Jornal GGN – O PIB (Produto Interno Bruto) mensura o total de bens e serviços finais produzidos num país. Ele indica, em termos gerais, a situação da atividade econômica.
Apesar de ser um bom indicador de crescimento de uma nação, não é tão bom para medir o desenvolvimento já que nesta conta deveria incluir dados como distribuição de renda, investimento em educação e outros.
O resultado é divulgado trimestralmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e é calculado sob três óticas:
1) Ótica da produção – inclui a soma valores agregados líquidos da produção de todos os setores da economia (indústria, agropecuária e serviços), incluem os impostos indiretos e depreciação do capital e exclui os subsídios governamentais. Como neste cálculo entra apenas o produto final vendido e não seus insumos não há problemas de dupla contagem. Por exemplo, entra no cálculo o pão, mas não a farinha de trigo utilizada, entra o carro, mas não o ferro utilizado na fabricação.
2) Ótica da renda – inclui as remunerações dos empregados, impostos indiretos, lucros não distribuídos e depreciação do capital.
3) Ótica da despesa – corresponde a soma dos gastos em consumo das famílias e do governo, inclui variações de estoques e a soma das exportações e importações.
A influência do consumo das famílias consiste em quanto maior o consumo, maior o PIB. E o consumo da população depende do nível de salários e juros, logo quanto mais se ganha e menos juros se paga, maior é o gasto e, consequentemente, maior o PIB. Se o juro for alto e o salário baixo, menor o consumo e menor o PIB. O mesmo vale para empresas, quanto mais elas investem em máquinas e equipamento para aumento da produção, maior o PIB. Se os juros estiverem altos a disposição a investir será menor, já que os empréstimos, por exemplo, ficam mais caro. Consequentemente, o PIB cresce menos. Se o nível de exportação é alto, entra mais dinheiro no país que será usado em investimentos e consumo e impulsiona a atividade econômica também. E por fim, outro fator importante são os gastos do governo que através de obras e construções, por exemplo, aquece a economia.
Metodologia
A metodologia utilizada no Sistema de Contas Nacionais Trimestrais e Anuais segue as recomendações do manual System of nacional Accounts – SNA (http://unstats.un.org/unsd/nationalaccount/).
O SCN é formado pela Tabela de Recursos e Usos (TRU) e da Conta Econômica Integrada (CEI) e os dados são apresentados a preços correntes e a preços do ano anterior.
A Tabela de Recursos e Usos (TRU) traz as relações de produção existentes entre as atividades e a renda gerada no processo produtivo. Todas as operações de produção, importação e consumo são representadas na TRU e daí resulta o valor adicionado a preços básicos por atividade econômica e o Produto Interno Bruto (PIB). Já a Conta Econômica Financeira (CEI) representa todo o processo de geração, distribuição e acumulação da renda.
Os dados são calculados e divulgados trimestralmente seguindo as normas internacionais. Para divulgá-los utilizam-se os resultados das atividades mais agregadas e o valor adicionado do ano anterior.
O valor médio trimestral da TRU do ano anterior é obtido dividindo por quatro o valor anual. Utilizam-se dos índices de volume e de preço por não estarem disponíveis a cada trimestre os valores correntes.
Fonte: IBGE
O dado de cada trimestre é calculado de forma independente ao utilizar os índices trimestrais de volume e de preço e aplicar sobre a média do ano anterior. Isto permite que se façam revisões focadas em determinado trimestre sem alterar os outros.
As variações anuais são calculadas a partir das séries trimestrais ajustadas através da minimização do quadrado da diferença entre as últimas séries com restrição de que a soma dos quatro trimestres do ano anterior seja igual ao total anual.
No último trimestre o PIB caiu 0,5% em relação ao segundo trimestre segundo divulgado pelo IBGE na última terça-feira. O resultado foi influenciado pelo investimento, na ótica da demanda, que registrou uma queda de 2,2% na formação bruta de capital fixo no terceiro trimestre ante o segundo interrompendo uma sequencia de altas. Pela ótica da produção destaca-se a queda de 3,5% na agropecuária.
Atividade |
3 Tri 2012 |
4 Tri 2012 |
1 Tri 2013 |
2 Tri 2013 |
3 Tri 2012 |
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PIB a preços de mercado |
0,6 |
0,9 |
0 |
1,8 |
-0,5 |
Agropecuária |
7,7 |
-6,7 |
5,8 |
4,2 |
-3,5 |
Indústria |
0,8 |
0,0 |
-0,4 |
2,2 |
0,1 |
Serviços |
0,5 |
0,9 |
0,1 |
0,8 |
0,1 |
Formação Bruta de Capital Fixo |
-1,1 |
1,8 |
4,2 |
3,6 |
-2,2 |
Fonte: IBGE
Efeito Carregamento
Como metodologicamente utiliza-se a média da variação dos preços dos trimestres anteriores para apuração do resultado corrente ou o último resultado, muitas vezes este resultado vem carregado do efeito carry over.
Carry over ou carregamento é um efeito estatístico que ocorre quando se carrega de um período para o outro determinado resultado, podendo ser positivo ou negativo. O resultado do ano anterior influencia no resultado futuro.
Para entender melhor este efeito vamos fazer um exercício. Conforme tabela abaixo, ao supormos uma economia estagnada no próximo ano a partir do último trimestre de 2013, este resultado já deixa o crescimento do PIB no ano em 2,1%. Não prevendo nenhuma atividade nos próximos trimestres, ou seja, se congelarmos o crescimento do PIB no patamar do último trimestre de 2013, os resultados anteriores do PIB ainda trarão ao próximo ano alguma variação.
Apesar de ser uma hipótese pouco provável, o exercício mostra a diferença entre o crescimento projetado de forma real (que traz este efeito carry over) e o crescimento sem o efeito estatístico do carregamento.
O efeito é complicado mas importante para compreender a dinâmica da economia.
Mais detalhes aqui:
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