Cunha, Renan, Anastasia e Collor estão na lista de Janot

Jornal GGN – O ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, relator do processo sobre os desvios na Petrobras, decidiu retirar o sigilo dos inquéritos que começam a tramitar no Supremo. Os nomes do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Fernando Collor (PTB-AL), anunciados pelo GGN, foram confirmados. Cinco partidos estão na lista: PSDB, PMDB, PT, PTB e PP.

Zavascki decidiu por instaurar inquéritos para 47 políticos, entre eles contra o senador Fernando Collor (PTB-AL) e o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). O inquérito do então apontado deputado federal Cândido Vaccarezza (PT) foi remetido aos autos de origem, ou seja, encaminhado para a primeira instância.

Além dos presidentes das Casas Legislativas na lista de pedidos de Janot, foram divulgados os nomes da senadora Gleisi Hoffmann (PT), do ex-ministro de Minas e Enegia Edison Lobão, senador Luiz Lindbergh Farias (PT), da ex-governadora Rosaena Sarney (PMDB), do deputado Arthur Lira (PP) e do deputado Aníbal Gomes (PMDB). No total, são 22 deputados federais, 12 senadores, 12 ex-deputados e uma ex-governadora.

Na lista de arquivamentos, estão: o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o senador Delcídio do Amaral Gomes (PT-MS), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o deputado Alexandre José dos Santos (PMDB-RJ).

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entregou nesta terça-feira (03) a lista de políticos que serão investigados por envolvimento com a Operação Lava Jato. A lista completa inclui 54 nomes, em 28 pedidos de abertura de inquérito.

Os próximos passos serão decidir pelo desmembramento dos processos, já que a lista de Janot inclui políticos, que possuem foro privilegiado e, portanto, são julgados diretamente pelo STF, e aqueles que não possuem cargo público, que devem ter seus inquéritos submetidos à Justiça Federal do Paraná, primeira instância que está comandando os processos da Operação Lava Jato.

Denúncias

Comprovantes encontrados pelos policiais no escritório do doleiro registram que Alberto Youssef depositou R$ 50 mil a Collor, em 2014. As transações foram realizadas em dinheiro vivo em maio de 2013. Ainda assim, o senador negou manter relação com Youssef. Agora, é um dos políticos a serem investigados.

Vaccarezza havia sido mencionado pelos ministros do STF quando o primeiro protocolo sobre a Lava Jato chegou à Corte, em maio de 2014, por meio da Ação Penal 871 e 878, em que os ministros discutiram o desmembramento das investigações e o caso acabou retornando à Justiça Federal do Paraná (ler decisões aqui e aqui). No período o deputado André Vargas, hoje cassado, foi um dos primeiros nomes levantados de envolvimento (acompanhe aqui a petição de André Vargas em Segredo de Justiça).

Já Aécio Neves teria sido mencionado em um dos depoimentos de Youssef, contando que “ouviu dizer” que o senador tinha influência sobre os negócios em uma diretoria da estatal Furnas, no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). 

Critérios de Janot

Quanto aos pedidos de arquivamento, o procurador-geral da República poderia, simplesmente, não protocolar as solicitações, mas apenas também não inserir na lista de pedidos de investigação. Pedir arquivamento, entretanto, pressupõe que indícios de provas, ainda que não sustentados, já foram constatados.

Neste caso, os “indícios” são as delações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef.

Antes de encaminhar a lista a Teori Zavascki, Janot e a equipe de procuradores da força-tarefa, criada para essa mediação com a Suprema Corte, informaram que, entre os critérios adotados para selecionar os nomes, estava excluir da lista aqueles que foram citados nos depoimentos de forma lateral, ou seja, casos como “ouvi dizer”, ou “[o delatado] poderia até saber, mas não comunicou a ninguém”, etc.

Ainda que de forma lateral, a delação premiada é uma ferramenta de prova. Apesar de tramitar na Justiça Federal do Paraná, primeira instância, os depoimentos são homologados pela Suprema Corte, ou seja, só passam a ter validade como prova quando o ministro relator, neste caso Zavascki, os homologa. Assim, a prova já consta na Suprema Corte, o que explica um pedido de arquivamento por parte do procurador-geral da República.

Veja a lista completa, separada por partidos:

Inquéritos:

PP
– Senador Ciro Nogueira (PI)
– Senador Benedito de Lira (AL)
– Senador Gladson Cameli (AC)
– Deputado Aguinaldo Ribeiro (PB)
– Deputado Simão Sessim (RJ)
– Deputado Nelson Meurer (PR)
– Deputado Eduardo da Fonte (PE)
– Deputado Luiz Fernando Faria (MG)
– Deputado Arthur Lira (AL)
– Deputado Dilceu Sperafico (PR)
– Deputado Jeronimo Goergen (RS)
– Deputado Sandes Júnior (GO)
– Deputado Afonso Hamm (RS)
– Deputado Missionário José Olímpio (SP)
– Deputado Lázaro Botelho (TO)
– Deputado Luis Carlos Heinze (RS)
– Deputado Renato Molling (RS)
– Deputado Roberto Balestra (GO)
– Deputado Roberto Britto (BA)
– Deputado Waldir Maranhão (MA)
– Deputado José Otávio Germano (RS)
– Ex-deputado e ex-ministro Mario Negromonte (BA)
– Ex-deputado João Pizzolatti (SC)
– Ex-deputado Pedro Corrêa (PE)
– Ex-deputado Roberto Teixeira (PE)
– Ex-deputada Aline Corrêa (SP)
– Ex-deputado Carlos Magno (RO)
– Ex-deputado e vice governador João Leão (BA)
– Ex-deputado Luiz Argôlo (BA) (filiado ao Solidariedade desde 2013)
– Ex-deputado José Linhares (CE)
– Ex-deputado Pedro Henry (MT)
– Ex-deputado Vilson Covatti (RS)

PMDB
– Senador Renan Calheiros (AL), presidente do Senado
– Senador Romero Jucá (RR)
– Senador Edison Lobão (MA)
– Senador Valdir Raupp (RO)
– Deputado Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara
– Deputado Aníbal Gomes (CE)
– Ex-governadora Roseana Sarney (MA)

PT
– Senadora Gleisi Hoffmann (PR)
– Senador Humberto Costa (PE)
– Senador Lindbergh Farias (RJ)
– Deputado José Mentor (SP)
– Deputado Vander Loubet (MS)
– Ex-deputado Cândido Vaccarezza (SP)

PSDB
– Senador Antonio Anastasia (MG)

PTB
– Senador Fernando Collor (AL)

Arquivados:

– Senador Aécio Neves (PSDB-MG)

– Senador Delcídio do Amaral Gomes (PT-MS)

– Senador Romero Jucá (PMDB-RR)

– Ex-deputado Alexandre José dos Santos (PMDB-RJ)

– Ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)

Remessa para outra instância:

– Ex-deputado Cândido Vacarezza (PT) – remessa dos autos a origem

– Pizzolati Jr. Pedro Corrêa – remessa dos autos ao TRF -1

– Senador Ciro Nogueira Filho (PP) – arquivado e remessa de documentos ao STJ

– Deputado Agnaldo Veloso Borges Ribeiro (PP) – arquivado e remessa de documentos ao STJ

***

Confira, aqui, o teor de cada pedido de inquérito, arquivamento e remessa para outras instâncias do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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    • Acabei de postar no face do
      Acabei de postar no face do deputado Rogério Correia E eu quero saber se vai ficar por isso mesmo. Se o sr. entregou a lista para o "janota" e ele pediu arquivamento, vai ficar assim? Não podemos fazer mais nada? Esse ser, criatura, vai sair impune de tudo??? O sr. vai fazer alguma coisa? Botar a boca no trombone? Abrir a caixa preta de Minas? Isso NÃO pode acabar assim!!! Estou indignada!!! 

      • Vai responder

        O janot não é político, é uma autoridade que tem que prestar conta do que faz. Logo, ele irá reponder ao deputado Rogério Correia.

        Tem que dar uma resposta. é sua obrigação.

  • Repetindo, alguém pode me explicar:

    O Presidente do Senado está na Lava Jato.

    O Presidente da Câmara está na Lava Jato.

    O Aécio, segundo lugar na disputa presidencial, estava na Lava Jato (o Janot tirou). 

    E o pessoal (no dia 15) pedindo impeachment da Dilma?

    • Completando:

      O aliado do Aécio e seu sucessor no governo de Minas e em outros negócios, Antonio Anastasia, está na Lava-Jato.

  • É nitida a intenção de salvar

    É nitida a intenção de salvar Aécio e Familia e colocar tudo no colo  do Anestesia...que é um político de pouca expressão. O Caso Sérgio Guerra não apareceu nem para pagar placê,sabe-se que ali tem o dedo  de Álvaro Botox Dias...Enfim ; Tucanos seguem  inimputáveis...

    Em tempo: ainda  teve um advogado cara-de-pau que disse; que os investigadores e promotores , forçaram youssef, para que o mesmo, falasse sobre Aécio...Piada ...vergonha isso tudo.

     

  • E lá nos vamos aos "domínio

    E lá nos vamos aos "domínio dos fatos" novamente: até o ínclito Teori tem por função condenar a todos os petistas e sua base congressual de sustentação. Não entendi muito bem o texto: quer dizer que se alguém delatar e o ministro entender que o que o delator disse vale, passa a valer como prova? Prova não seria outra coisa bem diferente? O delator não teria de comprovar o que está delatando: documentos, imagens, telefonemas etc e tal? O Janot (e nós janotas) deixar o aético de fora é, em si, dar publicidade de como se dará o justiçamento. Haja.

    • Entendi pelo despacho do
      Entendi pelo despacho do ministro que a simples declaração na delação premiada não constitui meio de prova. Aliás bate com a lógica da tal delação. Se não for ratificada por provas não vale.

  • A questão central é: na

    A questão central é: na vespera do segundo turno vazou que o Lula e a Dilma sabiam;mas quando se abre os inquéritos não há citação a eles,mas sim ao Aécio ,embora de forma  "margeada",ou seja,a capa da Veja deveria ser com o Aécio e não com a Dilma e o Lula.

    • Desencontrados

      É que Anastasia nunca contou ao Aécio. Um está locado em Minas e o outro no Rio...

      Em Brasilia nunca coincidiram. Aliás, o Congresso todo não consegue coincidir com o Aécio.

  • Hehehe.
    Primeiro foi o

    Hehehe.

    Primeiro foi o senador Eduardo Azeredo, um outsider, pagar a conta, agora é o Anastasia outro "técnico".

    Como diria a canção que outro senador mineiro deve estar cantando agora: malandro é malandro e mané é mané...

    Abram o olho "técnicos" mineiros do PSDB.

  • Nassif
    Já que agora é

    Nassif

    Já que agora é oficial, repito, o objetivo da Lava Jato era enquadrar a "base alienada" do governo.

    Agora, é redesenhar a base e governar.

    Triste foi saber da noticia pela central Goelbels de alienação.

    Resumo, "o muda mais", continua o mesmo.

     

    • Triste nada! ...Eles

      Triste nada! ...Eles começaram como se tivessem dando um furo de reportagem, ...engasgaram, ...e o nome do Anastasia saiu no sufoco. 

  • Lista de corrupção sem

    Lista de corrupção sem tucanos (ou apenas os menores, vamos dizer assim) é para inglês ver. Tanto barulho por nada. Esse Janor saindo-se melhor que a encomenda. Será que foram essas as instruções que foi buscar na casa grande e branca? Se foi, estão perdendo o jeito...

  • A Dilma também estava na

    A Dilma também estava na lista, mas o procurador disse que não tem competência para julga-la.

    O ministro Teori Zavascki arquivou a denúncia contra a presidenta.

    Imagine se isso caisse nas mãos do Gilmar Mendes.

    Segundo o Youssef, Palloci teria pedido propina para a campanha da Dilma em 2010.

    A denúncia de Palloci foi para primeira instância.

    Esse Janot é um filho da puta.

    A denuncia do Youssef serve para pegar a Dilma, mas quando se trata do Aécio são denuncia inconsistentes.

    Não tem mais como negar, está havendo uma tentativa de golpe no país com ajuda do 3° poder.

    Bandos de safados !

    • Dilma não estava e nunca

      Dilma não estava e nunca esteve na lista. Mas convém repetir essa tola mentira para ir alimentando a ira dos pobres alienados, que não conseguem suportar o fato de que seu adorado e imaculado Aécio, esse sim, estava lá, bem dentro da lista, Aécio Neves da Cunha, o da lista! E que dela foi arrancado a fórceps, para que não houvesse uma síncope coletiva da classe média idiotizada que o vulgo em boa hora resolveu apelidar de "coxinha".

      • Se houve barrigada foi da

        Se houve barrigada foi da Chistiana Lemos da Record.

        Ela após ler a lista dos denunciados, disse que o Antonio Palloci estava na lista por ter pedido propina para campanha da dilma em 2010.

        E disse mais, que o procurador não tinha competência para julgar a presidenta que enviou o caso ao STF que foi arquivado pelo Zavasqui.

    • É mentira, Dilma não estava

      É mentira, Dilma não estava na lista. Veja os pedidos de arquivamento. Aécio consta lá como citado e cuja citação foi arquivada. Não foi pedido nenhum arquivamento para Dilma pelo simples fato de que sequer ela foi citada. Mas os canalhas da velha mídia  inventaram a citação a Dilma na tentativa de equiparar à situação de Aécio com a da presidenta, um diversionismo pra lá de criminoso.

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