A estratégia de Hillary Clinton com o livro Hard Choices

Enviado por Paulo F.

Do Diário de Notícias de Lisboa
 
Candidata Clinton
 
por BERNARDO PIRES DE LIMA
 
Dois meses passaram desde que Hillary Clinton publicou mais de meio milhar de páginas sobre os anos em que liderou o Departamento de Estado. Quem as leu percebe que não é nem uma clássica autobiografia política nem memórias circunscritas no tempo: não só lhes faltam sentido literário como profundidade histórica para tal. Também não encaixa no longo ensaio sobre diplomacia contemporânea: está desprovido de enquadramentos mínimos em cada geografia e das necessárias ideias sobre política interna, estruturais ao modelo internacionalista norte-americano. E não encontramos particulares revelações sobre líderes mundiais, nem discordâncias com Obama que não fossem já conhecidas. Hard Choices está, por isso, longe de ser um grande livro, mas perto do que Hillary Clinton precisava nesta fase: controlar a narrativa sobre o seu papel na administração, marcar a agenda e gerar mais expectativa e apoios à sua candidatura, percorrer o país com o pretexto de divulgar o livro.

 
Claro que a estratégia não é nova. Obama, Romney, Kerry, Gingrich ou Marco Rubio publicaram histórias de vida, na busca da dimensão nacional necessária para chegarem ao topo. O problema de Hard Choices é que se tornou tão ansiado como previsível. Estão lá o “gene do serviço público”, a luta em “melhorar a imagem da América no mundo”, a superioridade da política no feminino, os finais felizes das grandes crises (mesmo que a realidade seja outra). Clinton constrói assim um perfil presidencial, apartidário, conciliatório, movido pela recuperação dos EUA no exterior, criando expectativa para o seu programa interno. Não é por acaso que opta apenas por levantar a hipótese presidencial na penúltima página: a decisão estava escrita nas 594 anteriores.
Redação

6 Comentários

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  1. Hillary não, já foi

    Hillary não, já foi institucionalizada pelo sistema e come na mão de Wall Street.

    Elizabeth Warren sim. Com ela pelo menos ha esperança por um mundo mais pacifico, um EUA menos belicoso e mais atento as necessidades das classes menos privilegiadas, que hoje sao maioria nos EUA..

  2. ôopa! aguardando tradução!

    Ainda teremos que segurar a ansiedade por dois anos, mas por ora está na frente nas pesquisas e na bolsa de apostas também.

    Go Hillary! You can!

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