Centenário do multimídia Haroldo Barbosa

 

Haroldo Barbosa (21 de março de 1915 – 6 de setembro de 1979)

Considerado o primeiro artista multimídia do Brasil, o carioca Haroldo Barbosa nasceu no bairro de Laranjeiras, e  aos sete anos se mudou para Vila Isabel, onde fez amizade com Noel Rosa e seu irmão Hélio. Estudou no Colégio São Bento e em sua época de estudante já tocava cavaquinho em bailes promovidos em seu bairro.

Haroldo Barbosa começou sua vida no rádio levado por seu irmão, o compositor Evaldo Ruy. Primeiro foi contrarregra do Programa Casé. Saiu-se tão bem, que conquistou a confiança de todos e se transformou num grande profissional do meio e depois da TV, sendo redator de programas de humor.

No rádio, Haroldo seria praticamente tudo: contrarregra, sonoplasta, redator de publicidade, produtor, discotecário, arquivista, locutor auxiliar de Oduvaldo Cozzi em transmissões esportivas e até cantor. Com o pseudônimo de Harold Brown, e imitando Al Jolson, não durou muito em mais esse ofício. Preferiu ser secretário e braço direito de um cantor de verdade, Francisco Alves, então conhecido como o “Rei da Voz”.

Na Rádio Nacional, desempenhou diversas atividades, entre as quais a elaboração do roteiro de O grande teatro, de César Ladeira, tornando-se um dos programas de maior sucesso do rádio na época.

No dia 6 de janeiro de 1943, também na Rádio Nacional, Haroldo Barbosa passou a dirigir o programa Um milhão de melodias, o mais famoso programa musical do rádio brasileiro, sucesso noturno da PRE-8. Começa aí sua carreira de letrista e versionista. Com acesso direto às mais recentes novidades musicais vindas do exterior, passou a fazer versões para que Francisco Alves as cantasse em primeira mão. Dentre suas versões, destacam-se “Trolley song”, “Poinciana”, “Malagueña”, “Adiós, pampa mia”, “Uno amor”. A Orquestra Brasileira de Radamés Gnattali dava um colorido brasileiro aos sucessos estrangeiros.

Em 1948 fez grande sucesso no carnaval com a marcha Barnabé, parceria com Antônio Almeida, gravada na Continental por Emilinha Borba. Composta inicialmente para um número musical a ser apresentado no Cassino da Urca, a marcha foi cantada em dueto por Grande Otelo e Linda Batista em show dirigido por Chianca de Garcia. Com a chegada do carnaval daquele ano e coincidindo com campanha salarial dos funcionários públicos, teve seus versos adaptados, retratando o servidor humilde e sempre endividado.

Haroldo Barbosa era um boêmio vespertino que dividia a mesa de bares do centro do Rio com artistas como Vinicius de Moraes e Ary Barroso. Deste, ganhou uma aposta em 1955: se o seu Fluminense vencesse o Flamengo, o rubro-negro Ary teria que raspar o famoso bigode, o que de fato fez. O visual de Ary sem bigode foi destaque nos principais jornais do Rio de Janeiro, chegando a merecer uma nota na revista americana Time.

Barbosa estreou na televisão em 1957, na TV Rio, como autor dos humorísticos Chico Anysio Show, O riso é o limite e Noites cariocas. Em 1963, atendendo a um pedido de Carlos Manga, passou a trabalhar na TV Excelsior na criação do musical Times Square, em parceria com Max Nunes. A parceria entre os dois redatores, que durou mais de vinte anos, deu tão certo que eles chegaram a montar um escritório para atender às demandas por seus textos humorísticos.

Seus programas na Tupi (Cidade alegre, Favelinha) e na Mayrink Veiga (A cidade se diverte, A Escolinha do Professor Raimundo, Levertimentos, Vai da Valsa) ajudaram a projetar Sérgio Porto e Antônio Maria como roteiristas e revelaram talentos de comediantes como Chico Anísio.

Posteriormente, passou a trabalhar como produtor de programas humorísticos, atuando ao lado de Max Nunes, seu parceiro nesse tipo de programa desde o tempo da Rádio Nacional, mas nunca faltaria tempo para exercer sua paixão, o turfe, no Hipódromo da Gávea.

Foi parceiro de vários compositores, entre eles o compositor do romantismo: Chopin!! Haroldo escreveu letra para a conhecida “Polonaise n. 6, opus 53”

[video:https://www.youtube.com/watch?v=jlN_7vr_ajo

Suas composições foram gravadas por grandes nomes da Música Popular Brasileira, como Elizeth Cardoso, Dóris Monteiro, Aracy de Almeida, Cauby Peixoto, Angela Maria, Miltinho, João Gilberto, Lucio Alves, Jorge Veiga, Gal costa e Nora Ney, entre outros.

Elizeth Cardoso foi a lançadora de quase todas as canções românticas. Por ser cantora sob medida para elas – e pela amizade que tinha com Haroldo desde o tempo em que Evaldo Ruy era apaixonado por ela. Barbosa jamais se refez da perda do irmão (alcoólatra como o pai de ambos, Evaldo suicidou-se em 1954).

Haroldo Barbosa morreu em decorrência de um câncer. Em seus 64 anos de vida desdobrou-se em muitos: radialista, jornalista, humorista, turfista, boêmio e várias outras coisas, entre elas compositor

A “Coleção Particular Haroldo Barbosa” foi  doada ao Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro por sua filha, a dramaturga e escritora Maria Carmen Barbosa.  Abrange o período em que ele atuou como redator de programas humorísticos para as rádios Mayrink Veiga, Tupi, Nacional e a TV Globo. O acervo é constituído em sua maioria por roteiros de programas humorísticos criados para a rádio e televisão. Constam ainda partituras impressas de sua autoria, ‘jingles’, adaptações e versões, fotografias e documentos pessoais, recortes de jornal, catálogos de programas de rádio (cópias) e revistas sobre o Carnaval.

Fontes:

Os anos dourados de Haroldo, por João Máximo

Autor de rádio, TV e sambas-canção, Haroldo Barbosa mereceria todas as homenagens no centenário, por João Máximo

Entre bares e sambas, por João Máximo

Haroldo Barbosa

Haroldo Barbosa 

Haroldo Barbosa no Dicionário Cravo Albin

Haroldo Barbosa, um homem midiático, por Eduardo Weber

Um homem em muitas versões, por João Máximo

Letras de Haroldo Barbosa  

Obra de Haroldo Barbosa

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Redação

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