Maira Vasconcelos
Maíra Mateus de Vasconcelos - jornalista, de Belo Horizonte, mora há anos em Buenos Aires. Publica matérias e artigos sobre política argentina no Jornal GGN, cobriu algumas eleições presidenciais na América Latina. Também escreve crônicas para o GGN. Tem uma plaqueta e dois livros de poesia publicados, sendo o último “Algumas ideias para filmes de terror” (editora 7Letras, 2022).
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O Paraguai e o Mercosul

Por Maíra Vasconcelos, de Assunção, especial para o blog.

A possibilidade de o Paraguai ser excluído das reuniões do Mercado Comum do Sul (Mercosul) não preocupa o novo vice-presidente, Óscar Denis, designado ontem ao cargo após votação no Congresso, por considerar o país “soberano, com homens de capacidade suficiente para alcançar melhoras”.

Na cumbre do Mercosul, realizada hoje, em Mendoza, na Argentina, os países-membros discutirão cancelar a participação do Paraguai, nos encontros do Mercosul.

Segundo Denis, os países do Mercosul desconhecem a atual realidade do Paraguai, onde hoje “reinam a paz e a tranquilidade nas ruas”, o que o vice-presidente considera como “um aval” da população ao atual governo de Federico Franco, nascido de um golpe de Estado perpetrado pelo parlamento, ao ex-presidente Fernando Lugo.

Para Óscar Denis, o Paraguai vive em “plena democracia” e os países que compõem o Mercosul e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e consideraram a destituição de Lugo como um golpe de Estado, têm agido com “má intenção em julgar assim o fato”. “Somos acusados e condenados segundo ideologias políticas de cada um (Estado). Não houve um golpe de Estado, com as inquietudes e agitações sociais que geram esse processo”, defendeu Denis.

Com uma risada, após pergunta feita por uma repórter da imprensa paraguaia, Denis afirmou que no cargo de vice-presidente ele não será apenas um “adorno” e “pelo menos vou usar a cadeira”, ironizou. Pelas discordâncias políticas na condução dos planos de governo, o atual presidente Federico Franco, na época vice-presidente de Fernando Lugo, passou a ser chamado pela imprensa de “adorno”, pois não atuava em conjunto com o presidente.

OEA

A chegada em Assunção, na próxima semana, de uma comitiva da Organização dos Estados Americanos (OEA) é aguardada pelos representantes do Congresso paraguaio, que decidiram não propor uma agenda para a visita e deixarão em aberto para que a delegação possa atuar em busca dos dados, segundo seus interesses.

De acordo com o vice-presidente, Óscar Denis, assim foi tomada a decisão para que o governo não seja acusado de restringir e manipular a visita da OEA. “Foi priorizado o fato de que os representantes da OEA possam conversar com quem solicitem, sem agenda prévia, para que depois não tenham argumentos para dizer que o governo manipulou”.

Ele voltou a apoiar-se na ausência de manifestações massivas pelo país, como prova de que a população está satisfeita com o governo de Federico Franco, o que deveria ser suficiente para excluir qualquer reprovação por parte de países estrangeiros e da OEA. “Nossa maior garantia é a paz interna que reina em nosso país”, ressaltou Denis.  

O tempo político

De acordo com a avaliação de Óscar Denis, Federico Franco não cometeu um “suicídio político” ao assumir o cargo de presidente, logo após a destituição de Fernando Lugo, ainda que depois de cumprir o mandato, até abril de 2013, esse processo político o exclui definitivamente de tentar a candidatura presidencial. 

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