Os 15 anos da editora Dubolsinho

Do O Tempo

Editora mineira, criada por Sebastião Nunes, completa 15 anos buscando manter a continuidade de suas ações
ARLOS ANDREI SIQUARA

Num galpão localizado no centro de Sabará funciona a sede da editora Dubolsinho, criada há 15 anos pelo editor, escritor e artista plástico Sebastião Nunes. Ali, se concentram hoje as atividades que até 2012 o poeta realizava na sua própria casa, que se encontra muito próxima da sede. Responsável, assim, por consolidar a dimensão física de um projeto com cerca de cem títulos publicados de literatura infantojuvenil, o espaço marca, também, uma boa fase da iniciativa, que Nunes atualmente se esforça para não deixar que se afaste demais do presente.

Há três anos, a Dubolsinho deu um salto e, além de ganhar uma residência autônoma, continuou diversificando seu campo de atuação para além da criação de livros. Ela começou a investir em projetos sociais, de estímulo à leitura, por exemplo o Lerês, que cobre as escolas públicas do município pertencente à região metropolitana de Belo Horizonte, e alcança aproximadamente 1.700 alunos.

Porém, a continuidade dessas ações está ameaçada desde 2013, quando a principal fonte de recursos da editora, advinda das compras públicas, sofreu uma brusca queda. “A Dubolsinho vinha decolando como um avião. Mas, de repente, ela precisou parar”, relata Nunes. Se em 2012 ela chegou vender mais de 100 mil exemplares para programas do governo federal e de outros Estados brasileiros, além da Prefeitura de Belo Horizonte, de 2013 em diante, conta Nunes, as remessas paralisaram.

“O que sustentou a gente sempre foram as compras do governo, via programas, como o Plano Nacional Biblioteca de Escolas, mas até o momento isso está suspenso. Nós temos um livro que foi contemplado num edital de 2013, mas ainda não se avançou para outras etapas além da divulgação do resultado”, conta o editor.

Uma estratégia criada por ele para driblar esse cenário de dificuldades foi iniciar uma campanha de financiamento coletivo na plataforma Kickante. Até setembro, Nunes espera atingir a meta de R$ 65 mil que deve garantir a sobrevivência da editora até o fim de 2015. Embora só tenha conseguido levantar um terço desse montante, ele está otimista com o resultado do empreendimento.

“Nós estamos com 16 livros já prontos e temos outros quatro em fase de elaboração. Ou seja, são 20 obras que aguardam recursos para serem finalizadas. Acho que nós vamos conseguir, sim, essa meta. As pessoas também costumam aderir a essas colaborações quando o prazo vai chegando mais próximo do fim”, afirma ele, que sublinha o reconhecimento da trajetória da casa editorial.

“A Dubolsinho tem uma história que preza pela qualidade literária. Nós nunca cobramos para publicar nenhuma obra e só editamos aquelas que realmente acreditamos no seu conteúdo”, ressalta Nunes.

Apesar da escassez de investimentos, ele diz que o projeto Lerês, realizado desde 2009, se mantém agora na quarta edição. Em relação ao segmento de conteúdo, o livro de poesias “Ah, Se Eu Fosse Maradona!”, de Romério Rômulo, previsto para sair daqui a duas semanas em formato e-book pela Dubolso Digital e, talvez, em três semanas na versão impressa pela Dubolsinho, reflete que a estrutura editorial segue funcionando.

Escrita ao longo de três anos e meio, a obra, de acordo com Rômulo, foi concebida a partir de suas conversas com Nunes, a quem ele atribui um papel decisivo para concluir sua criação. “Quem me provocou a escrever o livro foi o Nunes. Eu havia dito para ele que tinha ouvido uma música de Mano Chao, num documentário sobre Maradona, e nela o músico dizia o verso ‘si yo fuera Maradona’. Eu resolvi que aquele seria um bom título para um livro e daí Nunes me estimulou a escrever poesias a partir da figura do jogador, por quem sempre tive grande admiração”, conta Rômulo.

“De 2012 para cá eu venho escrevendo alguns poemas e mostrando a ele, que foi fundamental para a concepção da obra”, acrescenta.

Nunes antecipa que ‘Ah, Se eu Fosse Maradona” vai sair em formato bilíngue e será distribuído digitalmente por uma empresa alemã. “Esse é um livro nosso que, pela primeira vez, poderá alcançar outros públicos, além do Brasil”, observa.

 

Redação

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