Gabriela Cid admite envolvimento do marido em falsificação de carteiras de vacinação

Gabriela Cid, esposa do ex-tenente-coronel e ajudante de ordens Mauro Cid, admitiu à Polícia Federal (PF) que o marido usou o certificado de vacinação adulterado e afirmou que é dele a responsabilidade por inserir dados falsos de vacinas contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.

Ao incriminar o marido, a defesa de Gabriela almeja que ela responda apenas pelo crime de uso de documento falso.

Durante o depoimento, realizado em Brasília nesta sexta-feira (19), a esposa do aliado de Jair Bolsonaro (PL) alegou ter conhecimento apenas sobre o envolvimento do marido na falsificação do cartão de vacinação dela.

Ela não soube responder qual foi a participação de Ailton Barros no esquema e nem da suposta participação do cônjuge na adulteração de outras carteiras.

Entenda o caso

Além de Gabriela, Mauro Cid deu o seu depoimento à PF na última quinta-feira (18). Porém, preferiu se manter em silêncio durante o interrogatório, alegando não que a defesa não teve acesso à integra das acusações, estratégia vista por criminalistas como uma forma de ganhar tempo.

Bolsonaro também está na lista de investigados e foi ouvido pela PF na última terça-feira (16). Ele respondeu todas as perguntas, negou ter razões para inserir dados falsos no ConecteSUS e explicou a relação com os seis investigados já detidos pela operação, presos desde 3 de maio.

Depoimento

INDAGADA se no dia 29/11/2021, AILTON GONÇALVES MORAES BARROS solicitou a declarante e/ou a MAURO CID O código enviado pela plataforma “GOV.BR”, para acessar a conta da declarante no aplicativo ConecteSUS, respondeu QUE não recebeu solicitação para encaminhar o código para que AILTON BARROS acessasse o aplicativo ConecteSUS da declarante;

INDAGADA se a declarante e/ou MAURO CESAR CID repassaram a AILTON BARROS a carteira de vacinação com dados falsos sobre a vacinação contra a Covid-19 em nome da declarante da Secretaria de Saúde de Goiás, respondeu QUE não; QUE não sabe informar se MAURO CID encaminhou a carteira de vacinação com dados falsos a AILTON BARROS;

INDAGADA como AILTON BARROS conseguiu inserir os dados falsos de vacinação contra a Covid-19, em nome da declarante, no sistema do Ministério da Saúde, respondeu QUE não sabe informar como foi realizada a inserção dos dados falsos;

INDAGADA como AILTON BARROS encaminhou o documento falsificado com as doses de vacina contra a Covid-19 em nome da declarante, respondeu QUE não se recorda, mas que só poderia ter sido encaminhado por meio de MAURO CESAR CID;

Neste momento a declarante foi cientificada que a Polícia Federal identificou, na quebra de sigilo telemático de MAURO CESAR CID, um cartão de vacinação da Prefeitura de Duque de Caxias, em nome da declarante, em que consta a aplicação de duas doses da vacina contra a Covid-19, nas datas de 25/08/2021 lote “FD7210″e 15/10/2021 “FG3530”.

INDAGADA se tem ciência de que consta no sistema do Ministério da saúde o registro de que teria recebido a primeira dose da vacina contra Covid-19, lote “FD7210”, da fabricante PFIZER, na data de 25/08/2021, no posto médico sanitário de Xerém, no município de Duque de Caxias/RJ, ou seja, os mesmos dados constantes no cartão de vacinação identificado na quebra de sigilo telemático de Mauro Cid, respondeu QUE tem ciência apenas por matérias publicadas na imprensa; QUE não tinha conhecimento do local onde foi feita a inserção dos dados falsos; QUE não se recorda dos referidos dados constantes no aplicativo ConecteSUS em seu nome;

INDAGADA se tem ciência de que consta no sistema ConecteSUS do Ministério da saúde o registro de que teria recebido a segunda dose da vacina da fabricante PFIZER, lote “FG3530” aplicada na data de 15/10/2021, no posto médico sanitário de Xerém, no município de Duque de Caxias/RJ, ou seja, os mesmos dados constantes no cartão de vacinação identificado na quebra de sigilo telemático de Mauro Cid, respondeu QUE não se recorda dos referidos dados constantes no aplicativo ConecteSUS em seu nome;

INDAGADA se emitiu o certificado de vacinação contra a covid-19, com os dados falsos de vacinação no aplicativo ConecteSUS, respondeu QUE não se recorda de ter emitido o certificado de vacinação contra a COVID em seu nome no aplicativo ConecteSUS.

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