Sindicato de Advogados de SP defende inquérito sobre Aécio

Hoje de manhã o Sindicato dos Advogados de São Paulo protocolou junto ao Procurador Geral da República Rodrigo Janot uma representação requerendo do Ministério Público Federal a abertura de investigação criminal em relação ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

A representação se refere à delação do doleiro Alberto Yousseff, de que  “o PSDB, por intermédio do Senador Aécio Neves, possuiria influência junto a uma diretoria de FURNAS, conjuntamente com o PARTIDO PROGRESSISTA, e haveria o pagamento indevido de valores de empresas contratadas”.

Na sequência, o doleiro afirma que “o PSDB, por meio de Aécio Neves, “dividiria” uma Diretoria em FURNAS com o PARTIDO PROGRESSISTA, por meio de José Janene. Afirmou que ouviu que Aécio também teria recebido valores mensais, por intermédio de sua irmã, de uma das empresas contratadas por FURNAS, a empresa BAURUENSE, no período entre 1994 e 2000/2001”.

Segundo a representação, “no entendimento do PGR referidos fatos estariam completamente dissociados da investigação central (…) não havendo, por isso, indícios concretos para dar andamento a uma investigação formal contra o aludido parlamentar”.

Aí começa o questionamento do Sindicato dos Advogados.

Apesar dos fatos não estarem relacionados com a Petrobras, “é de se ter em vista a inequívoca existência de fatos e indícios contundentes acerca do flagrante envolvimento do Senador Aécio Neves da Cunha em graves ilicitudes relacionadas à estatal ‘FURNAS’”.

A representação anota que, apesar de ter requerido o arquivamento do procedimento criminal, o PGR não livrou Aécio das suspeitas sobre Furnas: “De qualquer modo, nunca é demais se frisar que não se está fazendo nenhum juízo insuperável acerca da procedência ou não de eventual participação do parlamentar referido no suposto fato relacionado a FURNAS”, escreve o PGR.

Se o PGR não endossa nem a inocência nem a culpa de Aécio Neves, fica clara a “necessidade de investigação dos fatos narrados como condutas ilegais”.

A peça do PGR reforça essa necessidade.

“Conforme apurado por esta Procuradoria-Geral da República”, continua a representação , “(…) a acusação tecida em face do atual Senador mostra-se gravíssima, haja vista que eventual comprovação denotará não somente o cometimento de crimes contra a Administração Pública, como também a caracterização de ilícitos que perpetraram expressivo e imensurável prejuízo ao patrimônio público quando conjugados o extenso período de recebimento das verbas ilícitas e a dimensão financeira da estatal”.

A relevância das informações

A representação levanta um argumento irrespondível: se a delação-premiada do doleiro Alberto Yousseff é tão relevante a ponto de servir de base para toda a operação Lava Jato, como desconsiderá-las em relação ao senador Aécio Neves?

São informações relevantes, continua a peça, “porquanto advém de depoimentos de delator-premiado cuja atuação na intermediação do pagamento de verbas ilícitas é inconteste: assim, não cabe tratar como elementos insuficientes as acusações sobrevindas daquele que tem o dever de falar a verdade por força da celebração de acordo de cooperação premiada”.

Lembra a representação que “investigação criminal, como sabido, é um instrumento de natureza administrativa que tem por finalidade justamente expor o crime em sua primeira fase, a fim de que se descubra a autoria, a materialidade, suas circunstâncias etc. Quer dizer, é o veículo previsto na legislação processual penal para que sejam perscrutados os fatos e produzidas provas, seja para reforçar os indícios iniciais, seja para refutá-los (…) Porém, se esta Procuradoria-Geral, mesmo ante esta inegável imputação delituosa, resolve encerrar o caso, ainda antes de verificar minimamente a sua real ocorrência, a Sociedade fica totalmente indefesa”.

A representação remete a outro trecho da peça de Janot:

“Nunca é demais se frisar que não se está fazendo nenhum juízo insuperável acerca da procedência ou não de eventual participação do parlamentar referido no suposto fato relacionado a FURNAS”.

Diz a representação: “se não há evidência da “não participação” do parlamentar no suposto esquema criminoso apontado pelo delator-premiado Alberto Youssef” houve equívoco no arquivamento.

Luis Nassif

Luis Nassif

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    • Acho que ainda não, mas

      o importante é perceber que o "custo" de esconder as falcatruas tucanas começa a ser inaceitável para uma parte crescente da burguesia brasileira, neste caso á do judiciário, mas percebo algo semelhante na classe empresarial. É isso que é a real novidade das últimas semanas, e vai em paralelo ao efeito das faixas da manif do dia 15/03 em Sampa, indo do grotesco ao fascista, sobre a parte menos tosca da classe média paulistana.

      As nuvens da política se movem, e com um vento menos boçal

      • Tenho visto que o pessoal não

        Tenho visto que o pessoal não tem defendido tanto o PSDB assim, pelo contrário, estão acanhados.

        Aliás, está difícil ver quem esteja hoje orgulhoso do dia 15, exceto os irrecuperáveis.

        Devemos considerar também que a Globo está em franca decadência, nos dois polos políticos vemos pessoas torcendo para que ela se lasque.

  • Sobre Aécio há uma diferença
    Sobre Aécio há uma diferença fundamental na delação que PODE justificar a não abertura de inquérito.
    Ignorar isso é má fé, mesmo sabendo ser verdadeiras as denúncias

    O doleiro não fez qualquer delação sobre Aécio. Delação ocorre quando vc PARTICIPA dos ilícitos.
    No caso em questão, ele não delatou esquema em que teve participação. Ele apenas disse o que ouviu falar.

    São coisas absolutamente distintas!

    Eu espero que o inquérito seja aberto mas acho que não será desta vez.

    • Má fé é ignorar o seguinte:

      Em seu depoimento oral, Yousseff apresenta dados objetivos de fácil apuração.

      *  Diz que Aécio Neves recebia propinas através de uma diretoria de Furnas, segundo relato do finado deputado José Janene (PP), que também tinha uma diretoria por lá.

      *  Informa por onde passava o dinheiro da propina, a empresa Bauruense.

      *  Informa o valor presumido da propina, de US$ 100 mil mensais.

      *  Informa a possível destinatária da propina.

      *  Diz basear-se nas conversas que tinha com Janene e com o proprietário da Bauruense.

      Ora, com base nessas informações, bastaria requerer a quebra de sigilo da Bauruense, analisar seus extratos e balanços e fazer o mesmo da suposta ponta recebedora.

      https://jornalggn.com.br/noticia/janot-e-o-probo-aecio-neves 

        • Fato:
          O jornalista Luiz

          Fato:

          O jornalista Luiz Nassif é contrário à sua tese., A

          Aliás até analfabeto tem senso de justiça e sabe que onde existe fumaça tem fogo.

          Ao contrário do que Vossa Senhoria o PGR e outros zepellins querem nos fazer crer.

          • Ele está te conduzindo meu

            Ele está te conduzindo meu caro Zepellin.
            Apóie a abertura do inquérito SABENDO A DIFERENÇA  e porque vc está do lado de cá.

            Juntinho do Nassif....

    • Opa não participou?

      Talvez tenha passado desapercebido por Você, mas ele era operador do esquema, ia a Empresa apanhava o dinheiro e distribuia. Acho que esclarece!

      • Não, ele deixou CLARO que não

        Não, ele deixou CLARO que não participava deste esquema. É exatamente o contrário do que vc diz!

         

        E vc pode ver no comentário do meu comentário logo abaixo do seu a prova. Vamos a ela:

         

          Diz que Aécio Neves recebia propinas através de uma diretoria de Furnas, segundo relato do finado deputado José Janene (PP), que também tinha uma diretoria por lá.

        E tem mais:

        " Diz basear-se nas conversas que tinha com Janene e com o proprietário da Bauruense."

        Depois de tudo o que ele disse coloque, "de acordo com o que disse o finado deputado josé Jatene".

        Ele disse o que ouviu falar, como eu disse em minha mensagem.

         

        PS>Porque existem Zepellins de direita e de esquerda...e O Povo foi feito apra ser conduzido.

        Seja contra Aécio mas fale a verdade! O esquema é verdadeiro e está lá mas O DEPOIMENTO tem esta inconsistência quer vc queira ou não. Está lá...como a lista de Furnas!

    • O fato é que a lista de

      O fato é que a lista de Furnas já foi entregue para o Janot ano passado por parlamentares do PT, com assinatura do Dimas Toledo diretor de Furnas periciada pela PF, com testemunhas, o lobista Nilton Monteiro, doido pra contar tudo, e os políticos Antonio Júlio e Roberto Jeferson que afirmaram ter recebido os valores mencionados na lista.

      Aí o cara me recebe uma denúncia que bate com o que ele já tem lá e finge de égua?

       

  • Nassif ve se tem como deixar

    Nassif ve se tem como deixar em local disponivel e visivel um local único pra gente postar links....acho que todos os assuntos poderiam ficar em apenas um post

    12- PML: A CRISE NA FILA DO BANCO, NOS BOTEQUINS, NOS JORNAIS, NO STF…
    ''(...) Descubro através daquela senhora que a mentira não apenas triunfou na mente de muitos brasileiros. Milhões. Tornou-se opressora, perigosa''(...) 
    http://paulomoreiraleite.com/2015/03/25/verdade-e-que-estava-dando-certo/

  • É sem futuro. O PGR vai

    É sem futuro. O PGR vai priorizar os petistas. Não terão tempo nem disposição e nem vontade para se preocupar com políticos do PSDB. O mesmo acontecerá no STF e na PF.

    • A Revolução Francesa foi um

      A Revolução Francesa foi um Julgamento dos "Poderosos" pelo Povo devido à Tiranias Acumuladas.

      PREVARICAÇÃO É CRIME.

      Tudo o que eles roubaram e todos os que ajudaram a encobrir seus crimes são réus nas mortes dos que precisaram da SAUDE PUBLICA, SEGURANÇA PUBLICA, ETC... e  no desencaminhamento dos que ficaram sem EDUCAÇÃO PUBLICA DE QUALIDADE, E de tudo que seria assegurado a todos com o dinheiro de impostos.

      LADRÕES, ASSASSINOS !

  • Não será dessa vez ...

    As instituições estão totalmente subordinadas aditadura da midia e de seus patrocinadores. Investigação sobre o PSDB não dá matéria no Fantastico nem capa da Veja. não promove os investigadores. Então não rola. Não acontece. É assim mesmo, como na republica velha pré 1930. Pau que bate em Chico não bate em Franscisco

  • inacreditável !...

    Diante de tudo o que foi revelado, ... se o PGR não reconhecer a própria falha e não providenciar o indiciamento vai jogar por terra a pouca credibilidade que tem.

     

    Incompreensível que o Janot tenha tomado a decisão de arquivar pedido de inquérito contra o aécio...  Ou o PGR confia cegamente  no poder da mídia para abafar o caso, .. ou desconhece a força da  internet, ....    

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