição e linchamento que sofre do PIG/PPV e dos charlatães corruptos que se dizem pastores, como silas malafaia, waldomiro santos, everaldo e quejandos.

    Há poucos dias o próprio boçalnaro deu a senha para o PIG/PPV e para os marqueteiros de direita, admitindo que não entende NADA de economia e que não está preparado para ser candidato, muito menos para ser presidente da república. Nos EUA, boçalnaro capitulou e cancelou na última hora o único compromisso oficial que tinha naquele país, mais especificamente na universidade george washington. Em que pese esse recado claro, ainda há muitos analfabetos políticos que não entenderam ou fingem não entender essa mensagem.

    Mesmo entre a blogosfera progressista existem os que sobrestimam e os que subestimam a besta-fera boçalnaro. Os que sobrestimam boçalnaro se esquecem de que esse ex-militar bunda suja NÃO É e NUNCA FOI o candidato predileto das classes dominantes (tanto as oligarquias nacionais quanto as estrangeiras) nem da própria mídia golpista. boçalnaro é poupado de ataques pelo PIG/PPV porque até agora a direita não possui um candidato capaz de concorrer, com chances de vencer, com o Ex-Presidente Lula. Tentaram joão botox, estão tentando luciano ‘lata-velha huck’, podem tentar Bernardinho ou o picolé de chuchu, embora o tucano à frente do governo paulista apresente ‘fadiga de material’ e tenha conseguido a proeza de, em 2006, conseguir menos votos no 2º turno do que havia obtido no 1º, na disputa com Lula. Nos quadros do tucanato o máximo que a direita e o PIG/PPV podem conseguir são figuras como Marconi Perillo e Arthur Virgílio Neto. Nem mesmo políticos como Ronaldo Caiado – que de bobo não tem nada – abrirão mão de uma bem-sucedida carreira no ultra-reacionário e conservador parlamento brasileiro, para enfrentar o desgaste de uma disputa presidencial em que são remotas as chances da direita eleger alguém.

    Os que subestimam boçalnaro se esquecem de que na vigência do Estado Fascista de Exceção, o ódio nazifascistóide disseminado pelo PIG/PPV e pelo sistema judiciário cooptado pelo alto comando internacional do golpe, grande parcela do eleitorado não age com base na razão, mas motivada pelos instintos primitivos e anti-civilizatórios que esse ódio provoca; esses instintos é que tornam perigosíssima a constatação de que os segmentos mais endinheirados da população brasileira (da classe dominante, que também possui nas suas hostes grande percentual de pessoas com alta escolaridade) apóiam pré-candidatos à presidência que pregam o ódio, a violência, a tortura e o assassinato de opositores.”

  11. Sobre os Evangélicos

    As igrejas evangélicas têm conseguido criar um ambiente de respeito dentro das comunidades mais pobres, que são as mais numerosas neste país. Até presos evangélicos são respeitados dentro das cadeias; jogadores de futebol que olham para o céu quando fazem o gol. O povo encontra na igreja evangélica um lugar de ascensão social dentro da sua comunidade, coisa que o Estado deixou de fazer.

    Fomos recentemente com a minha esposai ao casamento da nossa empregada doméstica, no ano passado, numa igreja evangélica. Casa cheia; todos se conhecem entre eles; o Pastor muito simpático cumprimenta e trata a todos quase que pelo nome; grupo musical sensacional; poltronas macias que dava gosto de sentar; todos bem trajados e com cara alegre. O tempo passou voando.

    A sociedade brasileira, assim como o Estado, ainda não tem conseguido oferecer um ambiente de dignidade ao povo, e este o tem procurado e acgado dentro da convivência fraterna e pacífica das igrejas evangélicas. Ainda, o brasileiro é conservador no seu cotidiano e o esquerdismo infantil de alguns tem afugentado gente comum com assuntos de sexo e família, gerando mais uma divisão entre as classes populares.

    O que existe no Brasil é o vácuo social e político, onde a sociedade encontrou espaço para tentar ser tratada como gente, e onde o Pastor achou que poderia substituir aquela parcela corrupta que milita na política se apresentando ele mesmo para essa função. Ainda, existe o “anti”, insuflado pela mídia: o anti PT, anti Lula, antipolíticos, gerando um vácuo onde entra gente até mais graúda e supostamente mais informada, como o Dallagnol e outros crentes mais gabaritados.

    Não há nada a combater nem a criticar. Eles estão  o que acham melhor para eles (e estão conseguindo). Há que terminar com aquele vácuo de poder, de crença e de moral, recolocando o brasileiro dentro de um ambiente onde sejam o Estado e o ambiente plural de toda uma sociedade brasileira mais evoluída os elementos que trariam civilidade e respeito, e não tão somente a igreja. Nos governos de Lula a comunidade evangélica estava toda com ele. Depois do mensalão foi criado um vácuo e alguns oportunistas usaram a igreja como passaporte para entrar na política (são muitos). Esse vácuo abriu espaço para gente invejosa e etc. Surgem líderes e candidaturas.

    Hoje a bancada evangélica chegou a esse tamanho pela falta de opção e pela esperteza de políticos que foram correndo a tomar banho no Rio Jordan. Ainda, pela nossa culpa, ao gratuitamente turbinar políticos do lado de lá, mediante cuspidas na cara ou discussões inoportunas sobre modernidade comportamental…….numa hora destas!

    Amanhã continuará havendo uma ou varias igrejas evangélicas e milhões de evangélicos, nada contra, mas, com a volta do Lula, poderá o povo voltar achar a dignidade, respeito e ascensão social dentro do contexto geral e fraterno da sociedade brasileira, nas ruas e nos bairros, dando prioridade ao seu país.

    Por isso, mais uma vez, a bandeira de 2018 deve ser curta e precisa, evitando a confusão que pastores espertos tentarão colocar acima das suas ovelhas, reafirmando o compromisso com a defesa da nação, da economia voltada para o consumo interno e para o desenvolvimento social (educação, saúde e segurança).

    Bolsonaro e os Pastores espertos, assim como os numerosos parlamentares evangélicos, perderão poder e votos apenas mediante a colocação na pauta de discussão política os assuntos prioritários da nação brasileira neste momento.

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