Os alarmistas estão recebendo o mesmo remédio amargo dos céticos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Rdmaestri

Quando há vinte anos se noticiava uma variação extrema positiva de temperatura, rapidamente “Aquecimentistas do Clima” iam para os jornais e noticiavam: “Olhem aí, mais uma evidência do Aquecimento Global Antropogênico”. Junto com a declaração num site pró AGA era trazida uma explicação de um cientista qualquer sobre a danosa influência do CO2 no clima da Terra.

Quando ocorria isto, os Céticos da influência do CO2, que na época eram poucos e desacreditados por argumentos ad hominem como “paus mandados da indústria do petróleo”, refutavam com um argumento científico que tanto os “Alarmistas científicos” como seus congêneres “Céticos” aceitam: TEMPO NÃO É CLIMA, e estes picos de alta temperatura poderiam representar variações naturais que podem ocorrer tanto em períodos quentes como frios.

Este argumento de que tempo não é clima, é um verdadeiro consenso entre qualquer climatologista ou meteorologista, ou seja, que para se configurar uma “Variação climática” é necessária uma deriva no valor médio de uma série de dados por um período de várias décadas. A Organização Meteorológica Mundial (World Meteorological Organization – WMO) de forma mais ou menos arbitrária estabelece um período de 30 anos para se configurar uma mudança de padrão de clima.

O que quer dizer isto? Que para dizermos que o Clima está mudando, precisamos comparar os dados médios de qualquer variável hidrológica (temperatura, chuva e outras) com outras médias de grande duração.

Agora o que está acontecendo nos Estados Unidos que surpreende muitos. Os Alarmistas estão em declínio na opinião pública norte-americana e os Céticos em alta. Os últimos invernos pesados norte-americanos e um novo inverno atual com quedas de neve precoces e recordes estão trazendo para o povo norte-americano uma nova leitura sobre o clima, esta nova leitura baseada também na estabilidade da temperatura daquele país em quase um século e no mundo de 18 anos (o conhecido hiato) distorce mais uma vez a leitura correta da realidade do Clima.

A nova leitura do clima tem-se revelada na perda de votos notáveis de candidatos democratas que junto a Al Gore se aliaram ao discurso “Alarmista” nos últimos 15 anos. Al Gore foi um dos responsáveis pela confusão entre CLIMA e TEMPO, aproveitava qualquer valor extremo para “sabiamente” vaticinar, “mais um exemplo do AGA”. Como os republicanos que no fim do século XX e no início do século XXI tinham realmente apoio de determinadas indústrias, na época contra os efeitos políticos e econômicos da adoção de medidas contra o AGA, foram os primeiros a contrariar esta teoria, com a situação atual, colhem frutos de sua “fé” precoce.

Agora quando começa um inverno frio com quedas de neve acima de 100cm em determinados locais, é a vez dos “céticos” não cientistas aplicar o mesmo remédio amargo que tiveram que tomar há 15 anos.

O atual “hiato” na contínua subida das temperaturas da Terra que culminou no grande El Niño dos anos de 1997-1998 alavancaram a temperatura do globo terrestre ao seu máximo desde o início de medidas sistemática de temperatura lá pelo meio do século XIX.

Temperatura média da Terra segundo o Centre for Climate Prediction and Research e a University of East Anglia’s Climatic Research Unit (CRU), UK.

A bela série de aumento da temperatura da Terra detectada por diversos pesquisadores entre o início da era industrial (?) estipulado por estes como por volta de 1900, mostra claramente que após um súbito aumento entre 1905 até 1945 há uma queda persistente e um hiato demorado entre 1945 e 1980, ou seja, 35 anos de clima estável.

Por outro lado, os “alarmistas” jogavam todas as suas fichas no aumento do CO2 na atmosfera, estabelecendo uma relação direta entre o aumento de CO2 e o aumento da temperatura da Terra. Como a medida do CO2 e outros gases de efeito estufa começaram a ser feitas sistematicamente a partir de 1958 (Observatório de Mauna Loa no Havaí) se constatava que no período mais recente havia uma correlação forte entre CO2 e temperatura. Entretanto o aumento deste gás efeito estufa era linear, enquanto a variação da temperatura global tinha altos e baixos.

Variação da concentração de CO2, em partes por milhão, medidos no Observatório de Mauna Loa no Havaí.

A linearidade entre os gases de efeito estufa e a temperatura da Terra, não é facilmente demostrada pela leitura desses dois gráficos sobrepostos, apresentando altos e baixos na variação da temperatura.

Apresentação dos dois gráficos, concentração de CO2 e temperatura Global, destacando os períodos de aquecimento e resfriamento.

O aparente paralelismo entre os dois gráficos parece claro no período 1977 a 2003, porém no período anterior, 1958 a 1977, e no período posterior, 2003 a 2014 a lógica não é seguida pela natureza.

Voltando ao assunto Clima e Tempo, se durante o período áureo do aquecimentismo (até o início deste século), os adeptos do AGA, não tivessem sido tão ambiciosos e pretenciosos em associar de forma linear o incremento de CO2 e temperatura para períodos curtos de tempo, nos dias atuais em que se observa uma queda (ou no mínimo uma estabilidade) na temperatura Global, o descrédito na teoria do AGA não seria tão forte como começa a ser nos dias atuais.

Chamo a atenção que apesar dos invernos mais fortes no hemisfério norte nada disto pode configurar uma desqualificação total da teoria do AGA, pois mesmo com um hiato de 18 anos no aumento de temperatura, nada nos diz que após estes valores em média constantes seguirão constantes aumentarão ou diminuirão. Por outro lado a mecanicidade e linearidade entre o aumento do CO2 e aumento da temperatura Global estas sim estarão abaladas, mostrando que apesar de correto ou não a dependência há fortes variáveis que estão fora do modelo ou mal avaliadas, deverão ser revistas.

Volto a insistir, Clima não é Tempo, e se na próxima semana houver uma temperatura absurdamente quente ou fria na sua cidade isto não quer dizer nada em termos de Clima, nem Aquecimento Global nem Resfriamento, é só um dia mais quente ou mais frio.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

20 Comentários

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  1. Assumir uma tendência linear

    Assumir uma tendência linear entre as variáveis me parece um equívoco também.

    Sabe-se que existem outros fatores que influenciam nessa relação. Ciclos de retroalimentação etc.

    Contudo, me parece que são, de alguma maneira, proporcionais. Com alguns degrais, que podem ser explicados por esses outros fatores, que retardam o processo.

    De qualquer maneira, seja pelo CO2 ou outros fatores antrópicos, me parece que eventos mais extremos tem acontecido.

     

     

    1. Carlos, eles explicam qualquer coisa!

      Carlos, há quinze anos um cientista do clima previu que lá por 2020 as crianças inglesas não teriam o prazer de fazer brincadeiras na neve. Agora o aquecimento faz os invernos esfriarem, pois o derretimento da calota polar, que parou de diminuir, vai esfriar a Eurásia, com um pequeno detalhe, pelo que eu saiba os USA não estão na Eurásia.

      Eles explicam tudo, depois mudam a explicação.

  2. Enquanto isso, o plano

    Enquanto isso, o plano brasileiro de construção de 22 centrais nucleares…está na gaveta.

    A nova descoberta por aqui é que térmicas a carvão tem preço muito mais baixo que ´termicas movidas a qualquer outra coisa.

     

     

     

  3. Não citou a temperatura

    Eu também sou cético e li tudo em busca de novidades, mas ess texto não cita as temperaturas médias no início do século XX e nem no início desse século (XXI).

    Analisando somente os gráficos mostrados, conclui-se que a temperatura média entre 1850 e 1930 realmente é inferior do que a verificada entre 1930 e 2010. Mesmo considerando que teve um período de queda, a elevação da temperatura ocorreu. 

    O texto também acaba abordando somente a relação CO2 x Clima. Carece de uma abordagem de outros aspectos, como o aumento das cidades e sua densidade, desmatamento, se a mudança de temperatura é igual em todos os continentes, etc. 

    Mas realmente senti falta do comparativo mais prático (Ex.: Entre 1850 a 1930 a temperatura média era de X graus C. e de 1930 até 2010 a temperatura média foi de Y graus C).

     

    1. O objetivo do Texto não é este!

      O objetivo do texto não é falar sobre a importância de outros fatores sobre o clima, é simplesmente mostrar as contradições de usando um modelo de praticamente uma só variável, o CO2 tentar explicar toda a variação do clima, e em primeiro lugar mostrar a manipulação que é feita em termos de imprensa e outros interessados do conceito de Clima e Tempo.

  4. variação

    O que eu li sobre aquecimento global dizia que não iriam ocorrer somente aumentos de temperatura, mas sim variações maiores entre calor e frio, tempestades mais fortes, mais raios, etc.

    Talvez ele tenha lido em outras fontes.

    1. Pois bem Edson, mostre a onde

      Pois bem Edson, mostre a onde estão as tempestades mais fortes. Na quantificação da energia dos Furacões feita pela Universidade de Miami (afinal furacões são importantes para eles) o gráfico de energia acumulada dos ciclones é como segue.

       

    2. Se leres o próprio relatório CLIMATE CHANGE 2013 The Physical Sc

      Acho que estou lendo o relatório das bases científicas e tu estas lendo o sumário para politicos e tomadores de decisão (que é mais bombástico para preservar as verbas de pesquisa), pois no relatório CLIMATE CHANGE 2013 The Physical Science Basis, do IPCC (versão 5 de 2013) verás que tempestades mais fortes e secas são considerados “Low confidence”, somente “Very likely” para dias e noites mais quentes, coisa que para as cidades pode ser explicado pelo conceito de ilhas de calor.

      Ou seja, eventos extremos não são contemplados pelos pesquisadores que escreveram o texto técnico, agora por outro lado, o texto resumo (um resumo de 90 paginas de um texto de 1500) é mais assustador para influenciar as criancinhas.

    1. Pois bem, este gráfico foi ajustado conforme as conveniências!

      Caro Edson, sempre é bom procurar o que se chama os documentos primários e não as releituras para o público em geral.

      Se prociurares com todo amor e carinho a origem deste gráfico verás que ele vem de D.M. Etheridge, L.P. Steele, R.L. Langenfelds, R.J. Francey, J.-M. Barnola and V.I. Morgan, 1998, “Historical CO2 Records from the Law Dome DE08, DE08-2, and DSS Ice Cores” que apresenta a seguinte configuração:

      Como podes ver, conforme o artigo após 1875 há uma ruptura entre a tendência anterior e os valores medidos sobem em linha reta sem a suave aceleração que aparece no teu gráfico. Ou seja, ha a famosa ajeitadinha para impressionar as criancinhas.

      Se quiseres te passo os pontos deste gráfico e podes fazer qualquer coisa para compreender o que levou a diferença.

  5. Pelo sim, pelo não, é melhor prevenir!

    Creio que o erro é achar que o aumento do efeito estufa está associado simplemesmente ao aumento da temperatura como um todo. Pela complexidade do sistema dinâmico terra, vamos ver ao mesmo tempo lugares com recordes temperaturas baixas e outros com recordes de temperaturas altas, além de chover pouco em um lugar e no ano seguinde chover muito. Temos ainda poucos dados para analisar isso, dados de 100 anos, perto da idade da terra, isso não é nada.  Não dá pra saber se as variações são normais de um ciclo ou causada pela interferência humana. Porém sei de uma coisa, é melhor um tratamento preventivo do que tratar o paciênte com doença.

  6. ainda subindo

    Não tenho os dados numéricos, então tomei a média de cada período e tracei uma reta entre os pontos. A temperatura continua em ascenção com o aumento do CO2.

    1. diferenças

      mas existem diferenças importantes.

      Existe um ciclo de CO2 em que seres vivos absorvem CO2 e o converte em nutrientes, o CO2 passa a azer parte do corpo destes seres, e quando estes morrem o CO2 volta para a natureza e entra no ciclo de novo. As qauntidades de CO2 na atmosfera ficam constantes.

       

      O CO2 que a humanidade está liberando está FORA do ciclo natural, preso embaixo da terra na forma de carvão e petróleo e sua liberação faz AUMENTAR a quantidade de CO2 na atmosfera.

       

      A sua informação é para desinformar.

      1. Leia com cuidado!

        Antes de criticar leia com cuidado. O que estou criticando é primeiro a manipulação da informação que os “aquecimentistas” fizeram por longo tempo, simplesmente utilizando qualquer dado como prova de uma teoria, segundo, e tão importante como o primeiro, é a falha na tentativa de definir a variação média da temperatura da atmosfera por um só parâmetro.

         

        Ligar um ponto no início de uma série ao último pode até dar uma tendência a longo prazo, ou seja, uma primeira harmônica de um movimento oscilatório, porém desprezar-se as outras oscilações simplesmente encobre outros fatores que não são considerados.

         

        Qual a importância de não desprezar outras harmônicas? Simplesmente porque elas em outras situações de forçamento do clima podem ser tão ou mais relevantes do que o efeito do CO2.

         

        O Aquecimento Global Antropogênico virou a verdadeira casa de Irene, ele é culpado de tudo que ruim, por exemplo, da imprevidência do Alckmin!

        1. medias

          Eu não uni pontos, uni as médias dos pontos em cada período de tempo, segundo a sua divisão.

          Vc dividiu o período em 17, 27 e 12 anos, arbitrariamente,  para mostrar suas “variações”, quando a variação no longo prazo é  o que importa, e no longo prazo a temperatura está aumentando. 

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