As críticas de Miriam Leitão a Rodrigo Constantino e Reinaldo Azevedo

Sugerido por Gunter Zibell – SP

Do Brasil 247

Miriam: Rodrigo Constantino e Reinaldo Azevedo emburrecem o país

“Pensamentos rasteiros, argumentos desqualificadores, ofensas pessoais, de nada servem. São lixo, mas muito rentável para quem o produz”, afirmou a jornalista

A jornalista Miriam Leitão, colunista do Globo, publicou um importante artigo neste domingo sobre a “miséria do debate” brasileiro.

No texto, ela bate duro em dois representantes da “direita hidrófoba” brasileira: o colunista Reinaldo Azevedo, de Veja e Folha, e o economista Rodrigo Constantino, que tem colunas em Veja e no próprio Globo.

“Os epítetos ‘petralha’ e ‘privataria’ se igualam na estupidez reducionista. São ofensas desqualificadoras que nada acrescentam ao debate”, diz a jornalista.

Dizendo-se alvo dos dois lados, de quem a critica pela esquerda e pela direita, Miriam passou a tratar então de Reinaldo Azevedo. “Recentemente, Suzana Singer foi muito feliz ao definir como um ‘rottweiler’ o recém-contratado pela Folha de S. Paulo (…) ele já rosnou para mim várias vezes, depois se cansou como fazem os que ladram atrás das caravanas”.

Miriam resgatou ainda um texto revelador, em que Reinaldo cobrava dela um pedido de desculpas ao senador Demóstenes Torres (leia aqui).

Depois de tratar de Reinaldo, Miriam saltou para Rodrigo Constantino, o mais caricato personagem da nova direita brasileira, que, segundo a jornalista do Globo, produz “indigências mentais”. Miriam se refere à resposta agressiva que recebeu quando defendeu a nomeação de Janet Yellen para o Federal Reserve, o banco central americano. “O que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?”, perguntou Constantino em Veja (leia aqui).

Miriam conclui seu texto afirmando que tais tipos de desqualificação são apenas “lixo”. Nada mais.

Leia, abaixo, seu artigo:

Miséria do debate – MIRIAM LEITÃO

O Brasil não está ficando burro. Mas parece, pela indigência de certos debatedores que transformaram a ofensa e as agressões espetaculosas em argumentos. Por falta de argumentos. Esses seres surgem na suposta esquerda, muito bem patrocinada pelos anúncios de estatais, ou na direita hidrófoba que ganha cada vez mais espaço nos grandes jornais.

É tão falso achar que todo o mal está no PT quanto o pensamento que demoniza o PSDB. O PT tem defeitos que ficaram mais evidentes depois de dez anos de poder, mas adotou políticas sociais que ajudam o país a atenuar velhas perversidades. O PSDB não é neoliberal, basta entender o que a expressão significa para concluir isso.

A ele, o Brasil deve a estabilização e conquistas institucionais inegáveis. A privatização teve defeitos pontuais, mas, no geral, permitiu progressos consideráveis no país e é uma política vencedora, tanto que continuou sendo usada pelo governo petista. O PT não se resume ao mensalão, ainda que as tramas de alguns de seus dirigentes tenham que ser punidas para haver alguma chance na luta contra a corrupção. Um dos grandes ganhos do governo do Partido dos Trabalhadores foi mirar no ataque à pobreza e à pobreza extrema.

Os epítetos “petralhas” e “privataria” se igualam na estupidez reducionista. São ofensas desqualificadoras que nada acrescentam ao debate. São maniqueísmos que não veem nuances e complexidades. São emburrecedores, mas rendem aos seus inventores a notoriedade que buscam. Ou algo bem mais sonante. Tenho sido alvo dos dois lados e, em geral, eu os ignoro por dois motivos: o que dizem não é instigante o suficiente para merecer resposta e acho que jornalismo é aquilo que a gente faz para os leitores, ouvintes, telespectadores e não para o outro jornalista. Ou protojornalista. Desta vez, abrirei uma exceção, apenas para ilustrar nossa conversa.

Recentemente, Suzana Singer foi muito feliz ao definir como “rottweiller” um recém-contratado pela “Folha de S.Paulo” para escrever uma coluna semanal. A ombudsman usou essa expressão forte porque o jornalista em questão escolheu esse estilo. Ele já rosnou para mim várias vezes, depois se cansou, como fazem os que ladram atrás das caravanas.

Certa vez, escreveu uma coluna em que concluía: “Desculpe-se com o senador, Miriam”. O senador ao qual eu devia um pedido de desculpas, na opinião dele, era Demóstenes Torres. Não costumo ler indigências mentais, porque há sempre muita leitura relevante para escolher, mas outro dia uma amiga me enviou o texto de um desses articulistas que buscam a fama. Ele escreveu contra uma coluna em que eu comemorava o fato de que, um século depois de criado, o Fed terá uma mulher no comando.

Além de exibir um constrangedor desconhecimento do pensamento econômico contemporâneo, ele escreveu uma grosseria: “O que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?” Mostrou que nada tem na cabeça. Não acho que sou importante a ponto de ser tema de artigos. Cito esses casos apenas para ilustrar o que me incomoda: o debate tem emburrecido no Brasil. Bom é quando os jornalistas divergem e ficam no campo das ideias: com dados, fatos e argumentos.

Isso ajuda o leitor a pensar, escolher, refutar, acrescentar, formar seu próprio pensamento, que pode ser equidistante dos dois lados. O que tem feito falta no Brasil é a contundência culta e a ironia fina. Uma boa polêmica sempre enriquece o debate. Mas pensamentos rasteiros, argumentos desqualificadores, ofensas pessoais, de nada servem. São lixo, mas muito rentável para quem o produz.

Redação

Redação

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  • Rottweiler, Dobermann e o Pit Bull

    A Dobermann falando dos Rottweiler.

    Se “Os epítetos ‘petralha’ e ‘privataria’ se igualam na estupidez reducionista. São ofensas desqualificadoras que nada acrescentam ao debate”, como diz a jornalista.", igualmente nada acrescenta ao debate a conhecida urubologia da jornalista Miriam Leitão.

    Quem serão os Pit Bull?

    • Discordo, Assis. Misturar

      Discordo, Assis. Misturar alhos com bugalhos não é correto.

      De há muito sou crítico da Miriam Leitão em função das suas análises - para mim - tendenciosas e direcionadas. Entretanto, em nada ela se compara ao duo em questão. Duo que transforma em trio: Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino  e Olavo de Carvalho. 

      Ademais, a crítica que se faz a eles, penso da minha parte, não é por defenderem pontos de vista da Direita ou até mesmo reacionários. Isso é uma prerrogativa deles. O que se sobreleva é a maneira, o como e o quanto eles extrapolam dela para agridirem, depreciarem, humilharem quem ouse atravessar seus caminhos. 

      Sem falar que os três para mim  são embusteiros em termos intelectuais. 

      • Por isso ela não é uma

        Por isso ela não é uma Rottweiler. Para você entender, muitos a chamam de urubóloga, e o motivo é conhecido por todos. Prefiro chamá-la de Dobermann já que não é um ser "que avoa" e que tem os pés bem no chão, ainda que jogue, ou tente, descontruir cada uma das medidas econômicas do governo.  Enquanto ela diz que; "Os epítetos ‘petralha’ e ‘privataria’ se igualam na estupidez reducionista. São ofensas desqualificadoras que nada acrescentam ao debate”, o qual concordo, mais acrescentando que o pessimismo dela em relação às ações econômicas do governo são igualmente informações desqualificadoras que nada acrescentam ao debate, ou mais claramente, desinformação.

    • O debate tem de ser entre idéias e não entre pessoas

      De fato Assis nesta eu acompanho o Costa. Eu também sempre fui crítico à Sra. Mirian Leitão. Mas o que ele fala deve ser caro a todos os democratas: ela é contra a fulanização da crítica, é contra o esgoto ou advejitvação do debate.

      • Rosan

        As previsão apocalípticas de Miriam Leitão, como por exemplo, a do apagão de energia no ano passado, são muito mais nefastas para o país do que os latidos dos Rottweiler que ela menciona.

      • Bem Assi, se você olhar

        Bem Assi, se você olhar apenas pelo conteúdo das idéias dela (previsões apocalipticas etc) eu não tenho como te contestar. Na forma eu acompanho o JB Costa. Houve um pergunta de outro comentarista que achei muito inteligente: O que está por tras do aritgo dela? (fazendo ilação de concorrência interna no PIG).

  •  "Bom é quando os jornalistas

     "Bom é quando os jornalistas divergem e ficam no campo das ideias: com dados, fatos e argumentos".

     

    No caso dela, dado manipulados, fatos distorcidos e argumentos falaciosos.

     

    Deve ser triste ser piguento...

  • Miriam piscou pro outro lado,

    Miriam piscou pro outro lado, justamente aquele que mais a agride (o Assis acabou de chamá-la de "doberman"). Patético. Escolha dela.

  • Não é a Miriam. É a Globo.

    Miriam Leitão recua, pois a Globo está recuando. É preciso agora investigar os MOTIVOS desse recuo da emissora (o da jornalista é consequência). Duas hipóteses que não são excludentes: (i) A Globo percebeu a mudança ocorrida na base da sociedade, que deslocou o espectro ideológico claramente para a esquerda. O lugar ocupado hoje pelos black blocks antes estava vazio. As manifestações "pacíficas" (como eles gostam de dizer) frenquentemente envolvem boa parte da população, e a agenda social do governo Lula está consolidada a ponto de ser encampada (da boca para fora, pelo menos) pela própria campanha de Aécio Neves. (ii) A Globo pode ter entrado num acordo com o governo Dilma no sentido de barrar a contaminação da Ley de Medios, vitoriosa na Argentina, e também no sentido de "domar" as reformas introduzidas pelo Marco Civil da Internet, evitando que elas contaminem aquilo que realmente lhe interessa: a legislação sobre direitos autorais. Duas figuras do PT são fundamentais nesse arreglo todo: Paulo Bernardo e o deputado Alessandro Molon, do Rio de Janeiro. Para maiores detalhes sobre este último, consultar meu post de ontem sobre o Marco Civil.

    • A Globo sempre sentou no colo

      A Globo sempre sentou no colo dos governos de turno, desde os tempos do regime militar, só se levantando (no caso do governo Collor) pouco antes da cadeira quebrar, para que não caíssem os dois. Não pôde se sentar confortavelmente no colo do governo Lula por razões óbvias: Lula mal disfarçadamente odeia a Globo. Há tempos vem sondando a Dilma, pra saber se o colinho dela é confortável. E parece que pode ser.

      A Globo depende de concessões públicas para tocar seu negócio, não sabe por quanto tempo mais o PT vai ficar no poder (por mais cinco anos, parece quase certo), então tem que investir na distensão com o partido que, ao que parece, vai dominar boa parte da política nacional pelas próximas décadas. A Globo sabe -- e só é a Globo porque sabe -- que o poder real é o poder político.

    • Não consigo detectar qualquer

      Não consigo detectar qualquer recuo da Globo. No programa Fatos e Versões deste sabado, foi tanta paulada no governo que chegou a saturar. Overdose de pancada. Até a falencia de Eike Batista entrou na conta do governo. E a cara de pau é tanta, que chagam a criticar o governo por não ter ajudado mais as empresas do Eike.Se ajudar criticam, se não ajudar tambem criticam. Foi um terror. O Brasill esta abeira do caos e da insolvencia ... Por fim, para coroar tudo, colocaram o Bolsa Familia da conta do PSDB//FHC. Ai o telespectador quase cai da cadeira ...

      • lerdeza

        Nesse episódio do Eike Batista o que fica patente é a lerdeza do BNDES e do governo em expor as razões dos empréstimos. Não digo nem justificar, defender; mas ao menos expor. Apanham por semanas persistenemente e depois, muito depois de boa parte dos interessados na questão já estarem com opiniões consolidadas é que publicam um artigozinho aqui outro lá, Ah!

  • No caso da Miriam Leitão, não

    No caso da Miriam Leitão, não ha nada de muito novo no front. Continua defendendo o PSDB de seus atos e o PT tem que pagar por seu mensalão. Ainda que fale em complexidades e nuances. 

    Ok, o debate esta abaixo da cintura com RA e alguns outros ? Sempre foi assim, essa meia-duzia tem agido de forma truculenta ha tempo contra o PT, contra jornalistas que se opõem à esse tipo de imprensa e à esquerda em geral. Mas é bom que se manifestem. Antes tarde que nunca. 

    • O Inimigo agora é outro

      A Miriam atira no Reinaldo Azevedo, mas seu alvo é o Rodrigo Constantino que ganhou coluna no globo.


      Ela quer delimitar o espaço dela e impedir o avanço do novato...

      • É uma possibilidade que não

        É uma possibilidade que não dá para descartar. Considerando que ela já tem uma imagem desgastada, enquanto ele é o "novo", poderia com o tempo tomar o espaço dela na área econômica num processo de renovação da Globo.

      • Faz sentido

        Magnoli, Olavo de Carvalho, Vila faziam a mesmíssima coisa, só que com a mfantasia de "acadêmicos". RA é "jornalist"a e Constantino e "economista". O mesmo campo que ela busca ocupar.

  • "Como vocês podem ver neste

    "Como vocês podem ver neste gráfico, o nível dos argumentos do Reinaldo Azevedo vem baixando desde 2003, atingindo neste mês de novembro o nível mais baixo desde o início da série. Por outro lado, o dolar, assim como a inflação, que apresentaram ligeira queda no último trimestre, mostram tendência de aumento preocupante em 2014".

  • Demorou.

    Tá todo mundo tirando o corpo fora. Demoraram tanto pra perceber que a maior e MELHOR parte da população não está "nem aí" pra esses tormantos de guerra fria. Esses extrotskistas que continuam combatendo o Stalin cada vez mais vão ficar falando sozinhos.

    A Miriam Leitão já deve ter percebido - tarde - que ficar fazendo apologia do neoliberalismo encanta cada vez menos. Os demais, que são movidos básicamente por seus acerto de contas com a "esquerda" não tem mais volta. Estão até ganhando promoção (ainda!).

  • tentando entender movimeto da

    tentando entender movimeto da folha

    acho que pergunta a se fazer é, o que leva a folha a contratar varios articulista reconhecidamente de direita?

    ao que parece, vendo o seu fim logo ali na frente, optou em se agarrar ao um setor social definido, o anti petista o direitao reaca, se agarrando ao toco pobre do afogado, a internet diminui a importancia do jornal impresso mundo a fora, no caso da folha especificamente, alem disso, no pos lula principalmente pos 2005 no mensalao, alem problema concorrencia com on line, sofre um desgate quase irreparavel em sua credibilidade, alem de nao perceber que houve um deslocamento social mais a esquerda com sucessivas vitorias petista, com sua oposicaao sistematica ao pt e suas politicas sociais, com apoio partidario ao tucano, entrou na contramao da "massa", seria como se fosse uma montadora de carros, vendo o deslocamentos de carros grandes com grandes consumo para menores, mais baratos e economicos, manter apenas sua linha de carros grandes e centrar em monstrar os pontos negativos dos carros menores, alem de perder mercado efetivamente, ainda tem a ira dos proprietarios dos carros menores.

    em tempo; na juventude, epoca de facu, tanto mirian, demetrio e reinaldo, participaram da libelu, junto com gushiken e o argentino ex marido da marta

  • Jogo empatado

    Gostei do desabafo da Miriam Leitão. Os nomes arrolados certamente são os emblemas, à direita(ou mesmo extrema-direita), dessa nefasta e estéril fase do debate político no Brasil. E a menção que ela faz ao "outro lado" também é pertinente.

    Temos pitbulls(talvez apenas um pouco mais mansos) também pelo lado da esquerda e do progressismo(ou do pseudo progressimo). As vilanias são aparentadas. As baixarias quase no mesmo patamar. 

    Nas redes, por exemplo, o pau rola solto. Não escapa ninguém. 

    Mais preocupado estou não com os "latidos" dessa matilha, e sim, pelo imenso valor que damos a qualquer grunhido deles. O que certamente só faz mesmo é encher ainda mais a bola deles. 

    Respeite o texto entremeados de caracteres vermelhos no qual ele vai dar o troco.

    Tremei Miriam Leitão.

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