Queimar lixo é destruir o futuro: Programa “Fala, FADS!” debate incineração na TVGGN

O gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil sempre foi um problema, haja vista as centenas de "lixões" que ainda existem no país, mesmo depois de 11 anos da aprovação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos

O gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil sempre foi um problema, haja vista as centenas de “lixões” que ainda existem no país, mesmo depois de 11 anos da aprovação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Em maio deste ano, o Ministério do Meio Ambiente publicou o edital que prevê R $100 milhões em investimentos no Programa Lixão Zero. A alternativa escolhida pelo governo federal, porém, não é consenso entre pesquisadores e entidades ambientalistas: a queima de resíduos para geração de energia elétrica. O que aparentemente parece ser uma ótima resposta a duas questões, o gerenciamento dos resíduos e o incremento na geração de energia elétrica, não tem nada de positivo. Os setores empresariais interessados que esta modalidade de gerenciamento de resíduos sólidos seja implantada no Brasil não usam palavras como queima ou incineração, mas fazem propaganda de seus interesses dizendo que irão implantar Unidades de Recuperação Energética (URE). 

Para que a quantidade de energia gerada seja maior que a gasta na combustão, precisaríamos que os resíduos a serem queimados fossem resíduos secos, como papel, plástico, metal e vidro. No Brasil, esses produtos correspondem a cerca de 30% do total, sendo a sua maioria matéria orgânica com índice alto de umidade. Para ser queimada, precisaria ser seca, o que consumiria quantidades significativas de energia. Outro problema são os impactos ambientais e à saúde provocados pela queima: se a operação de queima não for realizada nas condições ideais, há produção de dioxinas e furanos, substâncias cancerígenas que, de tão microscópicas, passam pelos filtros e são lançadas no meio ambiente. 

O correto gerenciamento dos resíduos sólidos, com a separação e reaproveitamento dos materiais recicláveis, a compostagem de resíduos orgânicos, a construção e o uso correto de aterros sanitários são ações que aproveitam a matéria-prima, a energia e o trabalho humano empregados na fabricação dos materiais, evitando o esgotamento das fontes primárias de itens essenciais à sua produção. Outra iniciativa urgente é a implantação dos sistemas de logística reversa, que inclui a obrigação das empresas (sejam fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes) em cuidarem dos resíduos gerados por suas atividades, como já previsto na legislação. 

A Comunidade Europeia está revendo sua legislação sobre o assunto e, além de não recomendar a instalação de novas usinas, está incentivando que os países membros apostem e incentivem a recuperação máxima de resíduos, seja pela reciclagem, seja por tecnologias adequadas para os resíduos orgânicos, como a biodigestão. 

Para conhecermos mais sobre o assunto, para saber quais os argumentos de várias entidades contra a atual investida do governo federal, para tentarmos trazer esclarecimentos à sociedade sobre essa pauta, o Fala FADS de 8 de setembro traz o tema “Queimar lixo é destruir o futuro”. 

Para este debate, Carlos Henrique Andrade Oliveira, arquiteto e urbanista, com atuação em gestão ambiental, que atualmente é assessor parlamentar da deputada estadual em São Paulo Marina Helou (REDE), será o mediador do programa. Os debatedores são: Alexandro Cardoso, catador de materiais recicláveis e membro do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), é formado em Gestão de Resíduos pelo Instituto Tecnológico Brasileiro (ITB), em Gerenciamento de Resíduos pelo IFRS, cientista social em formação na UFRGS, atua como pesquisador na Rede Covid-19 Humanidades vinculado à UFRGS e é autor do livro do Lixo a Bixo; Gina Rizpah Besen, psicóloga, doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Saúde Pública da USP e pós doutora pelo IEE-USP, é pesquisadora colaboradora do IEE-USP, na área de resíduos sólidos urbanos, junto à Divisão Científica de Gestão, Ciência e Tecnologia Ambiental, é editora associada da Revista Ambiente e Sociedade e colabora com Observatório da Política Nacional de Resíduos Sólidos e com a Aliança Resíduos Zero Brasil; e Syllis Flávia Paes Bezerra, estudante de Direito (UNIMES) e presidente da ONG ambiental ECOPHALT, membro do Conselho Estadual do Meio Ambiente – CONSEMA SP, membro da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental de SP CIEA-SP, membro do Comitê de Bacias da Baixada Santista/ CBH-BS, coordenadora de dois projetos financiados pelo FEHIDRO (Projeto Ecophalt e Projeto Ecokids), membro da APA Marinha Litoral Centro, integrante da Frente Ambientalista da Baixada SANTISTA/FABS, membro do Conselho de Saneamento de Praia Grande/SP e membro do Conselho de Meio Ambiente de Peruíbe/SP. 

Assista ao programa Fala FADS “Queimar lixo é destruir o futuro”, em 8 de setembro, a partir das 18h30, pela TV GGN.

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