Rosa Weber suspende ação de juízes contra jornalistas no Paraná

Jornal GGN – Rosa Weber, ministra do Supremo Tribunal Federal, decidiu pela suspensão do andamento das ações por danos morais movidas por juízes e promotores do Paraná contra jornalista da Gazeta do Povo. Os processos foram motivados por um reportagem que abordava os salários acima do teto constitucional para magistrados e membros do Ministério Público paranaense.

As ações, que obrigaram os profissionais a participar de 25 audiências na Justiça e a percorrer mais de 9 mil quilômetros, foram consideradas uma ação orquestrada pelo jornal e criticados por entidades de imprensa. Leonardo Mendes Júniro, diretor de redação do jornal, disse que agora os profissionais “finalmente volta a ter uma rotina normal de trabalho, de vida”. 

No total, foram 48 ações individuais de dano moral em 19 cidades do Paraná, e, as indenizações pedidas somam R$ 1,5 milhão. A decisão da ministra reconsidera um despacho de maio, quando ela negou a suspensão dos processos. Os advogados da Gazeta do Povo alegaram que nenhum juiz do Paraná era isento para julgar a causa.

Da Folha

STF suspende enxurrada de ações contra jornalistas do Paraná

Depois de percorrerem 9.000 quilômetros e participarem de 25 audiências na Justiça, jornalistas da “Gazeta do Povo”, do Paraná, conseguiram suspender o andamento das ações por danos moraismovidas por dezenas de juízes e promotores do Estado contra eles.

A decisão de paralisar os processos, considerados uma “ação orquestrada” pelo jornal e criticados por entidades de imprensa, foi dada pela ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), na noite desta quinta (30).

“É uma vitória. Nossos cinco profissionais finalmente voltam a ter uma rotina normal de trabalho, de vida”, afirma o diretor de redação da Gazeta do Povo, Leonardo Mendes Júnior.

Os magistrados e promotores afirmam terem sido ofendidos por uma reportagem sobre os “supersalários” da categoria, publicada em fevereiro. Na avaliação dos autores, a matéria foi “tendenciosa” e “irresponsável”, já que sugeriu que a categoria cometia irregularidades.

O jornal usou dados públicos para mostrar que, na soma, a remuneração de juízes e promotores ultrapassava o teto constitucional. A categoria argumenta, porém, que férias, 13° e outros benefícios não se somam ao teto.

Eles entraram com 48 ações individuais de dano moral em 19 cidades do Paraná –num caso que lembra a enxurrada de processos de fiéis da Igreja Universal contra a repórter Elvira Lobato, da Folha, em 2008.

“Os juízes têm total direito constitucional de entrar com as demandas, embora eu não concorde com o mérito delas. O problema é o abuso desse direito, numa ação orquestrada para tentar intimidar os jornalistas. A ministra Rosa Weber mostrou uma vez mais a isenção e a imparcialidade do STF em matéria dessa natureza, que envolve a liberdade de expressão”, diz o advogado Alexandre Kruel Jobim, que representa a Gazeta do Povo e seus jornalistas.

Os cinco repórteres que produziram o material tiveram que viajar por dias a fio, numa van, para comparecerem às audiências, sob pena de responderem à revelia, o que acabou inviabilizando seu trabalho por semanas.

As indenizações pedidas somam R$ 1,5 milhão.

FUNDAMENTOS

A decisão desta quinta reconsidera um despacho do final de maio, quando a ministra havia negado a suspensão dos processos.

A defesa da Gazeta do Povo argumentava que nenhum juiz do Paraná seria isento para julgar a causa –26 deles já haviam se declarado impedidos nas ações, muitos porque também haviam entrado com pedidos de indenização.

Na época, Weber entendeu que não havia discussão de interesse da magistratura, e sim de direitos fundamentais da personalidade de cada autor.

Agora, a ministra reviu a decisão e decidiu suspender o trâmite dos processos até o julgamento do mérito da ação no STF.

A ANJ (Associação Nacional de Jornais) comemorou a decisão da ministra e afirmou que “em hipótese alguma questiona o direito constitucional de todo cidadão de recorrer à Justiça em defesa de seus direitos, mas entende que as ações propostas coordenadamente por magistrados e integrantes do Ministério Público buscavam intimidar a ‘Gazeta do Povo’ e a imprensa brasileira de um modo geral”.

“Diante da decisão da ministra Rosa Weber, a ANJ confia que, ao julgar o mérito da reclamação da ‘Gazeta do Povo’, o Supremo Tribunal Federal decidirá com a isenção, reconhecendo o primado da liberdade de expressão tal como assegurado pela Constituição Federal.”

DIREITO DE AÇÃO

A Amapar (Associação dos Magistrados do Paraná) defende que os juízes e promotores que se sentiram ofendidos exerceram seu “direito de ação”, previsto na Constituição.

“A imprensa deve ser livre, mas, se abuso houver, ele deve ser reparado”, informou, em nota.

Para a associação, a Gazeta do Povo “extrapolou o direito à liberdade de expressão” e prestou um “desserviço” à sociedade ao sugerir que a categoria havia cometido irregularidades ao receber seu salário.

O jornal afirma que seu objetivo era “expor e debater o sentido do teto constitucional”.

A Amapar, por sua vez, nega ter articulado uma reação coordenada, embora tenha oferecido assistência jurídica a quem se sentisse ofendido. 

 

Redação

Redação

View Comments

  • Sintomas de uma justiça absurda

    Os juízes, que deveriam ser o exemplo e modelo de respeito à democracia, comportam-se como ditadores, tentando calar através da judicialização qualquer voz que os critique.

    Nossa justiça (letra minúscula proposital) é a mais cara do mundo. Como se comporta de forma arbitrária e seletiva, merece a designação de a pior justiça do mundo.

  • Frau Weber só voltou atrás

    Frau Weber só voltou atrás dada a repercussão do caso. Do contrário, falaria mais alto o espírito de corpo do Judiciário.

    • tiro n´água...
      Esta foi, com certeza o maior erro do "DEDO PODRE" petista no STF....
      O Fachin continua em observação !!

      • José, nesse caso, não sei se podemos contar 1 acerto sequer!

        cada dia que passa, um dos indicados do pt se mostra mais baixo que o outro

  • Categoria?

    Isso não é uma categoria profissional. É uma mafia de toga, agindo em causa propria. Os ganhos pecuniários do judiciário são imorais, e devem ser reveledos.  

    • categoria?...

      Onde está o fundo do poço na Terra da Aberração? Aqui se usa do cargo público para calar e criminalizar a sociedade enquanto se extorque e se rouba o Estado. Quando descobertos se faz acordo e devolve-se apenas uma parte do roubo. Aqui juízes usam do cargo para intimidar, censurar e coagir outra categoria profisisonal, neste caso a imprensa. E ao invés destes juízes serem processados, terem seus cargos anulados e serem presos pelo uso da profissão e do Estado para fins de abuso de poder, simplesmente se suspende a pratica da ação criminosa. Vai parar aonde terra do atraso, do analfabetismo, dos milhares de assassinatos, das doenças medievais?!!

  • Alguém poderia republicar aqui a listagem dos supersalários?
    Seria bom para guardar e divulgar tal descalabro público..

  • Alguém poderia republicar aqui a listagem dos supersalários?
    Seria bom para guardar e divulgar tal descalabro público..

  • Globo

    Foi só a Globo comprar a briga dos jornalistas paranaenses que a Ministra arregou.

    Não me interpretem mal, a atitude dela foi correta...mas só foi tomada após a grande mídia se posicionar. Antes, o posicionamento dela era oposto ao de agora.

     

    • Isso Mauro, esse é o ponto. E

      Isso Mauro, esse é o ponto. E a globo comprou a briga porque a Gazeta do Povo faz parte da RPC que é globo. É o maldito círculo viciado. É errada a atitude da juizada? É. Mas fez poeira justamente por ser da outra famiglia!

  • Não ha o que comemorar,

    Não ha o que comemorar, Talvez se dna. Rosa entendesse  que os juízes querelantes merecem reprimendas legais para litigantes de má fé.

  • Alguem tem essa matéria do

    Alguem tem essa matéria do jornal gazeta do povo ? Poderiamos compartlhar nas redes sociais e chamar a atenção do povo inerte a essa casta que está sendo criada no Brasil.

    • Boa Pedida

      Josimar: essa foi uma feliz pedida. Espero que alguem do Nassif atenda. É sempre bom consultarmos a outra face da moeda, para não defendermos falsas bandeiras. É por isto que, conhecendo o histórico da prolatora, estou recebendo com reserva essa da ministra... E não esqueça que a medida foi somente “liminar”.

  • Isto não basta. Os juízes
    Isto não basta. Os juízes nóias que aterrorizaram os jornalistas abusando de seus cargos devem ser punidos com rigor.

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