“Eu não quis fugir porque quem é inocente não corre”, diz Lula em vídeo inédito

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A assessoria do ex-presidente Lula divulgou neste domingo (22) um vídeo inédito gravado no dia 7 de abril, durante a resistência no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Na mensagem, Lula afirma que tomou a decisão de não fugir para outro País, mas se apresentar à Polícia Federal para cumprir pena em um processo injusto, porque ele não tem medo. “Eu não quis fugir porque quem é inocente não corre. Eu quero provar minha inocência.”

O ex-presidente ainda disse: “Eu vou para Curitiba saber o que o senhor Moro quer, o que o senhor Dallagnol quer. Saber se eles estão dispostos a debater publicamente com isso. (…) Eles sabem que é uma mentira o processo.”

Lula terminou o vídeo afirmando que estava com a “consciência tranquila, dos inocentes”.

Assista a íntegra do depoimento, gravado por Ricardo Stuckert. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. A que horas Lula volta?

    Não consegui assistir, por ocasião de seu lançamento nas telas, 2015, ao belo filme de Anna Muylaert, “A que horas ela volta”.

    Nesta semana, entretanto, encontrei o DVD na Livraria Cultura por um bom preço o que me levou a assistí-lo já um tanto atrasado.

    A experiência foi um tanto amarga e irônica. O tempo político atual é outro.

    O filme de Anna Muylaert foi considerado por alguns críticos como uma fábula que ilustra nossa sociedade ainda não liberta do escravagismo do século XIX.

    Ao ver o filme, agora, vi uma outra faceta, certamente não prevista pela autora.

    Não tive como deixar de associar a personagem Jéssica ao Lula.

    Jéssica, assim como Lula, é recebida de forma educada por D. Bárbara em sua casa, inclusive recebendo desta, como presente, uma flor.

    Jéssica, assim como Lula, entretanto, quebra as expectativas de D. Bárbara, pois é recebida, pelo filho, como uma colega de escola e pelo marido como uma mulher culta, jovem, atraente, talvez inexperiente a qual poderia ser sujeita ao seu “charme”.

    O conflito se estabelece quando Jéssica, assim como Lula, contrariando os estereótipos, não se sente compelida a ser uma sombra como a mãe, e parece muito a vontade na mesa, no salão, na piscina, enfim, nas dependências da casa grande.

    Em um determinado momento, Jéssica, assim como Lula, levam D. Bárbara, em um breve instante de sinceridade, a lembrar à Val (Regina Casé), mãe de Jéssica, que “aquela casa, embora não parecesse, ainda era dela”.

    Logo em seguida, Jéssica, assim como Lula, passa a ter seu espaço restringido: da porta da cozinha para trás.

    No filme, Val, que durante tantos anos se anulou como pessoa para servir aos seus patrões, se liberta apresentando a D. Bárbara seu pedido de demissão. (perdão pelo spoiler).

    O que ocorrerá com Lula? (aqui não tem spoiler)

    1. Honra e graça a Regina Casé
       

      Aquela que vive e veste a personagem.

      De minha parte o episódio mais notável do filme foi o da piscina.

      É lá que o burguês mais teme os três “ps”.

  2. Flores para Lula

    Gostaria de fazer chegar a Lula muitas flores e o agradecimento por tudo de bom que ele legou ao País. Gratidão pelo Programa Brasil Sorridente, pela Farmácia Popular, pelo Luz para Todos, pelo Programa Nacional de Saúde Auditiva, pela política externa altiva e ativa. Ele e sua equipe de governo fizeram muito com o povo e para o povo. Mais importante: fizeram como o povo – com simplicidade, espontaneidade e emoção. Chorar em público requer uma coragem que poucos homens têm. Lula nos comoveu, nos fez rir e chorar. Mudou nossas vidas e a História. Ninguém aprisiona a História.

  3. Lula, o martírio de um cidadão impedido de provar sua inocência

    Meu comentário
     

    Amigo, a depender dessa classe dominante escravista, colonial, perversa e sovina, a você jamais será dado o direito de provar sua inocência: és culpado desde quando nascestes…e será assim até sua morte que, no momento, cavam….

    Forças poderosas latiram feito uma raivosa e predadora matilha sobre ti….e pensar que, bastou a ação de um delegado de policia e uma TV Globo, para que uma familia inteira fosse destruida, estou me referindo ao caso Escola Base, erro midiático-judicial, e olha lá, que neste caso os interesses envolvidos eram de menor monta: apenas exposição na midia, enquanto que em relação a você, os abutres estão em busca do tesouro, são trilhões de reais em petróleo, gás, água, indústria da defesa: e tudo mais que possa gerar grana para as oligarquias nacionais internacionais….

    Entendo que, até o último momento da sua vida, se entendemos vida como liberdade, acreditastes nas Instituições, na Justiça deste pais…entendo que apostastes na independência deste pais que caminhava para ser forte, republicano, soberano…..um pais que de 20a economia do planeta, elevastes a 5a. potência…um pais cuja classe dominante não estava à altura da sua visão de mundo: a visão deles é o próprio umbigo e, por isso, perdestes a liberdade, e tentam lhes tirar o que, segundo o Direito que usurparam, é o bem maior a ser preservado: a vida….e isso só teremos no dia em que a Senzala fizer uma cosia que nunca fez neste pais: rebelar-se…

    Inacreditável como poderosas forças tenham conspirado para tirar tua vida, tua liberdade através de grosseira fraude processual….incrível como MPF, PF, midia, juizes e etc se ajuntaram feito uma matilha para fraudar provas, para negar perícias que provassem sua inocência: como queres agora, atrás das grades, com todos os seus bens arrancados para que não possas se defender

    ??????

    Nos EUA, que se deram muito bem com este golpe, a realidade é outra: lá poderias se defender sim, mas não estas lá e sim numa colônia americana, ex-pais que, graças a ti, era um pais….

    Nos EUA, promotor ou juiz que dificultar a defesa do réu, que ocultar provas da sua inocência, tá ferrado…isso é lá: estamos num pais chamado República do Moro, não do Aldo, mas do Sérgio…

    A conferir:

    Mais uma vez a questão da ética do MP nos EUA, Publicado por Rômulo de Andrade Moreira

    Recentemente, o Tribunal Superior do Estado de Washington, nos Estados Unidos, anulou a condenação de Odies Walker à prisão perpétua, por assalto à mão armada, roubo, homicídio e formação de quadrilha, porque o promotor escreveu “legendas ou textos superpostos agressivos” em slides que apresentou aos jurados em suas alegações finais. De acordo com a decisão, a apresentação do promotor equivaleu a uma “má conduta egrégia”, que “violou os direitos do réu a um julgamento justo”.

    Para os Ministros da corte, “advogados e promotores podem e devem usar recursos de multimídia para sintetizar e destacar fatos e provas relevantes aos jurados e até mesmo para fazer inferências razoáveis a partir do material apresentado”. Porém, “não podem alterar as provas, que haviam sido admitidas pelo tribunal, para expressar opiniões pessoais sobre a culpa do réu, de forma depreciativa”.

    Na verdade, as legendas e textos superpostos a imagens apresentados pelo promotor se assemelharam a uma espécie de campanha pela condenação do réu. Por exemplo, em mais de 100 slides, dos 250 que o promotor apresentou ao júri em suas alegações finais, foi incluída a legenda ou texto superposto: “O réu Walker é culpado de homicídio premeditado”. Em um slide foi superposta a legenda, com letras vermelhas em negrito, sobre a foto de Walker tirada na delegacia: “Culpado além da dúvida razoável”. Em dois slides, a legenda foi: “Réu Walker culpado de assalto de primeiro grau”. Em três outros: “Réu Walker culpado de solicitação para cometer roubo”. Em outro slide, em que as fotos de Walker e da vítima foram colocadas lado a lado, a legenda diz: “Dinheiro é mais importante que a vida humana”. Também com as duas fotos lado a lado, uma outra legenda diz: “Nós iremos vencer isso”.

    Para sustentar a tese da acusação de que o crime foi cometido por motivo fútil, o promotor apresentou um slide com uma foto, obtida pela polícia, que mostrava Walker com a namorada e o filho em um restaurante, no mesmo dia do assalto, supostamente comemorando o roubo. Antes ele havia passado pelo Walmart, onde o assalto aconteceu mais cedo, para comprar videogames e dois cofres. A legenda diz: “Culpado, como cúmplice, pelo assassinato, ostentou [com os ganhos do roubo] em coisas frívolas [em referência aos videogames e à lagosta pedida no jantar, que teria custado quase US$ 200 dólares]. Nesse mesmo jantar, Walker, que é negro, teria dito ao filho da namorada (o que se tornou um slide sobre a mesma foto) sobre a morte da vítima, que era branca: “É assim que você mata e rouba negros [mas usando um termo “nigers”, considerado racista]; da próxima vez será mais dinheiro”. Os ministros da corte consideraram que esse slide teve o propósito de ser “racialmente agressivo”.

    A decisão ressalta que o promotor exagerou em seu esforço para condenar o réu, o que era desnecessário porque dispunha de elementos suficientes para fazê-lo, sem recorrer a tais legendas e textos superpostos. Na verdade, a namorada de Walker fez um acordo de delação premiada com a Promotoria e toda a história do assalto foi contada em detalhes. Ela trabalhava para o Walmart e informou Walker sobre o horário exato que o carro forte iria buscar a arrecadação do dia e o valor da arrecadação, bem como tudo o que foi planejado e executado. Walker não atirou no motorista do carro forte, porém teve participação ativa no planejamento e, segundo os autos, ele teria dado a ordem de atirar na vítima, quando acompanhava a operação, por celular, de dentro de um dos carros usados no crime, à espera no estacionamento da empresa. Como não foi a primeira vez que promotores “contaminaram” slides com legendas e textos “agressivos” superpostos, o tribunal superior fez advertências aos promotores, advogados e juízes que atuam em tribunais inferiores, com o objetivo de evitar anulação de sentenças e, consequentemente, provocar um novo julgamento, com altos custos para o sistema judiciário.

    Aos promotores, os ministros escreveram: “A obrigação do promotor é buscar a justiça, não meramente condenações. O promotor exerce um papel duplo. Ele deve fazer cumprir a lei, processando aqueles que violam a paz e a dignidade do estado por violar a lei. Ao mesmo tempo, o promotor funciona como um representante do povo, com uma capacidade ‘quasi judicial’, na busca pela justiça. Se o promotor não exerce um ou outro desses papéis, ao tentar uma condenação com base em procedimentos que violam o direito do réu a um julgamento justo, tal condenação mina, de fato, a integridade de todo o sistema de justiça criminal”. Aos juízes, os ministros recomendaram: “Recursos audiovisuais podem e devem ser usados para ajudar os jurados a entender os fatos e provas. No entanto, o juiz deve evitar que esses recursos sejam usados mais por seu valor de choque do que para informar os jurados. Em vista da séria necessidade de coibir abusos nas apresentações visuais, encorajamos os juízes de primeiro grau a intervir e dar uma olhada nesses slides antes que sejam apresentados aos jurados. A apresentação de uma cópia impressa dos slides do Power Point ao juiz, com antecipação, não chega a ser uma dificuldade e pode impedir que a sentença seja anulada e que seja determinado um novo julgamento”.

     

    Leia mais

    https://josecarloslima.blogspot.com.br/2018/04/lula-o-martirio-de-um-cidadao-impedido.html

  4. O silêncio dos inocentes!

    Ok, os inocentes não correm, mas os inocentes se entregam?

    Toda prisão tem um sentido político.

    Sim, as prisões em massa, que correspondem aqui ao mesmo processo histórico experimentado pela nossa Matrix (os EUA), têm uma significação que não é clara a maioria das pessoas, mas isso não quer dizer que ela não exista.

    Não é mero acidente as duas maiores economias de um continente, sendo certo que as duas estão entre as vinte maiores do planeta, sejam também as mais desiguais desse grupo, e que contem números de populações carcerárias parecidos, eles são os primeiros (mesmo sendo apenas 5% da população mundial) e nós somos os quartos (e temos uma população ainda menor).

    Também não é casual que essas duas economias possuam maiores ínidices de letalidade violenta.

    Parte dessa escalada vem dos anos 80.

    Os EUA “evoluíram” de 343.000 presos para algo em torno de 3 milhões nos dias atuais.

    Não tenho nossos números na décadad e 80, mas contamos hoje algo em torno de 1 milhão.

    Então, como dissemos, toda prisão carrega em si um significado além da mera punição por infração a uma norma penal.

    Não seria exagero dizer que o sistema penal se orienta, e se estrutura, a confinar determinados grupos sociais já escolhidos.

    Os militantes pró-direitos civis dos EUA argumentam que na impossibilidade de defenderem o segregacionismo nos moldes da KKK e de Jim Crow, a elite estadunidense bolou uma nova Jim Crow, através da criminalização e encarceramento em massa das populações negras e outros grupos de indesejáveis.

    Um truque muito mais sofisticado que apenas caçar pela cor.

    Copiamos tudo e pioramos ainda mais: Além de prisões em massa, assassinatos em massa.

    Tanto como a prisão de tantos outros, a prisão de Lula está carregada de sentido político.

    E não apenas pelo reconhecimento de que seu processo é uma peça de estratégia partidária das elites.

    Sua prisão é a reificação de um sentimento ainda pior:

    A de que podemos superar nossos conflitos pelo martírio sem nenhuma resistência.

    Lula e sua história são a personificação desse legado cristão repressivo em nossa História.

    Preso em 1980, anuiu e concordou com a “pacificação” proposta em uma transição “democrática” que permitia aos algozes um sono tranquilo.

    Nenhuma reparação aos mortos, aos torturados, aos desaparecidos e suas famílias, enfim, nenhuma reparação ao país jogado nas trevas.

    Presidente em 2002, o sono dos algozes permaneceu inalterado. Nenhum esforço maior das bancadas do governo ou de seus gigantescos “argumentos” para buscar algo mais que a piada internacional chamada comissões da verdade.

    Verdades que não puniram ninguém. Triste piada que representa mais ou menos todo o ethos daquilo que chamam de povo brasileiro.

    A Lei de Anistia é o documento histórico, a certidão de nascimento do arbítrio tolerado (e talvez de óbito de qualquer alvorada de cidadania) daquilo que viria depois, a celebrada Carta Magna, chamada por alguns (inclusive aqui) de Carta Cidadã.

    Uma tolice, uma mera construção simbólica de (auto) elogio de um povo que elabora um pacto constitucional onde os principais direitos são normas de eficácia contida (estão escritos, mas não valem até posterior regulamentação), ou são desrespeitados diariamente nas geografias da pobreza.

    Mandado de busca? Pé na porta do barraco. Na favela mandado de busca é artigo de luxo. É só dizer que estava em persguição e que o “vagabundo” pulou de um barraco para outro.

    Presunção de inocência ou de não-culpabilidade? Preso está, preso fica, é o jargão “informal” das execuções provisórias de sentenças desde muito tempo, e que só agora mereceu alguma atenção!

    Morre a vereadora? Prendam a esmo 159 “cabeças”, coloquem o carimbo de alguma facção ou grife do crime, e pronto, está alimentado o monstro da hipocrisia histérica classe média.

    Quanto custa levar um HC até o STF?

    Olha, alguns milhares ou milhões de reais, ou audiência midiática. Se carecer dos dois, é tranca dura, mermão!

    A prisão dócil de Lula é essa mensagem!

    Se pudermos criar uma imagem correspondente da prisão de Lula no cruel dia-a-dia dos presos que ali estão injustamente, podermos dizer assim:

    – É igual aquele cara preso em flagrante por tráfico de drogas, cujo material foi “plantado” pelos policiais, e que lá na frente, quando o seu regime de cumprimento da pena progride, ou seja, ganha o status de semi-aberto (dorme na prisão), volta todos dias para dormir na tranca, docilmente, até o fim da pena.

    Tanto ele (o preso) quanto Lula acreditam que não há outra forma de combater a injustiça senão aceitando e cumprindo as regras de um jogo que lhes é injusto desde o começo.

    Talvez na vida do preso acima não reste muita esperança ou alternativa.

    Mas e Lula?

    Qual seria o siginificado de sua resistência?

    Por que agir como se ela não fosse sequer possível ou imaginável?

    Será que Lula imagina que pode negociar com o lawfare como fez com os militares em São Bernardo?

    Será que ele não vê que embora coexistam como sistemas autoritários, a natureza de seus algozes mudou completamente?

    Não.

    Inocentes não fogem, mas tampouco se entregam tão facilmente.

    Será que Lula imagina que tinha a responsabilidade de evitar aquilo que dizem que foi feito em seu nome?

    Será que Lula imagina que poderia ter sido feito diferente do que foi, e que ele não foi capaz de fazê-lo?

    Será que sua resiliência é culpa?

    Ou será que ele imagina que vai expiar todos os nossos pecados com seu sofrimento?

    Cordeiro de deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós?

    Como nos ensina Albert Camus, o único problema fisolsoficamente é o suicídio!

    Um inocente não foge, mas se preso injustamente, ou resiste ou se sacrifica.

    Só isso o redime.

    Porque um inocente que obedece sem lutar, já perdeu a inocência faz tempo.

    Descanse em paz, Lula.

     

     

     

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