Empresa alvo da Acrônimo deu R$ 4 mi a Alexandre de Moraes

Jornal GGN – Alexandre de Moraes, hoje ministro da Justiça, foi agraciado com R$ 4 milhões por empresa investigada pela Operação Acrônimo. A empresa, JHSF Participações, sediada em São Paulo, pagou este valor para a firma de advocacia de Alexandre de Moraes, entre 2010 e 2014.

A reportagem da Folha, no entanto, alivia o ministro, ao dizer que, na época, Moraes não tinha cargo público. Mesmo tratamento não foi dado a outros acusados, princpalmente os ligados ao PT.

Segundo a matéria, no dia 16 de agosto a Polícia Federal encontrou com um dos executivos da JHSF, empresa do setor imobiliário, planilha impressa com o nome do ministro, além de valores e duas siglas, PT e PSDB.

No caso de Moraes, os repasses estavam junto à palavra Parkbem, antigo nome de uma empresa de estacionamentos do grupo investigado. No dia 31 de agosto, foi a vez do proprietário da empresa, José Auriemo Neto, confirmar que o Moraes da planilha era o atual ministro da Justiça.

Em 2011, a soma dos valores entregues a Moraes chegava a R$ 1 milhão. A defesa disse que se referiam a “honorários advocatícios” e ficou de apresentar os documentos comprovando os pagamentos. E assim fez, enviando dias depois recibos ou notas fiscais sem detalhes dos serviços realizados.

Entre o primeiro depoimento e o envio de notas fiscais, a PF encontrou outras planilhas, que elevaram os pagamentos a Moraes para um total de R$ 4 milhões.

A coordenação da Operação Acrônimo informou o caso ao STF (Superior Tribunal de Justiça) e pediu ao ministro Herman Benjamin, que é relator da investigação, que informasse ao STF sobre a necessidade de abertura de inquérito.

À Folha, Moraes disse que os pagamentos foram legais e que o caso foi arquivado “liminarmente” pelo ministro do STF, Luiz Fux. Já a assessoria do STF diz não ter informações a repassar pois o caso tramita em sigilo.

Segundo apurado pela Folha, Fux arquivou o processo no dia 22 de setembro, oito dias após a documentação dar entrada no STF, e não abriu inquérito ou autorizou medidas investigatórias, tais como quebra dos sigilos bancário e fiscal do ministro ou de sua firma.

Ainda na reportagem da Folha, a informação de que Fux não consultou a Procuradoria-Geral da República antes do aquivamento e, monocraticamente, decidiu arquivar os documentos citando que o Regime Interno do STF permite ao relator arquivar pedidos de investigação se “o fato narrado evidentemente não constitui crime”.

Segundo o jornal, a decisão de Fux destoa de outra já tomadas no âmbito da Lava Jato, em que o juiz de primeira instância, Sergio Moro, o Ministério Público e o MPF exigem que investigados comprovem os serviços realizados em casos de contratos por prestação de serviços de consultoria ou advocacia.

No caso de Moraes, Fux entendeu que recibos simples já comprovavam o que era necessário. E o ministro do STF entendeu que eram suficientes para decidir que não havia suspeitas contra Moraes.

Para se explicar, Moraes se escudou na cláusula de confidencialidade com seu cliente.

A empresa é alvo da investigação e o empresário Benedito Oliveira Neto disse, em delação premiada, que a empresa pagou por pesquisa de opinião pública em benefício de Fernando Pimentel, do PT, quando era candidato ao governo de Minas.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  • Confiança .

    O PGR e o STF, a cada dia que passa, se rebaixam mais um pouco em nosso conceito. Ou será que somente agora nós estamos entendendo como funcionam os dois?

    Por tudo isto e mt mais, penso que o Judiciário e MPF são, eles sim, um grupo de corruptos ou são partes importantes de uma mesma quadrilha, que visa, não os interesses do país, mas somente os seus próprios (vide o PGR defendendo o seu na famosa PEC).

    Parem o mundo que eu quero descer, pois o atual, não é o mundo que desejei. Prefiro ir embora.

  • Colhe o que planta

    Um partido e um presidente que indica Fux para ministro do stf (minusculo mesmo, como seus integrantes), o partido tem que acabar e o presidente tem que ser preso, simples assim.

    • Complementando, o que disse

      Complementando, o que disse que ia matar no peito, tinha que morrer para fechar o ciclo de cagadas e traições.

  • Velha resposta padrão

    Velha resposta padrão de Polícia Federal, Ministério Público Federal e Poder Judiciário:

    NÃO VEM AO CASO.

  • Justiça ágil.

    Quem disse que a justiça é lenta????

    O moraes, nada a ver, não era advogado do eduardo cunha? Acho que foi este blog que o disse quando da sua nomeação para ministro da justiça como sendo um indicado pelo grande eduardo cunha.

    O eduardo cunha já foi intimado????

  • Os congressistas da oposição

    Os congressistas da oposição têm a obrigação de convoca-lo

     

    para expplicações, e não devem aceitar os argumentos de clausulas contratuais, quem não quer se expor que não entre na vida pública, que fique na privada. 

  • Mas se o personagem não tinha

    Mas se o personagem não tinha cargo publico, qual o problema? Ele é advogado e sua atividade privada não diz respeito a ninguem, só a ele e ao cliente. O inclito Ministro Marcio Thomaz Bastos antes e DEPOIS de ser Ministro da Justiça tinha clientes que pagavam cifras muito maiores que essas e o PT nunca estranhou, inclusive foi advogado de Carlinhos Cachoeira depois de ser Ministro da Jusatiça. Não entendi qual a estranheza com o Moraes.

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