Financial Times: As falhas de Jair Bolsonaro vão muito além da pandemia

Diz que Bolsonaro minimizou a pandemia chamando-a de ‘gripezinha’, sua prevaricação sobre as vacinas, sua oposição ao isolamento e a promoção obstinada de remédios duvidosos são combustível farto para os críticos.

Agência Brasil

Jornal GGN – Editorial publicado no Financial Times retrata um Jair já conhecido. O jornal aponta que existem poucos presidentes em exercício com tantos problemas jurídicos quanto ele, líder da extrema direita do Brasil. Cita a CPI da Covid, que recomendou que os promotores o acusem de nove crimes, incluindo crimes contra a humanidade.

O jornal fala dos mais de 600 mil brasileiros que morreram de Covid-19 e o presidente facilitou para ser apontado como culpado por essa tragédia. Diz que Bolsonaro minimizou a pandemia chamando-a de ‘gripezinha’, sua prevaricação sobre as vacinas, sua oposição ao isolamento e a promoção obstinada de remédios duvidosos são combustível farto para os críticos.

Bolsonaro tentou transformar a CPI em uma ‘piada’, mas sua reputação sofreu danos irreparáveis. Foram seis meses de depoimentos sobre a incompetência do governo na pandemia, ao vivo, reduzindo seu índice de aprovação.

Para o FT este é apenas o começo dos problemas de Jair diante da tentativa de reeleição em outubro do próximo ano. O aliado de Trump também é alvo de mais de 100 pedidos de impeachment no Congresso brasileiro.

O jornal aponta, ainda, as investigações do STF contra Bolsonaro e seus filhos por espalhar notícias falsas deliberadamente. Além disso, ativistas ambientais querem que o Tribunal Penal Internacional o investigue por crimes contra a humanidade por seu suposto papel na destruição da floresta amazônica.

E, diz o jornal, independentemente de seus méritos, poucos desses casos têm chance de prosperar. Cita Augusto Aras, o procurador-geral da República, como o homem que será responsável por acusar ou não Jair Bolsonaro pela condução errática da pandemia. E ele foi nomeado pelo presidente. Além dele, o jornal fala do presidente da Câmara, Arthur Lira, que vai convenientemente engavetando todos os pedidos de impeachment. Diz mais, que o STF reluta em provocar uma crise constitucional, levando um presidente em exercício a julgamento.

Para o jornal, o maior problema no caminho de uma reeleição de Bolsonaro é o aspecto econômico, e não legal. Aponta a queda dos mercados brasileiros pelo medo do auxílio emergencial aos mais pobres. Coloca o auxílio como a farra de gastos pré-eleitorais e Paulo Guedes persuadido a desembolsar os bilhões extras necessários. Como jornal que retrata os interesses econômicos, o FT entende que Guedes pode vir a se arrepender desta indisciplina fiscal que, além da inflação, fez com que o Banco Central aumentasse as taxas de juros em 5,75 pontos percentuais desde março, tornando-o o mais agressivo do mundo.

O FT diz que a recuperação econômica do Brasil está vacilando, com analistas prevendo um crescimento negativo para o próximo ano. O mercado de ações tem sua pior performance desde 2014, com real fraco e o risco do país em alta.

Ainda na sua linha, o FT diz que Bolsonaro foi eleito pois os eleitores queriam mudanças depois de 13 anos de esquerda no poder finalizando com uma grave crise econômica. Diz que alguns eleitores estavam dispostos até a ignorar a homofobia, a obsessão por armas e generais e suas sombrias credenciais ambientais na esperança da prosperidade.

Mas o que se viu nesta entrada ao último ano de mandato, Bolsonaro se mostrou incapaz de administrar a economia ou a pandemia, e a maior nação da América Latina está pagando um preço alto. Para o Brasil, as eleições de 2022 podem não vir com a rapidez necessária.

https://www.ft.com/content/4733957d-b1a2-4ef1-90dc-bb394f77997d

Redação

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