Porque falhou o golpe de Sylvio Frota, por Luis Nassif

A manobra não deu certo porque alguns generais desconfiaram da jogada e não aceitaram entrar na viatura

Augusto Heleno participou da tentativa de golpe articulado por Sylvio Frota, mas na condição de mero motorista incumbido de transportar os generais que chegavam a Basília para o comando do Exército.

O jogo era bastante semelhante à tentativa atual. Os comandantes militares foram convocados por Ernesto Geisel para uma reunião em Brasilia. Sylvio Frota enviou o capitão Augusto Heleno como motorista da viatura que deveria transportá-los. A idéia era levá-lo ao Comando do Exército. Em seguida, Frota informaria a Geisel estar assumindo o poder. E, simultaneamente, seria acionada a divisão que ficava na Vila Militar, no Rio de Janeiro, comandada pelo general Dulio Urubatan Matos Leite, que assumira o cargo um pouco antes da tentativa de golpe.

A divisão chegou a sair do quartel. A manobra não deu certo porque alguns generais desconfiaram da jogada e não aceitaram entrar na viatura do motorista Augusto Heleno – que, sendo apenas capitão, estava longe de desempenhar qualquer papel estratégico na equipe de Frota.. A operação foi abortada e as divisões do general Dulio retornaram para o quartel.

Não apenas pelas semelhanças, mas por todos os elementos colhidos até agora, o que ocorreu em dezembro de 2022 foi uma tentativa de golpe militar. O papel da Vila Militar seria do Comando de Operações Especiais (COpEsp) , cuja sede fica em Goiânia, Goiás.

Vários conspiradores foram para a reserva.

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6 Comentários

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  1. O calendário dos milicos milicianos aponta golpe todos os dias.
    Essa gente,desocupada,é um fardo pesado e perigoso para o país.
    O presidente Lula poderia enviar todos esses oficiais como uma força de paz na,Ucrânia, Gaza,Líbano ou outras áreas de confronto real.
    Lá, com certeza,eles poderão usar toda sua expertise produzindo algo pela paz e não lutando contra seu próprio povo desarmado

  2. O exército e não as forças armadas em sua totalidade, sempre tentaram um naco de poder na República e sua influência nasce justamente c ela. Foram sucessivos golpes que se amalgamaram na alma da corporação e se tornaram meta a ser permanentemente alcançada. O problema é q os tempos são outros e os golpes, pelo menos em nações grandes como o Brasil vêm do judiciário aliado aos grandes conglomerados financeiros nacionais e externos q não suportam a instabilidade das autocracias militares q interferem no mercado e têm predileção pela interferência do estado,na economia. O Brasil, mesmo periférico é um importante player no mundo financeiro por sua pujança econômica advinda das commodities principalmente, mas também de um grande mercado consumidor. O golpe já foi dado em 2016, inclusive c ajuda dos militares solicitados pelo judiciário e hoje postos de volta ã caserna. O judiciário, hoje, tem mais poder q o executivo q, em tese, teria o voto popular. Se fossemos analisar de forma mais profunda ainda, 1964 continua ditando as regras sobre o Brasil, já q as mazelas como a concentração de renda, domínio do latifúndio,corrupção,violência contra os mais pobres, ainda são chagas brasileiras sem dará para terminarem

  3. Esses laranjas podres do cesto militar existem porque sempre ficaram impunes dos seus crimes graves e sem noção.
    São “ciosos” de sua imagem que eles próprios desmoralizam e reclamam que “estão querendo” desmoralizá-los.
    Querem impor sua (in)cultura em escolas “cívico-miltares”, quando deve ser o contrário: formá-los em escolas militares-civicas.
    Se entendem como um “poder”, quando na verdade são uma instituição de nível 3 (Executivo, ministro da Defesa e aí vem eles). Fora o Legislativo e Judiciário.
    Se por definição constitucional se baseiam em “hierarquia e disciplina”, qualquer manifestação PÚBLICA sobre política (ainda mais sobre seus superiores!) deve ser punida disciplinarmente pelos seus “chefes”, que incluem o ministro da Defesa e o Presidente.
    Piou publicamente sobre política? Cana disciplinar imediata! (uns diazinhos crescentes a cada piada).
    Até aprenderem o que não lhes está sendo ensinado, nem pela História nem nas suas escolas.
    Xuxa já dizia: “Tá na hora tá na hora!…”

  4. Certamente, precisamos ter na cabeceira da cama para leituras diários à hora de dormir o magistral livro do escritor José Murilo de Carvalho “Forças Armadas e Política no Brasil”. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. Uma grande obra que retrata a caserna. A Democracia requer conhecimento, sabedoria e inteligência. O espírito de porco, o interesse individual e estamentário são males desde a criação da Coroa portuguesa, século X ou XI, como escreveu Raymundo Faoro em Os Donos do Poder, outra obra seminal que deveria ser sagrada para quem deseja conhecer o pais, sua colonização e sua gente. “Conheceis a verdade e ela vos libertará”, não é assim que os cristãos de ocasião e olho gordo no Orçamento dizem da boca para fora?

  5. É de se perguntar: PRA QUE EXERCITO? Claro, impensável sem ele. A Costa Rica pode se dar ao luxo de não tê-lo. O Brasil? Jamais! Mas que fica sempre a pergunta quando burocratas arrogantes e bestiais, trajando uniformes, cheios de mordomias, vivem nas alcovas, como diz o Chico, só conspirando contra a pátria, supostamente a defendendo, atacando seus trabalhadores de todos os níveis. Não foi pra isso que o preto Henrique Dias, na sua Estância do Rio Real, sob um questionável comando de Vidal de Negreiros, se insurgiu, botando a agiotagem holandesa pra correr em 1654, nos Guararapes.

  6. “– que, sendo apenas capitão, estava longe de desempenhar qualquer papel estratégico na equipe de Frota.”
    EU, DE NOVO: Acho o contrário, Nassif. O mais perigoso não é o que pensa, mesmo que minimamente; e sim o comandado ideologizado; que só usa o fígado. Aplicado na execução da lambança. O pistoleiro.

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