O setor elétrico está em crise?

Jornal GGN – Um dos setores mais debatidos dos últimos tempos é o elétrico. Essencial para todas as áreas da sociedade, seu desempenho pode ser decisivo para uma eleição – como já foi no passado, quando o racionamento contribuiu para quebrar a sucessão presidencial tucana. A polêmica atual é se há ou não uma crise – duas crises, na verdade, uma de abastecimento e outra financeira, decorrente da primeira. Em muitos casos, setoristas e jornalistas dizem que sim, “é a pior bagunça dos últimos tempos”, enquanto governistas (e o próprio Governo Federal) dizem que não, “apesar da estiagem, as contas fecham e não vai faltar energia”.

O Jornal GGN foi até o 11º Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE), onde o diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, falou sobre o assunto. Em seguida, ouviu o outro lado, em entrevista exclusiva com o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.

De acordo com Adriano Pires, as políticas energéticas dos últimos anos estão velhas e ultrapassadas. “O Brasil está um pouco atrasado porque política energética se confunde com política econômica e com política partidária, o que atrapalha o setor”. Para ele, o problema da vez é a modicidade tarifária, buscada pela Medida Provisória nº 579/2012, que renovou as concessões para a iniciativa privada com quedas nas tarifas.

A estiagem prolongada dos últimos anos baixou o nível das hidrelétricas e aumentou a dependência do governo das termelétricas. A geração térmica custa mais caro e, portanto, a energia comercializada por esse mercado também.

O executivo entende que se a energia está mais cara e o governo diminui os preços, o consumidor recebe uma mensagem errada, de fartura, em um momento de escassez. “O sonho do governo é revogar a lei da oferta e da demanda. Se a oferta está caindo, o preço vai subir. Alguém está pagando essa conta. Se o consumidor não paga, quem paga é o contribuinte”.  Ele estima que, em 2014, o governo deve gastar R$ 60 bilhões em socorro ao setor elétrico. “R$ 40 bi com as distribuidoras e R$ 20 com as geradoras”.

Pires diz que a queda nas tarifas só beneficiou quem está no mercado cativo (composto pelas hidrelétricas), e que a indústria, que estava no mercado livre (abastecido basicamente pelas termelétricas), não se beneficiou em nada. “Pelo contrário, a indústria está pagando a conta”.

E, de fato, os números do último relatório – de maio deste ano – da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) demonstram um aumento no consumo das famílias e do setor de serviços (de 6% e 7,3%, respectivamente) e uma redução no consumo da indústria (de 4,3%).

Por outro lado, o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, analisa a questão de forma totalmente oposta. Ele afirma que a MP Nº 579 – que agora é Lei nº 12.783/2013 – não tem nada a ver com uma crise no setor. “O que a 579 fez foi uma redução estrutural de 20% do preço da energia”, ou seja, a medida busca apenas minimizar o custo total (presente e futuro) de operação do sistema.

“A indústria que continua na cativa também teve redução no preço da energia, muitas vezes de 30%. Mas com quem está na livre nós não podemos interferir”. Ele defende que, apesar de o custo da geração térmica ser mais alto, se o reajuste for feito de imediato o preço passa a variar demais.

Questionado, então, sobre o risco de um grande reajuste em um segundo momento, Zimmermann descarta a possibilidade. “Com o vencimento das concessões de usinas que hoje vendem a energia por R$ 150, R$ 180, R$ 200, o preço vai cair muito. Essa energia vai a leilão e o preço deve chegar a, no máximo, R$ 30. A diferença vai representar algo entre R$ 6 e R$ 7 bilhões”.

De acordo com o executivo, o governo vai sim ajudar a aliviar o caixa das distribuidoras devido a despesas com compra de energia não contratada e despesas associadas ao acionamento das termelétricas, mas o valor não chega nem perto dos R$ 60 bi estimados por Adriano Pires. “O montante de recursos envolvidos é da ordem de R$ 12 bilhões”.

Ele diz que R$ 60 bilhões foi o que custou ao Brasil o racionamento em 2001/2002. “Este ano, tivemos uma seca pior do que em 2002, mas como havia equilíbrio estrutural, nos sistemas, capacidade de geração e linhas de transmissão, não houve racionamento”.

Zimmermann explica que, até 2002, o Brasil possuía pouco mais de 76 mil quilômetros de linhas de transmissão e de lá pra cá esse número já ultrapassou a casa dos 116 mil quilômetros. Além disso, a capacidade instalada de geração, que era de pouco mais de 80 mil Megawatts (MW), já ultrapassa 120 mil MW.

Redação

25 Comentários

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  1. Biomassa

    Vejo aí uma chantagem do setor hidrlétrico para cima do governo. Não entendo porque o sr Adriano Pires não enfoca a energia gerada a partir da biomassa. No Brasil o potencial de geração é enorme, temos o bagaço da cana, o euclipto, etc e ninguém ousa falar. Por quê? As UHE que terão tarifas menores já foram pagas agora tem mais é que reduzir.

  2. Adriano Pires ? kkkk

    O homem que ia vender o pré sal por duas mariolas ?  Há dez anos que essa gente anuncia apagão e ele não ocorre.   O Brasil é um país sitiado por uma direita que não aceita estar fora do poder. Não se pode confiar na opinião dessa gente que não tem compromisso algum com o país. É preciso discutir o assunto com gente séria.

    1. Fala pública de Adriano Pires

      Antonio, eu entendo sua crítica – e as demais sobre a escolha do Adriano Pires como fonte. Mas ele falou publicamente, em um evento do segmento organizado pela ABESCO. Além disso, ele claramente não está sozinho em sua opinião, muitos empresários do setor elétrico concordam com ele. Não é meu papel desqualificá-lo como fonte. Se eu digo que a opinião dele é partidária, ele diz que a minha é partidária contrária e nós não aprofundamos o tema. É preciso aceitar minimamente a retórica dele (que, de novo, não é apenas dele) se quisermos debater seriamente. Obrigado.

  3. O setor elétrico está em crise? Depende…

    O Aécio e o PSDB juram que sim, e só vão mudar de ideia quando o PT sair do poder.

    Falando em Tucano, me lembrei que esse Adriano Pires é dos quadros do Instituto Millenium. Mas mesmo assim não dá pa acusar o cara de falácia ideológica de primeira, afinal de contas é um Tucano, o FHC, quem mais entende de apagão neste país…

  4. Humm… Adriano Pires: blog

    Humm… Adriano Pires: blog no portal do Globo e membro do Instituto Millenium. Então tá… vamos depenar o povo brasileiro. Os pobres preferencilamente.

    Ah! Ele tem também o pomposo título de professor UFRJ que é para mostrar como é entendido. Como diz o Paulo Henrique Amorim “quando eu crescer quero ser o Adriano Pires”. Tem “ainda” uma empresa que presta consultoria ao mercado financeiro  na área de energia e é figurinha fácil na Globonews.

    Sua maior obra foi ter leiloado parte do campo de Libra, quando trabalhava na Petrobrás na época do genro do FHC, por 250 mil reais. É que sua especialização em energia não chegava ao ponto em que chegou a Petrobrás com Gabrielli e a descoberta do  Pré Sal.

    Será que ele sabe o que está falando?

    1. Sabe sim, Vera

      Se tem uma coisa que a Direita não faz é dar ponto sem nó. Pra ela não interessa a verdade, interessa é repetir a mentira mil vezes até que cole (hum, já vi esse filme antes!), e pra isso ela usa seus “especialistas” regiamente pagos.

      A uma altura destas o sítio do PSDB já deve estar usando a participação do Adriano Pires nesse congresso como prova de que o PT está destruindo o país e o fim do mundo (com direito a apagão!) será semana que vem…

  5. Isso tem jeito de terrorismo.

    Isso tem jeito de terrorismo. Muita gente deixou de ganahar MAIS, prestem atenção, MAIS dinheiro devido a MP que reduziu a conta de energia eletrica. É claro que não sou especialista, mas como explicar que pessoas que deixaram o pais em um racionamento venham dizer o que deve ser feito? Isso é sintomático. È como se eles, fora do poder, esquecessem das loucuras que fizeram e a falta de planejamento. Todos nós somos atores da historia, quem apoia e quem não apoia, isso é normal em tempo de mudanças, basta saber se Dilma e o PT vão conseguir passar essa fase com os cães latindo querendo voltar e terminar o que começaram.

  6. Adriano  Pires é antiiigooo

    Adriano  Pires é antiiigooo defensor do mercado,  escrevia no o globo  lá  nos  primórdios da privataria tucana, em parceria com outro “professor ”  ( era a época do “boom ” das duplas sertanojas )….Sempre defendeu os interesses do empresariado,  e frustra-sese  irremediavelmente  por a Petrobrás (x ) não ter sido privatizada . Mas no instituto milenium está  muito confortável.  Daí,  suas  “isentas ” opiniões, para o bem do Brasil  deles,  isto é,  dos neoliberais demotucanos.

  7. Nassif, você está ouvindo

    Nassif, você está ouvindo Adriano Pires? Entre no site dessa cara e busque referência de suas “consultorias”. Aí fica difícil……….

  8. Não foi esse sr. Adriano

    Não foi esse sr. Adriano Pires quem leilou Libra, na época de FHC, pelo preço de um apartamento de 3 quartos?

  9. Sera que vai chover ?

    A chamada deveria ser O mundo esta em crise!!!!!!!!!!! E tem mais um avião que desapareceu hoje. Parece, estão dizendo que foi um “desaparecimento” natural mesmo 😮

  10. Com toda essa seca, Minas e Energia brilhou!

    Ora, bolas.

    A seca que esta ocorrendo nas  regiões produtoras de energia por hidrelétricas é inédita.

    Mas a notícia boa é que, mesmo assim, não faltará energia em nosso País.

    Temos um sistema interligado que, aliado às térmicas, garante o plenitude de fornecimento de energia para todo o Brasil. As falhas estão se apresenta, vez ou outra, nas distribuidoras, estas que não são, na grande e imensa maioria, dos estados e do setor privado.Aquelas que mais falham estão nos estados tucanos. São aqueles apagãozinhos limitados a pequenas áreas, que viram, quando ocorre, uma crítica direta e infernal do PIG ao governo federal.

    A verdade é que Minas e Energia foi e está  sendo brilhante, de forma que sua gestão, durante toda esta última década, trouxe-nos a tranquilidade, mesmo atravessando uma seca inédita.

    O setor elétrico em crise? Ora se as empresas do setor privado estão rendendo menos, ganhando menos, tendo que investir mais, é problema do povo?

    Vamos distribuir dividendos e fazer as ações subirem, sem investir, com preço do serviço bem alto,para o povo pagar o pato, como  fez a SABESP. E estão vendo o que está acontecendo. Enquanto a energia, com toda a certeza,  não irá faltar, podemos ter uma verdadeira catástrofe aqui em São Paulo, com falta d´água, por falta de planejamento, por inexistência de investimento.

    Agora, o que se pouco comenta: o empreguismo na Sabesp. Um batalhão de pessoas, uns chocando-se com os outros, fingindo que estão trabalhando, em prédios superlotados e improdutivos. Gastos demasiados, aqueles que o neoliberais ( rsrsrsrsrsrsrsrs) dizem que não fazem, mas como fazem!

    Milagres não existem. E o Brasil está aí com um exemplo de gestão em energia. Agora, a Sabesp……

  11. Querendo ou não o setor de

    Querendo ou não o setor de energia eletrica foi uma das apostas do governo para que a econômia não desaquecesse  como vem desaquecendo, na certa esperavam que a redução de um custo fixo de 30 a 40% na planilha de produção fosse repassado aos consumidores no produto final o que não aconteceu,alem disso  foi vendida a idéia pela imprensa que a redução foi uma magica do governo ignorando que estava prevista quando o custo de construção das usinas hidreletricas estivesse extinto.

    Tem sido muito dsgastante para esse governo lidar com os interesses expeculativos do mercado ,que quer ganhar sempre no curto prazo ,se observarmos as tentativas de especular com o valor das açoes da Petrobrás x as pesquisas eleitorais vemos o jogo de quem perde quem ganha ,agora com a produção em alta e o caso Pasadena esquecido as ações da Cia sobem diariamente,enquanto os profetas do caos se calam ou promovem a nova desgraça que virá em breve por conta desse governo. 

  12. No Paraná foi autorizado um

    No Paraná foi autorizado um reajuste de 24,8% e em Santa Catarina cerca de 20%. Se a indústria, grande consumidora, está crescendo pouco, o faturamento esperado não se concretizará. Mas, como essa concretização é necessária, sem onerar custos de produção, é provável que só o consumidor – que anda esbanjando – pague essa conta. O duro foi enfrentar aumentos de tarifas quando não tínhamos renda e escassez de energia.

    1. O governo autorizar  é uma

      O governo autorizar  é uma coisa, falta que o consumidor se disponha negociar de quanto quer que seja o reajuste. Se ficar calado o governo não tem culpa

      1. Não entendi. Quer dizer que

        Não entendi. Quer dizer que podemos chegar nadistribuidora e reclamar do reajuste ou falar não pago?

  13. Adriano em dois momentos

    Lá pelo final de 2008, de modo a garantir a segurança energética, mantendo um delta de + 46% na curva de aversão ao risco, os iniciados do setor elétrico sabem do que falo, o ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico despachou usinas térmicas para tanto e os reservatórios responderam dentro do critério estabelecido.  O sujeito caiu de pau em cima e deitou falação sobre o desperdício de usar-se usinas térmicas, altos custos e o escambau. E tome porrada no Governo.

    Em 10 de novembro de 2009, quando da falha ocorrida no linhão de 765 kV tivemos o blecaute, logo após a fala corajosa e profissional do Dr. Barata, o então Diretor de Operação do ONS, secundado por sua excelente equipe técnico-operacional, seguramente, sem qualquer favor, uma das melhores do mundo no setor, onde ele com toda calma, serenidade e conhecimento, afirmava às rádios que os principais troncos de transmissão do País estariam energizados por volta das 00p0min do dia 11 de novembro de 2014, o Adriano falava com a vẽemencia que lhe é peculiar, apregoando aos quatro ventos o argumento de que se tivessemos as usinas térmicas ligadas nada daquilo teria ocorrido ou mesmo que o sistema seria logo restabelecido. E tome porrada no Governo.

    São as térmicas de multipropósito do especialista.

     

    1. Como eu disse

      A Oposição (Direita) não quer ser honesta, não quer falar a verdade. Quer repetir uma mentira mil vezes, até que se torne verdade. Já se tornou comum ao PSDB/Instituto Millenium prever o fim do mundo pra semana que vem.

    2. Desculpe-me! Retificando uma data

      Retificando:

      ……..do País estariam energizados por volta das 00p0min do dia 11 de novembro de 2009……

      Viajei feio!

  14. o adriano pires quer que  a

    o adriano pires quer que  a gente se lasque e os acionistas das empresas enriqueçam.

    ele é o rei do apagãom a direita desejando o caos…

    e como disseram alguns comentaristas já, o brasil com o o governo lula implantou uma interligação elétrica no país que praticamente eliminou  a hipótese de um apagão.

  15. O sonho do Adriano Pires e

    O sonho do Adriano Pires e dos tucanos é um apagão energético na administração petista , para zerar o jogo. A oposição carrega dentro de si a vergonha e a humilhação de protagonizar uma queda de 3 pontos do Pib nacional e a pecha da incompetência e da imprevidência na gestão , que os acompanhará para sempre …

  16. O setor inteiro está em

    O setor inteiro está em crise, qualquer pessoa que opera no setor tem plena conciencia disso, as distribuidoras estão em quebradas e valem um quinto ou um décimo do que valiam há 5 anos. As causas e soluções permitem uma grande discussão sobre estartegias mas o começo da crise foi a decisão completamente equivocada de tentar BAIXAR TARIFAS no momento em que havia escassez de oferta de energia, fez-se exatamente o contrario da lógica, quando um bem é escasso SEU PREÇO DEVE SUBIR e não baixar. Alem disso, a medida foi tomada de forma abrupta, improvisada e sem medir as consequencias sobre as decisões de investimentos, o que desmontou as equações até então usada pelos investidores.

  17. Não no horizonte nenhuma

    Não no horizonte nenhuma possibildiade de crise elétrica e Dilma se revelou genial, pois de deixasse fazer os ajuste que fez só em 1017-18, quando o Brasil talvez estarai crescendo ao mázimo possível, PIB de 5%, a apagão seria certo. Veja pela notícis a GM vai economizar algum milhões de kw

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