O jogo de xadrez entre Alckmin e Campos para 2014 e 2018

Sugerido por neotupi

Do blog Amigos do Presidente Lula

Eduardo Campos joga a toalha em 2014 para enfraquecer Alckmin como adversário em 2018

Não é difícil entender porque Eduardo Campos (PSB-PE) decidiu que o PSB lançará candidato próprio em São Paulo contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

Não foi mera concessão à Marina Silva (PSB-AC), apesar disso aplacar uma “revolta dos marineiros”. Quem “traiu” politicamente Lula não teria cerimônia em trair Marina também, se achasse interessante para suas ambições políticas. A decisão foi cálculo político do próprio Eduardo Campos.

Vendo que há 8 meses das eleições os apoios que recebe não dará para encher seu copo de votos até outubro, Eduardo Campos praticamente joga a tolha e passa a operar com vistas a 2018, procurando se projetar nacionalmente neste ano e se posicionar como liderança com protagonismo de peso nas eleições deste ano.

É fácil entender esse jogo de xadrez político, analisando 5 cenários:

1) Alckmin vai ao segundo turno em SP e Dilma ganha no primeiro turno no Brasil.

Não interessará à Campos fortalecer Alckmin. Dilma não poderá ser candidata em 2018, enquanto Alckmin virará pré-candidato natural tucano se for reeleito, ainda mais com Aécio dando vexame nas urnas. Portanto o adversário de Campos em 2018 seria Alckmin e não Dilma.
2) Alckmin vai ao segundo turno em SP e Aécio vai ao segundo turno no Brasil.

Também não interessará a Campos fortalecer dois possíveis adversários em 2018: Alckmin e Aécio. Pela lógica, interessará mais a Campos negociar apoio a Dilma para ter protagonismo político no governo e não ficar “no sereno” durante quatro anos, esperando 2018 chegar.

3) Alckmin vence no primeiro turno em SP e Campos vai ao segundo turno no Brasil.

Com eleição liquidada e Aécio fora do segundo turno, Alckmin se tornaria imediatamente o presidenciável tucano em 2018, quando Dilma não poderá ser candidata. Portanto Campos seria seu futuro principal adversário e não Dilma. Não haveria interesse dos tucanos em fortalecer Campos. A maioria do “alto clero” tucano faria corpo mole no segundo turno, para o PSB não tomar do PSDB o lugar de segunda força política na expectativa de poder para 2018.

4) Alckmin vai ao segundo turno em SP e Campos vai ao segundo turno no Brasil.

Pelo exposto no cenário 3 acima, esta seria a única forma de Alckmin suar a camisa por Campos em um segundo turno. Só assim os dois precisariam do apoio do outro. Mais um motivo para interessar à Campos a candidatura própria do PSB paulista no primeiro turno, para forçar haver segundo turno em São Paulo.

5) Alckmin vence no primeiro turno em SP e Aécio vai ao segundo turno no Brasil.

Para Campos é semelhante ao cenário 2 acima. Não interessará fortalecer dois possíveis adversários em 2018: Alckmin e Aécio.

Como se vê, por mais que Aécio e Campos jantem juntos no restaurante Fasano em Ipanema, e Merval Pereira escreva sobre uma suposta “união da oposição” (sem acreditar muito no que escreve), são adversários não só para tentar ir ao segundo turno em 2014, mas também para saírem desta eleição pelo menos como principal nome para 2018. 

E nesta disputa, a conta não fecha se um suar camisa pelo outro no segundo turno, a não ser que haja muitos palanques estaduais do PSB e PSDB em jogo no segundo turno, para negociar trocas de apoio que tragam vantagens grandes o suficiente para os dois lados.

Daí a candidatura própria em São Paulo se tornar interessante para o PSB, mas não por questões programáticas como gosta de dizer Marina Silva, e sim pelo pragmatismo da raposa política que Eduardo Campos é.

Campos praticamente joga a toalha em 2014 e mira 2018

O apoio à Alckmin já no primeiro turno poderia trazer mais votos para Campos em São Paulo, dividindo votos demotucanos com Aécio. Campos poderia se apresentar mais palatável do que Aécio para o eleitorado de Alckmin, em um palanque duplo. Facilitaria as chances de Campos chegar ao segundo turno, mas dificilmente o ajudaria a vencer no segundo turno, por todos os motivos expostos e por outros. Seria uma ousadia aventureira de apostar no tudo ou nada em 2014, com baixa probabilidade de vitória. Se não desse certo (e só a vitória total seria dar certo), Campos viraria carta fora do baralho em 2018, assim como ocorreu com José Serra em 2010. Mesmo indo para o segundo turno e tendo votação expressiva, Serra saiu estigmatizado e passou a ser visto como certeza de derrota em 2014, após fazer uma campanha na base do tudo ou nada.

A candidatura própria do PSB paulista funciona ao contrário. Baixa a expectativa de Campos vir a ser “zebra”, diminuido qualquer chance de vencer em 2014, para se posicionar melhor para 2018.

Assim, Campos opta por ter cartas na manga para negociar apoios estaduais (ou federal) do PSB no segundo turno, lhe dando protagonismo e espaços no poder. Além disso, deixa uma porta aberta para reposicionar sua imagem política no segundo turno (conforme o lado que o vento das urnas soprar). Mesmo que ele fique fora do segundo turno nas eleições presidenciais, como presidente do PSB negociará os apoios do partidos nos estados e na eleição presidencial (se for para o segundo turno).

Redação

17 Comentários

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  1. Boa análise, mas

    espero que na contagem dos votos do 2º turno das eleições deste ano, o tal Alkmin, um dos políticos paulistas de pior nível por todos os critérios possíveis (e os termos de comparação são deprimentes) seja mandado de volta para Pindamonhangaba, donde ele nunca deveria ter saído.

  2. SONHO ou ESTRATÉGIA

    Lula sente que precisa deixar a aliança com o PMDB,  e adoraria ver o PSB no lugar do PMDB, ainda que em 2018 tivesse que apoiar Campos, por isso.

    Nessa eleição bate menos em Campos, para que PT e PSB aumentem sua bancada no congresso e possam governar juntos e sem PMDB nos proximos 4 anos.

    Lula passaria com prazer o governo federal a Campos, se tivesse o governo paulista, e mais um entre o carioca e mineiro.

    Vai apostar?

    1. Lula talvez, …

      Lula, talvez, mas o PT, jamais.

      Acho que seria muito mais negócio para o Eduardo Campos deixar a Marina candidatar à presidência e ele ser candidato ao senado.

  3. Engraçado o “traiu o Lula”

    Engraçado o “traiu o Lula” visto de um lado. Que tal a preparação do “Haddad” para 2018? Seria um “traiu o Eduardo Campos”?

      1.   Você só pode estar

          Você só pode estar brincando… agora vão introduzir o fator “DeLorean” na vida política do país? Lula em 2018 traiu Campos em 2012? De mais a mais, é muito boa vontade desde já jogar Haddad para candidato a presidente em 2018 – ou melhor, é querer inverter os sinais. Em 2018, Campos seria o candidato da coligação ou poderia com toda a razão se dizer “traído”; em 2013-2014, ele é que pulou fora, e nada muda isso.

  4. Análise interessante, exceto

    Análise interessante, exceto pelo fato de negligenciar rotundamente Marina Silva nas eleições de 2018. Parece cristalino como água limpa que Marina, mal terminado o pleito deste ano, vai sair do PSB (muito provavelmente numa briga fratricida contra tudo e todos de lá – sobretudo Eduardo Campos, por óbvio) e fundar sua Rede. Para Marina não interessa disputar a atual eleição que, muito provavelmente, é de Dilma. É muito melhor ser a candidata eterna, que não precisa se comprometer com questões reais do tipo: como conciliar a agenda meio-ambientalista com a geração de empregos, o consumo ampliado da nova classe média, etc. Marina enfraquece se levada ao debate real e, naturalmente, seria colocada na berlinda nesta eleição (o que não ocorreu em 2010, dado o seu crescimento na reta da chegada da eleição). E seria colocada na berlinda com as questões aqui sugeridas, com uma população com bastante emprego, comprando bastante, etc. Ela resistiria, num debate (e com aquela conversa horrível de “cerca lourenço” dela) a uma questão tipo: você vai impedir os trabalhadores de comprar automóveis e tvs de Led se eleita com sua política voltada excessivamente ao meio ambiente? Duvido. Por isso, Marina torce muito por Campos e Aécio. Torce para que eles sejam colocados na berlinda e ela seja sempre aquela que guarda as verdades, a paz e o amor; que preserva  o verde, a ternura e todo o mais. Lá na frente, apostando num cenário de catástrofe econômica que, convenhamos, não é impossível de ocorrer, ela poderá vir dizendo que o modelo deu provas de esgotamento e que é preciso uma nova agenda e blá-blá-blá. Hoje este discurso não vai além dos antropólogos, do mundo dos intelectuais de buteco e de uma classe média blasé. Por isso, para ela é fundamental que o jogo corra como vai correr e que Dilma vença, conquanto que combalida. Se, em 2018, PSDB terá um candidato (seja Aécio ou Alckimin) – o que é claro que vai acontecer – e Campos será um candidato devidamente lançado pela conjuntura de 2014 – no que o texto está correto no desenho que apresenta – é claro que Marina também ressurgirá, intocada e protegida pelos gnomos das selvas como vem sendo desde 2010, sem ter sido colocada na berlinda de um processo eleitoral como os demais candidatos. Não é possível, portanto, pensar o cenário de candidaturas oposicionaistas para 2018 (numa conjectura em que Dilma se elege em 2014, como a do texto aqui em debate), negligenciando que Marina será candidata lá. O nó político de Campos, para ser bem dado, portanto, pressupõe duas pontas: dificultar a vida dos tucanos mas, sobretudo, conseguir arrastar Marina (mesmo que não sendo candidata) para o centro do debate das próximas eleições uma vez que ela não terá dificuldade alguma de se desvencilhar dele, tendo conseguido se desvencilhar com muita propriedade e inteligência mesmo de Lula. 

    1. Caro Daniel, a questão é até

      Caro Daniel, a questão é até quando a Marina vai conseguir postergar a solução de suas contradições. Nesse sentido, sua campanha corre contra o tempo. Talvez ela consiga enrolar o eleitorado por algum tempo, mas, conforme esse tempo se estende até 2018, mais e mais pessoas começaram a questionar as incoerências marineiras.

      Além disso, mais 4 anos fora do governo(qualquer governo)enfraquece a plataforma marinista. A enfraquece no jogo político(sem mandato, não tem como barganhar alianças, como fazem governadores e a presidenta)além de não ter nada a mostrar para o eleitorado(ao contrário de quem é governo). Se ser governo contém o ônus de ser vidraça, contém também o bônbus de possuir a maquina para negociar apoio político e social(por meio de políticas públicas).

      Na minha opinião, o cálculo político de Lula quando lançou Dilma e Haddad já antevia esse movimento de insatisfação com a política, por isso a apresentação de candidatos sem identificação com a política. Houve também a constatação de que, com a elevação dos níveis de renda da população(redução da miséria, transformação do Brasil em um país de classe média)o perfil do eleitorado se tornaria mais conservador, preocupado em perder os ganhos já conseguidos. Com isso, ganham força candidatos que tenham realizações para mostrar ao eleitorado, enfraquecendo os salvadores da pátria com sua retórica vazia, sem nada de concreto para apresentar.

      1. Pode ser –  e espero que

        Pode ser –  e espero que assim seja, realmente. Mas tenho dúvidas, notadamente se tivermos uma fase aguda de crise econômica e/ou crise de representação política. Tenho a impressão que teremos alguns anos delicados de acomodação da cena política – ela está em franca transição para algo ainda sem forma definida. É aí que pode caber uma candidatura pós-tudo, mesmo que desvinculada da máquina. Inclusive por que se Marina está este tempo todo desvinculada da máquina (já esteve os últimos quatro anos e estaria mais quatro, em 2018) nunca esteve desvinculada do centro do capital. Ela não é uma outsider, neste sentido, mesmo não tendo a máquina para negociar. Em um contexto de crise institucional – natural ou, pior, fabricado propositalmente – isso pode ser decisivo e, então, sua agenda amorfa e desapegada pode ser uma diferença. Creio realmente que ela aposta no caos para se projetar, e suas últimas falas se dizendo esperar as próximas manifestações de junho (dando como certo que existirão) diz muito dela e de seu jeito de fazer política.

  5. Março

    O cenário da disputa eleitoral só clareia a partir de março.

    O PMDB e o PROS têm um trunfo imbatível, na minha humilde opinião, na chapa Requião – Ciro, só não vão excercer a presidência do Brasil se não quiserem.

  6. Aécio e Alckmin e a matemática do jogo político em 2018.

    O adversário de Aécio para 2018 é Alckmin em 2014. Aécio não conseguiu viabilizar o seu nome como aquele que agregaria o pensamento conservador brasileiro. Um Alckmin forte em São Paulo é o candidato natural do PSDB. Com ele fraco, Aécio tem chances, para Marina é um investimento a longo prazo e para Campos é indiferente.

    O colega Neotupi nos traz um texto muito interessante.É um belo trabalho de análise combinatória.

    Realmente a política de alianças permite combinações muito interessantes. Porém, diferente do que o artigo trata tão bem, o não apoio de Campos a Alckmin favorece muito mais a Aécio e a Marina A Aécio favorece muito, para Marina é um investimento a longo prazo e para Campos é indiferente.

    Demo-nos tratos à bola.

    No início de 2013, Dilma era “pule de dez” para as eleições de 2014, e então o jogo dos outros concorrentes estava direcionado para 20218. Junho de 2013 pareceu uma obra de Lampedusa, mudou tudo para deixar tudo como estava. Ou seja, neste início de 2014, Dilma é novamente “pule de dez” para a eleição à presidência e o cenário de vitória no 1º turno não parece nada implausível.

    Outra vez o jogo passa a ser 2018. Salvo chuvas e trovoadas já programadas e outras inesperadas. Os “protestos contra a Copa” são a combinada. Vão começar a tentá-la em 25 de janeiro, aqui em São Paulo. Não deve dar em nada. Não nos esqueçamos de Marx: “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.

    As não combinadas são, por exemplo, os “rolezinhos”. Qualquer evento que convulsione o país será usado pelas forças reacionárias, a grande mídia como ponta de lança, para tentar desestabilizar o panorama político e “ver no que dá”, já que a agitação pode não favorecer aos outros candidatos, mas, sem dúvida, é desfavorável para Dilma. 

    Se nada acontecer, e é pouco provável que aconteça, é 2018 que deve estar nos planos da oposição e também do “novo PT” que terá de surgir com o encerramento do ciclo “lulista”.

    Nesse cenário, olhando deste início de 2014, Marina Silva, Aécio, Alckmin, Eduardo Campos e Haddad são possíveis candidatos.

    Nestas eleições, a exceção de Haddad, estarão formando o recall para 2018.

    Marina e Eduardo Campos são um caso inusitado. Têm, cada um, um partido para chamar de seu. Marina o Rede e Eduardo o PSB. O casamento entre eles é de conveniência e termina assim que o Rede estiver aprovado junto ao TSE.

    Marina vem a calhar para Campos. Dá a Campos a visibilidade no sudeste que ele precisava e aproxima Campos do empresariado paulista.

    Campos vem a calhar para Marina. Mantém-na viva no ano e nas eleições de 2014 e permite a ela ir construindo o seu Rede para 2018.

    Mas para isso, ela precisa demarcar espaços em São Paulo e Rio. Marina é um caso interessante, é do Acre, da “rainforest”, mas seu principal eleitorado e apoiadores estão no sudeste. Não dá para ser linha auxiliar de Alckmin. Aécio agradece.

    Mas este casamento mostra também uma mudança de rumo de Eduardo Campos. Marina inviabiliza um apoio do PSB ao PT no 2º turno. Ou vai exigir uma engenharia política que não vislumbro, por enquanto.

    No mundo ideal, pela ótica do que era o início de 2013, Campos seria o “herdeiro de Lula” com o fim do “PT original”, seja por que Lula e Dilma – sua continuação – completaram seus ciclos, seja porque a AP 470 inviabilizou quadros poderosos, seja porque outros nomes envelheceram sem se viabilizar.

    Lula chegou a ensaiar uma candidatura de Temer ao governo de São Paulo em troca da vice de Dilma para Eduardo Campos, mas não teve jogo com o PMDB. Restou a Campos sair candidato.

    Aqui, o normal seria Campos levar a eleição para o segundo turno, batendo muito mais em Aécio que em Dilma, ficar em terceiro e no 2º turno apoiar Dilma, garantir um ministério com verba e ser o candidato do PSB-PT em 2018.

    Algo mudou, e mudou na cabeça de Lula.

    E a mudança foi Haddad e Padilha.

    A lógica, talvez, tenha sido simples, partindo do gênio que Lula é. A eleição de Haddad mostrou um Lula poderoso, capaz de fincar “postes” e não é de hoje que Alckmin e o PSDB paulista mostra claros sinais de fadiga do material. Com Haddad eleito, Dilma se recuperando das “Manifestações de Junho” muito melhor que Alckmin, Lula deve ter intuído que Padilha era viável não apenas para uma renovação do PT, mas para a vitória na eleição para o governo paulista. Paradoxalmente, o PT paulistano, com Marta e Mercadante, não é dócil a Lula, mais o “Mais Médicos” tornou o nome de Padilha indiscutível dentro do PT.

    Lula resolveu apostar.

    Essa aposta muda o quadro da eleição de 2018 completamente, no curto prazo, e inviabiliza a chapa Campos presidente, PT vice em 2018. Pelo menos até 2016 – eleições municipais, onde Haddad deverá tentar a reeleição.

    Com Padilha eleito governador e Haddad re-eleito prefeito da capital paulista, ele, Haddad, se torna o candidato natural do PT para 2018.

    E mais, com Pimentel forte em Minas, Gleisi no Paraná e Lindbergh no Rio mais Tarso no Sul e Wagner na Bahia, estará feita a transição para o novo PT “pós-lulitsa”.

    É “sonho de uma noite de verão” para Lula? É. Mas Lula se alimenta de sonhos, e esse não parece, visto daqui, do início de 2014, tão mirabolante assim.

    Assim, Campos ficaria na chuva mesmo tendo apoiado Dilma e sido seu ministro. Campos deve ter percebido isso ou, mais ainda, conversado com Lula a respeito. Assim, inviabilizada a aliança PSB-PT para 2018, restou a ele buscar o confronto com o PT já em 2014 para marcar posição.  A fragilidade de Aécio só ajuda Campos a chegar ao segundo turno, o que antes não lhe convinha.

    Aécio e Alckmin – O PSDB foi e continua sendo um partido dividido.

    Pela primeira vez, desde as eleições de FHC, o nome de Aécio poderia ter sido um unificador. A ambição de José Serra, mais uma vez, não permitiu. Pior ainda, Aécio não conseguiu viabilizar o seu nome como aquele que agregaria o pensamento conservador brasileiro.

    Alckmin personifica o conservadorismo retrógrado paulista e brasileiro. Eleito em São Paulo em 2014, será o candidato natural do PSDB nas eleições de 2018.

    O adversário de Aécio em 2018 é, portanto, Alckmin em 2014. Um Alckmin forte em São Paulo é o candidato natural do PSDB, com ele fraco, Aécio tem chances.

    Mas que chance é essa?

    A chance de concorrer contra Haddad, Marina Silva e Eduardo Campos. A primeira eleição onde Lula e FHC serão nomes do “ancien régime”, a eleição que representará o início de um novo ciclo político no Brasil.

    Eduardo Campos e Marina Silva prestam lhe um grande favor ao dificultar a vitória de Alckmin em 2014 para o governo paulista.

  7. Acho que falta o aspecto mais

    Acho que falta o aspecto mais importante na política brasileira:a guinada “tecnocrática” do PT.

    A vitória de petistas alheios ao mundo da política e com perfil técnico – Dilma e Haddad – para o primeiro e o terceiro mais importantes cargos políticos do país, é um fenômeno que simplesmente não foi assimilado pela direita. Em um contexto de manifestações contra “tudo que está aí”, a dinastia política de Campos e Neves se contrapõem à tábula rasa política de Dilma, Haddad e Marina Silva, a única diferença sendo que, está última, não possui um partido estruturado a nível nacional.

    O PSDB só nos tem demonstrado sua mais completa incapacidade de renovação. Continuamos na incerteza se o candidato será o manjado e desacreditado Aécio ou se, diante de sua impotência eleitoral, teremos, mais uma vez, José Serra como candidato tucano. O boato de que a morimbunda campanha de Aécio seria “rejuvenescida” com a vice candidatura de FHC é mais um sinal do encarnecido mofo dos candidatos da massa cheirosa. A aposta em veículos de comunicação antiquados – televisão e jornais – é mais um exemplo da estratégia carcomida do PSDB, partido que, em tempos de transformação, se mostra invunerável a qualquer ideia nova.

    Noto uma discreta renovação no DEM(antigo PFL)com a eleição de ACM Neto. Deve-se notar que os coronéis pflistas demonstraram maior faro político quando – ao serem derrotados nas urnas – iniciaram seu projeto de renovação por meio de filhos e netos(ACM Neto, o filho de César Maia, etc.), colhendo frutos com uma possível retomada da Bahia(onde já administram Salvador), antigo reduto do coronelismo carlista. Contudo, esse legado hereditário não parece adequado para o contexto de reivindicações políticas da era virtual.

    Assim, vejo que a sabotagem adotada pelo Judiciário(novo instrumento do golpismo)contra a administração de Haddad se deve a constatação de que o prefeito de São Paulo poderá surgir como forte candidato ao planalto em 2018. Esse é o xadrez que me parece estar sendo jogado.

  8. Muita futurologia sem povo!

    Depois das manifestações de julho, agora dos rolezinhos e a certeza de que existe uma realidade a ser atacada de frente que é: a inserção plena da população no espaço urbano: com direito a moradia decente, bairro urbanizado e com equipamentos de lazer, saúde, transporte, educação e cultura de qualidade fazer análise política com discurso que não insere o “novo consumidor/eleitor” não dá mais certo, creio eu. 

    Milhões de brasileiros estão atentos nos discursos dos “políticos” e suas ações. Não cabem tantos cálculos. O voto será dado para quem o povão enxergar que tem compromisso em dar um “upgrade” na sua vida, além do poder aquisitivo de consumir coisas. 

    O voto será dado pelas realizações feitas pelo governante. Atualmente, quem realiza, mesmo que timidamente, por motivos tantos, que bem sabemos quais são (alianças políticas, velha mídia, elites retrogradas, capital internacional, etc.), é o PT. 

    Vai vencer em 2014. E pelo que tudo indica em 2018, também. Afinal, Alckmin, Aécio, Eduardo, Marina, Serra discursam mais a favor do capital do que da classe trabalhadora. O discurso desses políticos não tem reverberação no povão. 

    A turma desses políticos, sequer consegue afinar um discurso favorável aos “rolezinhos” – das classes sociais emergentes, eles até fecham as portas de seus estabelecimentos e mandam a polícia resolver as coisas na base da violência. O povão está atento. E, ainda, discursam contra a política do aumento real do salário mínimo e pregam até o desemprego.  

    Sem um golpe via Judiciário ou Legislativo, ou seja, na base do voto, será muito improvável, na política atual, tirar o PT do poder. Discursar é bonito, fingir-se de defensor do povo é lindo, agora fazer algo pelo povo são outros quinhentos, dos partidos com estofo para vencer uma eleição, só o PT tem essa possibilidade. 

    É muita matemática sem povo. Muito cálculo eleitoral e pouco contato com a realidade social atual do Brasil. Vai ganhar as eleições futuras quem melhora a vida do povo. Com ou sem mídia. Com ou sem capital. Com ou sem apoio das elites. 

    O que se busca daqui para frente é ampliar as conquistas da classe trabalhadora, melhorar a qualidade de vida do bairro onde ela reside, melhorar a infraestrutura dos transportes até seu trabalho, ampliar os equipamentos de lazer e cultura, melhorar a infraestrutura e a qualidade do ensino da escola de seus filhos, melhorar ainda mais o atendimento do SUS, etc. Política de retrocesso não cabe mais. O povo já experimentou participar do banquete do consumo e quer participar em pé de igualdade com todos, agora. 

    Político para vencer eleição no Brasil atual ou caminha ao lado do povo ou está fadado a perder. Tenta mudar o rumo das coisas para ver se o político eleito fica mais de 1 mandato no poder. Se não sair antes de terminar o mandato se dê por satisfeito.

    A Era Lula e Dilma criou uma nova consciência social no povão. Essa realidade não será alterada tão cedo. Quer vencer em 2014, 2018, 2022 e assim por diante? Cuida de governar para todos os brasileiros. E privilegia quem mais precisa do Estado para melhorar sua condição de Vida para alcançar sua cidadania plena. 

    1. A realidade que o povo vai sentir na pele

      A realidade é dura e cruel para o futuro do povo no Brasil, com PIB caindo, juros aumentanto, transferências de riqueza e patrimônio para fora do Brasil como a muito tempo não se via, aumento do desemprego, junto com o endividamento e o cenário da tempestade perfeita prevista por muitos analistas está ai, na esquina.

      Dá para mudar o rumo ainda, mas não é tarefa para amadores.

  9. As bancadas da governabilidade

    No Brasil 2014 não adianta apenas vencer nos votos a eleição, têm de governar e ai o PT com a Dilma enfraquece muito.

    Se a oposição, em especial a primeira e a terceira bancadas do congresso nacional . PMDB + PROS, conseguirem emplacar um discurso forte e sem contra-argumento de que a Dilma se levar a presidência de novo, leva o Brasil para o Caos que está se instalando na Europa (Espanha, Ucrância, etc.. ), na Ásia (Tailandia),junto as incertezas do Oriente Médio (Egito, Palestina, Israel, Arábia Saudita, Irã,…) e teremos os elementos suficientes e necessários para o golpe de estado aqui no Brasil, liderado pela oposição e permitido por um governo incapaz de governar.

    A verdade é que PT + PMDB não conseguem manter sozinhos a governabilidade no Brasil que sangra sem parar e cada vez mais com juros pornográficos e uma moeda que joga contra o povo e a nação.

    O governo da Dilma está ferido de morte, já fazem meses que só temos notícias ruins na área econômica e social e não existe perspectivas, com excessão é claro de jorrar petróleo aos milhões de litros no pré-sal, o que é altamente improvável.

    O PMDB + PROS têm uma chance, pequena é verdade, de com novas idéias estabelecer um mínimo de governabilidade para ganhar tempo e se bolar novas saídas para o enrosco atual, Requião e Ciro são os nomes para a façanha.

  10. Hipótese Alternativa Geral: Campos e Alckmin com afinidades

    Se lemos algo tão parcial como o que é escrito por um blog de nome “Amigos de Lula” poderemos propor a leitura de algo tão parcial como “eleitores de Alckmin e Campos em potencial”.

    Parte-se de pressuposições muito fortes, como se qualquer oposição necessariamente fosse arrivista, oportunista ou composta apenas de ‘traíras’.

    Por que não se pode supor o contrário? Por exemplo, supor que políticos (e, sim, são todos vaidosos) possam também querer defender um programa, princípios ou coisas assim?

    Lembremos que Campos já prometeu chamar quadros de PT e PSDB para compor governo. Essa promessa só pode ser testada se ele ganhar.

    Alckmin não merece a demonização que é feita, não boicota o governo federal e até apoiou Haddad no episódio “MPL”. É inclusive o candidato dos ‘mais pobres’ (com 50%) estando, no entanto, com 25-30% na faixa superior de renda (‘classe média’), ou seja, o eleitor dele é basicamente o de Dilma em SP. Campeão junto aos desfavorecidos, 3º lugar junto aos ‘descolados’. Uma boa complementaridade para Campos.

    Campos e Alckmin podem ser considerados, sim, mais à direita em economia que Dilma e Padilha. E daí? Isso não tem conotação ética e até bate mais com a maioria do eleitorado brasileiro. Afinal, PT e PCdB, caso sejam mesmo de esquerda (há controvérsias) não elegem nem 25% dos deputados.

    Cabe lembrar:

    – há complementaridade geográfica entre PSB e PSDB. O PSDB ainda é viável, basicamente, nos estados de PR, SP, MS (onde coliga com PT), MG (onde já coligou com PT para a capital), GO, PA e AL. Estados onde o PSB não tem forte desempenho.

    – o programa do PSB não é diferente daquele do PT; se, eventualmente, o PSDB decidir abrir mão de seu conservadorismo econômico e aderir à Nova Oposição, não pode ser criticado por isso.

    – uma (não impossível para 2º turno) coligação DEM/PSDB/PPS/PV/Rede/SDD/PSB tem uma feição mais homogênea e menos fisiológica que PT/PCdB/PMDB + PP/PSD/PSC/PR/PRB/PTB/PROS.

    Isto posto, trata-se de candidaturas válidas e coerentes, podemos criticá-las por seus programas e propostas, mas não cabe desconsiderar a hipótese alternativa.

    Alckmin e Campos podem ter percebido afinidades e complementaridades e podem trabalhar juntos sim, não necessariamente puxando tapetes um do outro. Tipo ruim de jogo do qual Alckmin já deu mostras de não favorecer.

    Mas ao que interessa.

    Hipótese Alternativa Geral: Campos e Alckmin serem colaborativos entre si. Podem ter lido algo de Teoria dos Jogos e Dilema do Prisioneiro, por exemplo.

    Não é difícil entender porque Eduardo Campos (PSB-PE) decidiu que o PSB lançará candidato próprio em São Paulo contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

    Há ganhos de imagem com isso, como demonstrado por falas de Marina. Parceiros (caso queiram sê-lo, claro) têm o direito de candidaturas alternativas. Tanto como Russomano/Chalita/Haddad, Kassab/Skaf/Padilha, Crivella/Garotinho/Lindbergh/Jandira. Podem com isso angariar, também, mais apoios no conjunto, em termos de deputados eleitos.

    Mais a mais, Alckmin já é tão favorito a governador hoje como Dilma o é para presidente. O máximo que pode ocorrer é a eleição ir a 2º turno.

    Ou seja, pode até ser de caso pensado e sem incomodar Alckmin. E sem traições envolvidas.

    1) Alckmin vai ao segundo turno em SP e Dilma ganha no primeiro turno no Brasil.

    Na HAG Campos apoiará ambos, sem problemas. Como já dito, Campos não hostiliza o PT. E Alckmin continuará com governador com bom trânsito junto ao GF. O PSB terá ministérios em Brasília e secretarias em SP. Como quase sempre foi.

    Na HAG os contendores são não-arrivistas, não há um problema se Alckmin for valorizado no período 2015-2018. Vencerá em 2018 o melhor programa, como terá sido em 2014.

    2) Alckmin vai ao segundo turno em SP e Aécio vai ao segundo turno no Brasil.

    Mesmo que Campos apoie Aécio no 2º turno, poderá negociar participação no governo Dilma. Há muitos precedentes, entre eles Kassab apoiar Serra e dois dias após a eleição já estar reunido com Haddad.

    3) Alckmin vence no primeiro turno em SP e Campos vai ao segundo turno no Brasil.

    Vale o mesmo que para “1)” Nesse há interesse de Alckmin em apoiar Campos, que poderá convidar o PSDB a formar governo. Que o lugar de 2ª. força no plano nacional já está comprometido todo mundo já sabe, melhor ser o 3º ou 4º com afinidades.

    4) Alckmin vai ao segundo turno em SP e Campos vai ao segundo turno no Brasil.

    Ajudarse-ão reciprocamente, sem problemas. É uma campanha eleitoral, não a busca do Santo Graal. A partir do dia 27-10-14 cada um busca as composições de praxe. PSB no governo Alckmin, PSB no governo Dilma. Ou PT e PSDB no governo Campos.

    5) Alckmin vence no primeiro turno em SP e Aécio vai ao segundo turno no Brasil.

    Similar a “2)”.

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